Gaudium news > Nesta Quaresma, o que fazer?

Nesta Quaresma, o que fazer?

Neste início de Quaresma, esforcemo-nos em nos aproximar mais da Santa Mãe de Deus, pois se nos colocarmos sob a proteção de seu manto, não seremos vencidos pelos ataques do demônio.

Tentacao de Cristo 768x581 1

 Redação (26/02/2023 14:47, Gaudium Press) Toda preparação se faz em vista de um fim: ninguém escala o Everest sem ter feito antes um bom preparo físico e estudado bem as condições e os meios que se devem ter para tal empresa. É uma coisa óbvia.

Ora, o que vem a ser a Páscoa? Muito longe de recriminar os doces, as festas etc., é necessário dizer, entretanto, que nem de longe estas coisas são o mais importante. Nessa data, comemoramos nada menos do que o acontecimento mais importante de toda a História da humanidade: a Redenção. Na Quinta-Feira Santa, assistiremos à instituição da Sagrada Eucaristia. Na Sexta-Feira Santa, contemplaremos a morte de Nosso Senhor e já, no Sábado Santo, celebraremos a sua Ressurreição.

Pois bem: hoje, primeiro domingo da Quaresma, a Igreja nos mostra como deve ser essa preparação.

Exemplo supremo de vitória sobre as tentações

A primeira providência que a Igreja nos pede nesta Quaresma é que abandonemos o pecado.

Mas como fazê-lo? Ciente de nossa debilidade, ela nos apresenta hoje o exemplo por excelência: o próprio Nosso Senhor.

Naquele tempo, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo (Mt 4,1).

Em seguida, o Evangelho nos narra as três tentações que sofreu Jesus nesses quarenta dias que passou no deserto:

1) Transformar as pedras em pães;

2) Atirar-se do alto do templo;

3) Adorar o demônio, tendo como “prêmio” o domínio sobre todos os reinos do mundo (Mt 4,3-9) – como se Deus precisasse de algo além de toda a criação para governar.

Em todas essas tentações, o demônio servia-se de passagens da Escritura para tentar conduzir Nosso Senhor ao pecado. Tudo em vão: Ele também as utilizava, e com muito mais propriedade. As palavras “pois assim está escrito”, Jesus as repetirá para vencer às três referidas tentações.

Primeira lição para nós: quem não quer cair em pecado, deve ter bem claro a noção de verdade e de erro. Para isso, temos instrumentos tão infalíveis: a Revelação contida nas Escrituras e o Magistério da Igreja.

Em segundo lugar, é indispensável fugir das ocasiões de pecado. Temos na primeira leitura um exemplo de como não devemos proceder. Deus tinha proibido que nossos primeiros pais, Adão e Eva, comessem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. O que deveriam ter feito eles: nem sequer olhar para a árvore, passar bem longe dela. Pois bem, Eva, deixando-se enganar pela serpente, “viu que seria bom comer da árvore” (Gn 3,6). Quando não fugimos das ocasiões que nos levam ao pecado, acabamos por julgar como bom o que é mal, e vice-versa. Depois disso, o pecado é apenas consequência.

Em terceiro lugar, devemos rezar. Se não tivermos sido negligentes em praticar os dois pontos anteriores, mas mantivermos a firme resolução de não mais pecar, é impossível que Deus não nos ajude a vencer a tentação. Quem se aproxima d’Ele e de sua Santíssima Mãe, não cairá.

Com Maria, não cairemos

Um fato que bem ilustra a importância da oração, deu-se durante a Primeira Guerra mundial. Havia um soldado belga que, antes de pegar em armas, era franciscano: Edouard Lekeux, em religião, Fr. Martial Lekeux.

Seu regimento estava num lugar chamado Oud-Stuivekenskerke e lutava sob o pesado bombardeio alemão. Ele e seus companheiros se refugiavam numa modesta caserna. Fazia frio, continuamente ouvia-se o estrondoso som dos mortíferos obuses inimigos, cuja luz era a única que iluminava aquela noite sombria.

De repente, a casa inteira tremeu. Sem dúvida, era o impacto de algum projétil. Fez-se um suspense, eles aguardavam alguma explosão que lhes fizesse descobrir o que se passara, mas só lograram obter como resposta o silêncio.

No dia seguinte, quando despontava a aurora, o monge-soldado foi verificar o que tinha acontecido. Perto de seu quarto, do lado de fora, havia, de fato, caído um grande projétil. Inclusive a ameaçadora cabeça deste, intacta, ainda estava lá, mas jazia a dez centímetros duma imagem de Nossa Senhora que ficara em pé sobre os escombros. Ela fitava, sorrindo, o terrível “monstro” que lhe caíra aos pés.

O soldado Lekeux pôs-se de joelhos e rezou a Salve Rainha. Tomou a providência de lançar a bala na água e levou consigo a imagem da virgem – uma bela Nossa Senhora das Vitórias – que tinha permanecido intacta por milagre, e colocou-a em seu quarto. Sem dúvida, foi Maria quem os salvou da morte que lhes fizera uma visita naquela noite.[1]

Neste início de Quaresma, esforcemo-nos em nos aproximar mais da Santa Mãe de Deus, pois se nos colocarmos sob o seu manto, não seremos vencidos pelos ataques do demônio. Mesmo que em torno de nós tudo se desfaça em escombros pela violência do inimigo, permaneceremos de pé ao lado da Santíssima Virgem.

Por Lucas Rezende


[1] LEKEUX, Martial. Mes cloîtres dans la tempête. Bruxelas: De Schorre, 2013, p. 123; 132. (Tradução pessoal)

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas