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Controle da liberdade de expressão na Rússia: sacerdote ortodoxo preso

Na última sexta-feira, a Duma aprovou uma lei forte contra as “fake news”.  

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Redação (11/03/2022 15:56, Gaudium Press) Com o passar dos dias, vai se tornando claro que a mão de ferro stalinista está se impondo na antiga Rússia dos czares.

Ontem a Gaudium Press noticiou as declarações de um professor católico russo de que os sacerdotes católicos na Rússia tinham medo de falar contra a guerra de agressão à Ucrânia. “Estamos de volta a uma situação muito parecida com a União Soviética ateia, quando um sacerdote tinha de ligar o rádio ou a TV para não ser ouvido pelos serviços especiais. Os sacerdotes não querem prejudicar a comunidade católica ou serem presos e suas igrejas fechadas”.

É claro que o temor dos católicos na Rússia não surge de uma atitude excessivamente cautelosa ou sensível, mas se baseia em fatos, por exemplo, quando milhares de manifestantes foram presos nesses dias por protestar contra a guerra. E também em relação a outras medidas que as autoridades têm tomado nestes dias.

sacerdote ortodoxo presoDiversos meios de comunicação em várias partes do planeta noticiaram a prisão do sacerdote ortodoxo Ioann Burdin, depois de condenar a invasão russa em um sermão de domingo. Burdin oficiava na Igreja da Ressurreição na região de Kostroma. Com a prisão, todos ficaram notificados, caso faltasse aviso.

De acordo com um relatório da polícia, citado pelo site Media Zona, Burdin “cometeu uma ofensa pública destinada a desacreditar as forças armadas russas que estão conduzindo uma operação militar especial”.

O sacerdote ortodoxo havia dito no sermão do domingo anterior à Quarta-feira de Cinzas que “tropas russas na Ucrânia bombardeiam as cidades ucranianas de Kiev, Odessa, Kharkiv e matam cidadãos da Ucrânia – irmãos e irmãs em Cristo”.

O sacerdote também tinha postado um link para um abaixo-assinado antiguerra no site de sua paróquia que dizia: “Nós, cristãos, não podemos ficar de braços cruzados quando um irmão mata um irmão, um cristão mata um cristão”. “Não vamos repetir os crimes daqueles que saudaram as façanhas de Hitler em 1º de setembro de 1939.”

O controle da liberdade de expressão

A prisão do sacerdote também faz parte do já total controle que as autoridades russas têm sobre a mídia em seu país. Controle que chega até em minúcias, como impedir o uso da palavra ‘guerra’ na Ucrânia, mas dizer ‘conflito’, ou ‘operação militar’ ou ‘operações militares especiais’.

O controle do discurso midiático já conta com uma benção legislativa, com fortes repercussões penais. Na última sexta-feira, a Duma aprovou uma lei que criminaliza a propagação de “fake news” a respeito do exército russo, com penas que podem chegar até 15 anos de prisão.

A nova lei já teve um efeito cascata, com vários meios de comunicação ocidentais suspendendo suas reportagens da Rússia para proteger seus jornalistas. Outros ocultam as assinaturas para proteger suas identidades. E meios de comunicação não governamentais russos também suspenderam as transmissões.

O regulador de comunicações da Rússia, Roskomnadzor, já advertiu a TV Rain e Ekho Moskvy, bem como InoSMI, Mediazona, The New Times, Svobodnaya Pressa, Krym.Realii, Novaya Gazeta, Zhurnalist e Lenizdat.

 

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