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O regresso da União Soviética ateia

“Os sacerdotes podem ser presos se usarem palavras erradas nas homilias”.

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Redação (10/03/2022 16:57, Gaudium Press) Em uma entrevista ao site de notícias católicas, Catholic News Service, um professor russo católico, que pediu para não ser identificado, declarou que o clero russo teme ser preso se questionar a guerra contra a Ucrânia e alertou que a Igreja agora enfrenta uma “nova era de silêncio”.

“Orações por um cessar-fogo imediato estão sendo feitas nas paróquias, mas os sacerdotes não podem mais falar publicamente. Estamos de volta a uma situação muito parecida com a União Soviética ateia, quando um sacerdote tinha de ligar o rádio ou a TV para não ser ouvido pelos serviços especiais. Os sacerdotes não querem prejudicar a comunidade católica ou serem presos e suas igrejas fechadas”.

O governo russo proíbe todas as notícias e informações não oficiais. As emendas ao Código Penal, aprovadas em 4 de março pela Duma russa, permitem multas pesadas e até 15 anos de prisão pela “divulgação pública de ‘fake News’ sobre o uso das forças armadas da Rússia”. Diversos meios de comunicação já foram fechados.

O professor explicou que muitos católicos têm amigos e familiares na Ucrânia e estão bem informados sobre os eventos, mas acrescentou que os sacerdotes podem ser presos se usarem palavras erradas nas homilias.

“A maioria dos católicos conhecem o ensinamento social da Igreja para diferenciar entre uma guerra justa e uma guerra agressiva”, afirmou. E muitos deles estão compensando as reticências de seu clero falando claramente.

Ressaltou também que os bispos católicos da Rússia, para não prejudicar e evitar “possíveis perseguições”, proibiram a publicação da mensagem do Papa no Angelus, de 6 de março, na qual ele descreve a ofensiva russa como “não apenas uma operação militar, mas uma guerra semeando a morte”.

 “A esfera pública da Rússia pode facilmente identificar os católicos. É por isso que ninguém está culpando nosso clero por não levantar a voz, como o ensino católico exigiria. As gerações que viveram o comunismo entendem especialmente a necessidade de cautela.”

O professor acrescentou que muitos católicos estão deixando a Rússia para evitar uma temida repressão militar e um possível alistamento militar.

“Muitas pessoas esperam uma nova Cortina de Ferro, fechando nossas fronteiras e cortando nosso acesso ao mundo. Embora a polícia esteja ocupada com outras tarefas agora, em breve eles poderão se voltar contra nós. Nossa igreja agora pode estar enfrentando uma nova era de silêncio”.

 

 

 

 

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