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A santa que esteve no inferno

Perto da experiência, nada é ouvir ou mesmo meditar sobre a diversidade dos tormentos do inferno.

O Inferno detalhe1

“Um dia, estando em oração, achei-me subitamente, ao que me parecia, metida de corpo e alma no inferno. Entendi que queria o Senhor dar-me a ver o lugar que aí me haviam aparelhado os demônios, e eu merecera por meus pecados. Durou um brevíssimo tempo, mas, ainda que vivesse muitos anos, tenho por impossível esquecê-lo. Pareceu-me a entrada um beco bem longo e estreito, semelhante a um forno muito baixo, escuro e apertado. O solo tinha a aparência de água, cheio de répteis venenosos. No fundo, havia uma concavidade aberta numa parede, a modo de armário, onde me vi encerrada estreitissimamente.

O tormento interior é tal que, segundo me parece, não há palavras para bem indicar, nem se pode entender como é realmente. Na alma senti tal fogo, que não tenho capacidade de o descrever. E o pior era ver que havia de ser sem fim e jamais cessar. Em tão pestilencial lugar, sem poder esperar consolo, não se pode sentar, nem se deitar, nem espaço para tal. Por toda parte trevas escuríssimas; não há luz. Fiquei tão aterrada, e ainda agora o estou enquanto isso escrevo, apesar de tê-lo visto há quase seis anos.

Foi esta, repito, uma das maiores mercês que me tem feito o Senhor. Valeu-me muitíssimo, quer para perder o medo das tribulações, quer para me esforçar e dar graças ao Senhor por me ter livrado, ao que me parece, de males tão perpétuos e terríveis.

SANTA TERESA DE ÁVILA. Livro da Vida. São Paulo: Cultor de Livros, 2022, p.289.

 

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