A Igreja não pode viver de Missas virtuais, alerta Arcebispo do Paraguai
“A missão da Igreja, que significa comunidade, está em reunir-se com as pessoas para encontrar-se, sentir-se amados, rezar e celebrar juntos os mistérios de nossa Fé”, ressaltou Dom Edmundo Valenzuela.
Paraguai – Assunção (23/04/2020 10:52, Gaudium Press) O Arcebispo de Assunção (Paraguai), Dom Edmundo Valenzuela, fez um chamado para que se retorne prontamente o culto público e se recupere a dimensão comunitária da Igreja, advertindo que a Igreja não pode viver de Missas virtuais.
Negociações com as autoridades
O prelado informou que está conversando com com as autoridades nacionais para garantir a reabertura dos templos, observando as precauções sanitárias, e dessa forma se possa celebrar os sacramentos em pequenos grupos. “Sem dúvida, será uma grande oferta de cura para muitos cristãos”, ressaltou.
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Paraguai em quarentena
O país foi colocado em quarentena parcial no dia 10 de março, sendo suspensas todas as atividades que geravam algum tipo de aglomeração de pessoas. Por conta do aumento no número de casos de coronavírus, o governo paraguaio declarou quarentena total no país até o dia 26 de abril.
Os apóstolos e o coronavírus
Dom Valenzuela relacionou as condições dos Apóstolos no Evangelho, presos por medo dos judeus, com a situação atual dos fiéis e recordou a mensagem de consolo e esperança que lhes levou Cristo ressuscitado.
“Também nós estamos com as portas fechadas, por medo do contágio. Jesus saúda cada um de nós, deseja-nos a paz, ou seja, todo o bem que procede de Deus e da vida”, destacou. O prelado recordou que ao soprar sobre os Apóstolos o Espírito Santo e lhes dar o poder para perdoar ou reter os pecados, Cristo enviou aos seus discípulos à continuar sua missão e instituiu o Sacramento da Penitência para levar a todo o mundo sua misericórdia.
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A ressurreição de Jesus Cristo e São Tomé
Como o Apóstolo São Tomé, os fiéis de hoje devem descobrir a presença gloriosa de Jesus e reconhecer sua divindade, suscitando a entrega pessoal e a aceitação de sua vontade, como sucedeu ao Apóstolo após deixar sua incredulidade. “A ressurreição de Jesus Cristo inicia uma história de abertura a Deus, de ver nEle, o cumprimento do projeto do Pai, uma nova criação, um novo modo de viver do homem”, comentou o Arcebispo. “É verdade que põem em crise a razão, pois com a lógica humana é simplesmente incompreensível. Faz falta a lógica da Fé, baseada nos testemunhos da ressurreição.
Consequência do isolamento: cultura do descarte
De uma maneira contrária à confiança na misericórdia de Deus, a pandemia e o isolamento suscitaram mudanças negativas na população, alertou Dom Valenzuela. “Se desestabilizou a sociedade, nos consideramos uns aos outro, como um perigo. Nos ocultamos por trás de uma tela, com desconfiança, prevenindo-nos do contágio que poderia vir do que está ao meu lado”, pregou o Arcebispo. Também lamentou que a desconfiança afeta as famílias e promove uma cultura de descarte, em particular aos idosos.
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“Que terrível mal psicológico e social estamos! Demo-nos conta desta situação que está influenciando tremendamente sobre nossa cultura, nossa sociedade e muito fortemente também sobre a mesma Igreja”, advertiu o prelado. “Sem comunidade, nos sentimos distanciados, distantes, virtualmente próximos, mas fisicamente pensamos que o outro é um inimigo, é ameaça à minha saúde individual, um perigo do qual devo cuidar-me. A isso chegamos”.
A força da Igreja para curar
Por estes motivos, fez um chamado ao retorno à celebração pública da Eucaristia. “Mais do que nunca, a Igreja precisa recuperar a experiência da comunidade. Não podemos viver de Missas virtuais”, assegurou o Arcebispo. “A Igreja tem força suficiente para curar como os médicos, eles curam o corpo, mas não basta. A missão da Igreja, que significa comunidade, está em reunir-se com as pessoas para encontrar-se, sentir-se amados, rezar e celebrar juntos os mistérios de nossa Fé”.
Destacando o crescimento na Fé dos primeiros cristãos, Dom Valenzuela recordou que na vivência em comunidade eles encontraram “a fonte da oração, da partilha e da fração do pão ou eucaristia familiar”.
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“Devemos retornar o quanto antes à celebração dos sacramentos, especialmente o da Reconciliação e o da Eucaristia. Devemos retornar o mais rápido possível a essa vida da Igreja”, exortou. “Os sacerdotes e diáconos, os catequistas e ministros extraordinários da Eucaristia são tão trabalhadores como outros trabalhadores. Somos trabalhadores da vinha do Senhor e devemos recuperar nossa missão”. (EPC)
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