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“A existência de Deus concerne e dá sentido a nossa vida”, diz arcebispo de Porto Alegre

Porto Alegre (Sexta-Feira, 18-02-2011, Gaudium Press) Dom Dadeus Grings, arcebispo metropolitano de Porto Alegre, dedica seu mais recente artigo, “A hipótese de Deus”, às variações da força da fé e às diferentes formas de viv?ncia dela por parte da humanidade.

Segundo o prelado, a humanidade, frente à religião, pode ser dividida em quatro categorias: duas envolvem os que creem e duas classificam os que não creem. Ele ressalta que se Deus fosse apenas uma questão teórica, à semelhança de um satélite em torno de Júpiter, o “não” e o “sim” não afetariam nossas vidas; mas Deus existe e isto “concerne nossa vida e lhe dá um sentido muito claro”.

O arcebispo explica que na primeira categoria estão aqueles que creem e investem na sua fé, criam convicções que representam certezas forjadas por sentimentos. “Chamamos essa primeira categoria de religiosos: professam sua religião e vivem o que creem. Como consequência, testemunham sua fé pela alegria, pela paz e pela serenidade”, completa. Já na segunda categoria, segundo Dom Dadeus, se encontram aqueles que creem, mas não investem nada ou quase nada na sua fé. Vivem praticamente como se não cressem ou como de Deus não existisse. “Apenas esporadicamente cedem como que à tentação da tendência religiosa, para algum pensamento, afeto e ato religioso”, diz.

As outras duas categorias dizem respeito àqueles que não creem. Dom Dadeus qualifica a terceira categoria como aqueles que reconhecem sua falta de fé, mas não investem na descrença, assemelhando-se, na prática, à segunda categoria. “Diferenciam-se dela apenas na teoria. A segunda diz mas não faz, e a terceira nem diz nem faz. Vive como se Deus não existisse”, salienta. Por outro lado, a quarta categoria, de acordo com o prelado, afirma categoricamente não crer e investe todos os recursos de sua inteligência e sentimentos nesta descrença. “Chamam-se ateus militantes, que tentam provar que Deus, de fato, não existe”.

Para o arcebispo, os que se encaixam nessa categoria se aborrecem com a crença em Deus e procuram argumentos de todos os matizes filosóficos, históricos, racionais, científicos para refutar a fé. “Mais do que convencer os outros para demovê-los da crença, sentem a necessidade de provar para si mesmos e convencer-se da não-existência de Deus”, reforça Dom Dadeus, que diz ainda ser esta “uma tarefa difícil, pois sem dúvida é mais fácil provar que Deus existe do que tentar provar a sua não-existência”.

Por fim, Dom Dadeus afirma que o ateísmo militante, na verdade, é um anti-teísmo. E que em foros científicos é muito comum ouvir a seguinte pergunta: é possível ser ateu absoluto ou o ateísmo não passa de uma relação com alguma religião concreta que não se quer aceitar? O arcebispo, em outras palavras, questiona: é possível negar a própria existência de Deus ou sua negação tem um sentido apenas relativo a uma crença histórica que se quer refutar? Na verdade, continua o prelado, os ateus militantes ajudam os crentes a purificarem sua fé e aprofundarem o conhecimento de Deus.

“S. Tomás de Aquino deteve-se longamente, em sua “Summa contra Gentiles”, em refutar argumentos que se tinham, em geral, como válidos, para provar a existência de Deus. Suas considerações o levaram a observar que se esmerou na demonstração da inocuidade destes argumentos para mostrar que temos razões mais sólidas para crer”, conclui.

 

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