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“Só se chega ao amor, passando pelo fogo da dor”, afirma arcebispo de Maringá

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“Não é hora de lamentações, mas sim de solidariedade”, diz Dom Anuar sobre a catástrofe das chuvas

Maringá (Sexta-Feira, 28-01-2011, Gaudium Press) Com as trágicas ocorrências das enchentes e chuvas torrenciais ocorridas no Brasil nos últimos tempos, o arcebispo de Maringá, no estado do Paraná, Dom Anuar Battisti, em seu mais recente artigo, intitulado “Nada antes ou depois, tudo a seu tempo”, faz uma reflexão sobre o que se pode fazer diante da perda de tantas pessoas, famílias inteiras destruídas, desaparecidas e sem lar. Como reagir quando catástrofes naturais não marcam dia e nem hora para acontecer e muito menos as consequências?

De acordo com o prelado, de nada adiantam interpretações climáticas, culpar este ou aquele, ou dizer que são sinais do fim dos tempos, quanto menos responsabilizar o Deus Criador, “pois ele fez tudo tão bom”, “viu que tudo era muito bom”. Dom Anuar reflete que estes não serão os primeiros e nem os últimos fenômenos da natureza a assustar a humanidade, pois situações semelhantes já ocorreram em outros lugares do planeta, com intensidade muito mais grave e consequências que levarão anos para serem remediadas.

“Humanos que somos, criados para crescer, multiplicar e aperfeiçoar a terra, resta-nos retomar a missão que Deus nos deixou e não lamentar como alguém que manchou a branca toalha ao derramar uma taça de vinho tinto”, disse o arcebispo.

Dom Anuar acredita que não é hora de lamentações, mas sim de solidariedade, sentir mesmo à distância a dor e o sofrimento alheio e participar com gestos concretos.

Segundo ele, o que realmente importa e faz a diferença nestes momentos de tragédias é ajudarmos com o pouco ou muito que temos na ordem material, acompanhado da prece. “É o momento de somar na busca de gestos concretos para dar às vítimas, irmãos e irmãs brasileiros, que nesta hora necessitam de nosso gesto de amor”, completou.

No que diz respeito à sensibilidade humana, o prelado afirma que nada mais toca o ser humano do que a dor pessoal e do outro que jamais esperava por ela. “Não somos máquinas e sim pessoas com sentimentos e desejos, coração que sente e chora, que grita e agradece”, destaca dom Anuar, que sublinha ainda que somos criaturas cuja vida encontra sentido na luta e na labuta diária, com a força do Senhor que gritou: “Se for possível afasta de mim este cálice, porém não faça a minha vontade e sim a Tua”.

A dor e o sofrimento, segundo o bispo, são parte integrante do nosso ser humano. Ele explica que não fomos feitos para o sofrimento e sim para passar por ele, entender “que só se chega ao amor, passando pelo fogo da dor”. O arcebispo lembra ainda que muitas situações pessoais são resolvidas através da dor, da perda e da morte. Por isso o sofrimento humano não é inútil.
“Encontramos a razão do seu existir quando nele somos capazes de ver, marcado com todo o carinho, o amor de Deus, pois Ele “prova aqueles a quem mais ama”.

Dom Anuar enfatiza ainda que por mais que se queira acabar com a dor e o sofrimento, estes jamais deixarão de habitar o coração humano, pois ao contrário deixaria de ser humano. “O caminho é o amor solidário, que vai além de uma simples doação. Doar muitas das vezes é fácil. Doar-se amando custa um pouco mais, pois o amor permanece como exigência do ser criado à imagem e semelhança do Criador”, reforça.

Por fim, o arcebispo afirma que o amor permanece como razão do ser e existir para nós e para os outros. Assim, convoca a todas as pessoas para participarem de uma forma concreta do amor solidário: A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), através da Cáritas, realizará no próximo dia 30 uma coleta nacional em todas as paróquias para ajudar as vítimas das enchentes ocorridas neste mês de janeiro.

 

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