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No Iraque "A fé está viva", afirma Arcebispo Católico Siríaco

Bagdá – Iraque (Quarta-feira, 24-07-2019, Gaudium Press) Dom Nathanael Nizar Semaan, Arcebispo Coadjutor católico siríaco, afirmou que, apesar da devastação causada pelo Estado Islâmico (ISIS), “a fé está viva” nas aldeias cristãs do Iraque.

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A afirmação de Dom Nathanael foi feita durante uma entrevista concedida ao ‘National Catholic Register’.

O Arcebispo abordou a situação dos cristãos e lembrou que Qaraqosh, localizada no norte do Iraque, é uma cidade grande onde ele cresceu na fé e na qual todas as atividades da Igreja tiveram um grande impacto em sua vida:

“A partir daí, comecei minha vocação e agora volto para servir à minha cidade”.
Qaraqosh, assegurou ele, “É uma fonte de fé. É uma fonte de vocações: sacerdotes, freiras e monges. É uma cidade muito rica de vocações e de fé. Isso é Qaraqosh em apenas uma palavra”.

Expulsão

Há cinco anos, os cristãos na Planície de Nínive do Iraque, onde está Qaraqosh, foram expulsos de suas casas da noite para o dia pelo ISIS.

Em poucas horas, o grupo terrorista deslocou mais de 100 mil cristãos, incluindo os 50 mil moradores católicos siríacos de Qaraqosh.

Testemunho

“Qaraqosh e todas essas aldeias cristãs estão dando um grande testemunho de sua fé, do quanto são fortes”, afirmou o Arcebispo.

Nos últimos catorze meses, cerca de 20.000 cristãos retornaram à cidade, deixando a Região do Curdistão iraquiano, para onde tiveram que fugir para não morrer nas mãos de terroristas islâmicos.

Missão de Pastor

Agora que o Estado Islâmico foi derrotado no Iraque, Dom Seeman retornou para realizar sua nova missão como pastor, depois de receber sua ordenação episcopal como arcebispo coadjutor em 7 de junho de 2019, após servir 14 anos como sacerdote em Londres (Inglaterra):

“Tentarei não ser um homem político, mas ser um homem de fé, um homem de oração, um homem que cuida de seu povo.
Tenham certeza de que, quando alguém estiver tentando ferir o meu povo, levantarei a minha voz”, afirmou.

Está tudo destruído…

“Foi difícil ver a igreja como está agora, tudo destruído pelo ISIS. No entanto, insisti em ter a minha ordenação lá, para assim presenciar o sofrimento que a minha cidade enfrentou, com todo o povo, a realidade do que aconteceu durante os quatro anos nos quais o ISIS ocupou nossas cidades”, expressou Dom Semaan.

Foi nesse sentido que ele comentou que, embora se sinta triste ao ver sua igreja bombardeada, também se sente feliz porque, através de sua ordenação, pode dar um sinal de esperança:

“que não importa o que aconteça, a fé permanecerá muito forte, e” isso é muito importante”.

“Que ato criminoso bombardear todas essas igrejas e mosteiros!”, afirmou.

Reconstruir o Ser Humano

Dom Nathanael Nizar Semaan lembrou que dentro de sua missão tem como prioridade “reconstruir o ser humano”:

“Temos que nos esforçar para reconstruir a confiança e tentar curar as feridas dessas pessoas. Dentro de cada um há uma ferida profunda, porque eles tiveram que fugir de sua cidade em 2014.
É um grande trabalho tentar trabalhar com eles para curar suas feridas e abrir-lhes uma nova página”, disse.

… sua Fé lhes deu força!

“Não temos números exatos, mas cerca de 20 mil pessoas retornaram. A situação ainda é ruim, especialmente economicamente, pois não há trabalho.
No entanto, as pessoas estão começando a olhar para o futuro positivamente, apesar de não saberem o que acontecerá. Felizmente, sua fé lhes deu força”, afirmou na entrevista.

Curar feridas

O Arcebispo que vai trabalhar duro com outros sacerdotes da diocese para curar as feridas das pessoas e assim poder escrever “uma história de esperança”, a qual será um ponto muito importante de sua missão.

“Ninguém sabe qual será o futuro, mas pelo menos nós trabalhamos para alcançá-lo”, disse Dom Seeman, que também afirmou que os cristãos no Iraque precisam receber apoio econômico e político para garantir que tenham um futuro lá.

“Nós só queremos ser respeitados como seres humanos, ter nossos direitos, quer estejamos no Curdistão, Mossul ou Kirkuk, onde quer que estejamos.
Queremos ser considerados cidadãos de primeira classe, não de segunda ou terceira classe, definitivamente”, destacou.

Liberdade de expressar a Fé

O Prelado também enfatizou que a liberdade de praticar nossa fé é vital e que não tem nada de extraordinário em pedir isso:

“Só pedimos direitos humanos, direitos humanos muito básicos”, comentou, repetindo:

“Não sou um homem político. Eu sou um bispo, um homem de fé, sou um pastor.

Eu gosto de orientar nosso povo no caminho certo, em um caminho pacífico, e reconstruir nossas cidades e nosso povo de acordo com a vontade de Deus, não com a vontade de políticos ou qualquer outra coisa”.

Os cidadãos de Qaraqosh “voltaram às suas atividades normais” e mantêm uma Igreja ativa “graças à sua forte fé”. (JSG)

 

 

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