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A aliança de Deus pode ser rompida?

A aliança que Deus realiza com os homens pode ser desfeita?

Foto: Arautos Cotia

Foto: Arautos Cotia

Redação (16/03/2024 19:59, Gaudium Press) Neste tempo da Quaresma, a Santa Igreja deseja instruir seus filhos com leituras que os preparem e impostem dignamente para as celebrações pascais que se avizinham. Neste 5º Domingo, a liturgia versa sobre a aliança de Deus com os homens.

Ora, pode ela ser desfeita? Quem a rompe, efetivamente, Deus ou o homem?

Aliança no Antigo Testamento

A primeira leitura, extraída do livro do profeta Jeremias, diz:

“Eis que virão dias, diz o Senhor, que concluirei com a casa de Israel e a de Judá uma nova aliança, não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão para retirá-los do Egito” (Jr 31,31).

Quando Adão e Eva romperam a lei divina, comendo do fruto proibido, foram expulsos do Paraíso por Deus (cf. Gn 3,22), pois não eram mais dignos de habitarem naquele lugar preparado pelo Criador com tanta predileção. Mais tarde, quando a humanidade caíra numa terrível decadência moral, Deus enviou o dilúvio que cobriu toda a Terra, concluindo com Noé uma nova aliança (cf. Gn 9,9-16). Ora, os homens voltaram a pecar, construindo a Torre de Babel, e Deus os dispersou pela Terra, confundindo-lhes as línguas (cf. Gn 11,1-10). Mais adiante, Deus fez uma singular aliança com Abraão, abençoando-o e prometendo-lhe uma numerosa descendência, incontável como as areias do mar (cf. Gn 12,1-4; 15,18). Tendo os hebreus, descendentes seus, padecido uma cruel escravidão no Egito, foram libertados por Moisés, e viram a mão de Deus realizar grandiosos prodígios e milagres ante seus olhos. Apesar disto, não reconheceram os seus caminhos, adorando deuses falsos e murmurando contra o Altíssimo em seus corações.

Vemos, portanto, que, muitíssimas vezes ao longo do Antigo Testamento, a humanidade violou os preceitos divinos, não fazendo jus à misericórdia divina, sendo, por esta razão, castigada por Deus.

Segundo uma visão unilateral, seríamos levados a crer que, diante de tais prevaricações, é Deus quem rompe a aliança com os homens quando estes O ofendem. Entretanto, o que se passa é justamente o contrário: são os homens que rompem a aliança com o Criador!

Mesmo assim, Deus vale-se da misericórdia para com os homens, como vimos anteriormente, realizando novas alianças. Neste sentido, o profeta Esdras exclama que, embora o povo ofendesse a Deus, Ele se compadecia deles: “Pela tua grande misericórdia, não os confundiste de todo, nem mesmo os desamparaste, porque és um Deus misericordioso e clemente” (Es 9,31).

Desse modo, Deus, em sua insondável benevolência, veio à Terra trazendo uma aliança eterna, que jamais acabará; Ele veio redimir a humanidade, vitimando-Se por completo no alto da Cruz, por amor a nós, e não recusando padecer os piores escárnios e sofrimentos.

O Evangelho deste dia sublinha esta verdade, quando Jesus assevera:

“Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32).

Nem a abundância de nossos pecados foram capazes de apagar o amor divino, porquanto esta aliança não pode ser desfeita por Deus! – e será rompida por nós?!

Para não a rompermos, bastar-nos-ia ter em conta o conselho que nos é dado por Nosso Senhor no Evangelho de hoje:

“Quem se apega à sua vida perde-a; mas quem faz pouca conta da sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo” (Jo 12,25-26).

Trata-se, pois, de pedirmos a Nosso Senhor, pelos rogos de Maria, que Ele nos obtenha a graça de nos desapegarmos inteiramente de tudo aquilo que nos afasta da aliança estabelecida conosco através de nosso batismo.

Que nosso ser, nosso coração e nossas aspirações estejam ancorados nessa aliança eterna, confiantes de que Deus jamais nos abandonará.

Por Guilherme Motta

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