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Grandes obras arquitetônicas e nefandos costumes

O Império Romano teve uma época de glória, grandes obras, grandes conquistas, mas decaiu, afundou no paganismo e perdeu tudo.

O Império Romano teve uma época de glória, grandes obras, grandes conquistas, mas decaiu, afundou no paganismo e perdeu tudo. 

Redação (07/08/2020 18:16, Gaudium Press) O Império Romano realizou obras arquitetônicas de grande tamanho e também com beleza. Algumas delas existem até hoje e são objeto de admiração.

Panem et circenses

Esse Império abrangia um território que se estendia por 4.900 km, desde a atual Inglaterra até o Egito. Em toda sua extensão, havia água fresca para beber e banhar-se, muitas vezes transportada por aquedutos através de centenas de quilômetros. Existiam balneários de propriedade pública, com água quente, bem como sistemas de esgotos .

A Ponte do Gard, que atravessa o rio de mesmo nome, no Sul da França, foi construída no séc. I a. C., em três níveis, com 275 m de comprimento e, no ponto mais elevado, 50 m de altura. Está firme até hoje.

Em Roma, o Circo Máximo, construído no séc. IV a.C e muitas vezes aumentado, chegou a ter 600 metros de comprimento e 200 de largura; continha assentos para aproximadamente 250.000 pessoas. Era utilizado geralmente para corridas de bigas.

Após o incêndio de Roma, em 64, Nero mandou construir a Domus Aurea, Casa de Ouro: a abóbada da grande sala de refeições girava dia e noite, tal como o firmamento.

E o Imperador Tito, no ano 80, inaugurou o Coliseu, que abrigava até 80.000 espectadores, onde havia lutas de gladiadores, animais ferozes se entredevoravam e simulações de batalhas.

Segundo a conhecida expressão do poeta Juvenal (55-127), o povo só se interessava por panem et circenses, ou seja, por pão e espetáculos de circo.

Espetáculos de caráter religioso

O Império Romano estava afundado no paganismo, com práticas monstruosas.

Dr. Plinio Corrêa de Oliveira comenta:
“Nero, por exemplo, um dos mais ferozes imperadores romanos, resolveu realizar uma grande festa nos bosques do Monte Vaticano, então povoado apenas de árvores e plantações, sem nenhum edifício.

“Para iluminar o vasto local, esse César não teve melhor ideia do que amarrar nos troncos um número incontável de católicos que ele desejava matar. Assim, enquanto os mártires ardiam e se consumiam até morrer, embaixo os pagãos dançavam, riam, pulavam, diziam desaforos, zombavam deles e os atormentavam. E desta maneira sacrificavam os católicos com uma extraordinária indiferença para com a vida humana, com gosto de causar a dor e empenho de tratar com crueldade. […]

“Os romanos acreditavam que, enquanto dois países combatiam, os deuses também entravam em luta. Sempre bons políticos, procuravam então obter a traição das divindades opostas, prometendo-lhes que, em caso de vitória das armas imperiais, seriam transferidos para Roma. E os romanos consideravam isto um prêmio invejável pelos próprios deuses…

“Por esse motivo, receosos da traição, muitos povos também se dirigiam a seus deuses antes dos combates, ameaçando-os de apedrejamento, caso a cidade não fosse vitoriosa. E, por via das dúvidas, amarravam-nos com fortes cordas! […]

“Os combates de gladiadores, que assumiram em Roma terríveis proporções, eram também, na sua essência, solenidades religiosas. A velha religião romana considerava conveniente, além do sacrifício dos escravos, o holocausto de algumas vidas para o apaziguamento dos mortos. Daí as lutas de gladiadores, nas quais o combatente derrotado era imolado em benefício da alma de algum defunto.

“Posteriormente, esses combates passaram a ser diversões públicas, sem jamais perder o seu caráter religioso, pelo que, em muitas lutas, a solenidade começava pela matança de uma vítima inocente, aos pés do altar que se encontrava na arena. […]

O culto de Vesta

“Na religião pagã romana se adorava uma deusa chamada Vesta, em cujo altar se mantinha aceso um fogo sagrado, a cargo de sacerdotisas que deveriam velar para que ele não se apagasse. Durante o dia não havia tanto problema. A questão era a vigília noturna: se uma vestal dormisse durante seu período de guarda e o fogo se extinguisse, deveria ser enterrada viva. E os romanos eram implacáveis na execução dessas penalidades.

“O culto de Vesta exigia que essas mulheres fossem virgens. E se uma delas deixasse de sê-lo, também era enterrada viva. Não podia se casar. Fora dessas restrições, elas levavam uma existência farta. Ganhavam muito dinheiro, e por toda parte eram alvo de homenagens especiais.

“No Coliseu, ocupavam uma bancada de honra e, quando levantavam o polegar, o condenado à morte era libertado. Quando apontavam o polegar em direção ao solo, ele era irrevogavelmente condenado. Podiam passear, ir a festas, teatros, beber, e fazer o que quisessem.

“Por causa desses privilégios, durante muito tempo esse culto se manteve. Mas o ambiente do mundo antigo […] era tão contrário à pureza que, apesar de as vestais terem todas essas regalias, o número de romanas desejosas de ser uma delas foi caindo, até o dia em que não apareceram mais candidatas. Com isso, o fogo de Vesta se apagou para sempre.”

Um inimigo muito mais poderoso que o paganismo

Em muitos lugares existiam balneários, nos quais se propalava a impureza.

“Houve época em que existiram mais de mil [balneários] na cidade de Roma –, de forma que não os frequentar significava excomungar-se da sociedade.

“Infelizmente neles reinava um clima avesso ao pudor ensinado pela Igreja. Em certos períodos de especial decadência, chegaram a ser tão escandalosos que preocuparam imperadores pagãos, como Adriano, a ponto de ditarem leis para proibir a frequência mista nas termas oficiais do império.

“Para os cristãos, tais ambientes eram altamente desfavoráveis à prática da virtude da castidade, uma perigosa e sedutora ocasião próxima de pecado.”

Para perseverar no bem, os católicos precisavam lutar contra esse ambiente. E em nossos dias devemos batalhar contra a Revolução gnóstica e igualitária, que domina o mundo e “é muito mais poderosa que o paganismo do Império Romano”.

 

Por Paulo Francisco Martos

(in “Noções de História da Igreja” – 21)

 

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1 – Cf. FERRIL, Arther. A queda do Império Romano – a explicação militar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1986, p. 13. 15.

2 –  Cf. AYMARD, André; AUBOYER, Jeannine. Roma e seu império. 4. ed. São Paulo: DIFEL. 1976, v. 2, p. 83.

3 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Quando os homens viviam como num cativeiro. In Dr. Plinio, São Paulo. Ano IV, n. 39 (junho 2001), p. 16-20.

4 – BENJUMEA, Carlos Javier Werner, EP. O casto brilho do pudor cristão. In revista Arautos do Evangelho. São Paulo. Ano XVIII, n. 209 (maio 2019), p. 19.

5 – CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Apóstolo da santa violência. In Dr. Plinio, São Paulo. Ano XXIII, n. 262 (janeiro 2020), p. 2.

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