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Uma terra banhada pelo sangue dos Primeiros Mártires de Roma

Uma Igreja venerável, numa Praça cuja terra, caso fosse pressionada pelas mãos, dela quase sairia o sangue dos mártires.

 Uma Igreja venerável, numa Praça cuja terra, caso fosse pressionada pelas mãos, dela quase sairia o sangue dos mártires.

Redação (30/06/2020 15:09, Gaudium Press) Ao final da oração de Ângelus no dia da Solenidade de São Pedro e São Paulo, padroeiros de Roma, o Papa Francisco lembrou os santos protomártires de Roma que são celebrados nesta terça-feira, 30 de junho:

Pisamos uma terra encharcada com o sangue de mártires

“Celebrando a solenidade de São Pedro e São Paulo, gostaria de recordar tantos mártires que foram decapitados, queimados vivos e assassinados, especialmente no tempo do imperador Nero, precisamente nesta terra na qual estão agora. Esta terra ensanguentada por nossos irmãos cristãos”, indicou o Santo Padre que acrescentou que “amanhã celebraremos sua comemoração”.

Uma terra que assistiu o sacrifício dos primeiros mártires de Roma

De fato, a Igreja comemora no dia 30 de junho o martírio de mais de 900 cristãos que foram assassinados no tempo de Nero.

O Evangelho que os Apóstolos anunciaram chegou a Roma e o número de fiéis que o seguiam só crescia.
Este fato enfureceu o famoso e prepotente Senado Romano que rejeitava a nova religião que contrariava a moral e as tradições da religião oficial de Roma. Foi então que, em nome da “pureza e bondade” da religião pagã do estado a nova religião foi declara ilegal, proibida e perseguida.

Nero, para escapar da acusação de ter incendiado Roma, culpou os cristãos, acusando-os de pertencer uma religião maléfica, que se referindo à Eucaristia, praticava o canibalismo, justificava a acusação de que os cristãos eram incestuosos porque se tratavam entre si como irmãos e praticavam ósculo da paz.

Dai, estava “justificado” o desencadear de uma série de perseguições na qual milhares de cristãos deram suas vidas por aceitar, viver e proclamar a herança que Nosso Senhor Jesus Cristo deixou como herança de salvação.

Quando o Papa Francisco recordou que a terra que pisavam estava encharcada de sangue de cristãos ele tinha toda razão. Era naquela Praça que erram praticados muitos martírios.

É oportuno que no dia em que a Igreja celebra a memória dos protomártires cristãos de Roma (30 de junho), revivamos esses trágicos acontecimentos pela narrativa do historiador Tácito:
“Então Nero, para dissipar tais boatos, (de que ele havia posto fogo em Roma) apresentou como culpados e submeteu às mais refinadas torturas àqueles que passaram a ser odiados por suas maldades e eram vulgarmente chamados cristãos. (…) Em um primeiro momento, foram presos aqueles que confessavam sua fé, depois, denunciados, muitos outros foram considerados culpados não tanto pelo delito de incêndio, mas por ódio à raça humana. Suas mortes foram acompanhadas pela zombaria: foram cobertos com peles selvagens e foram despedaçados por cães, ou foram crucificados e queimados vivos, para que, como tochas, servissem para iluminar a noite após o pôr do sol. Nero havia oferecido seus jardins para tal espetáculo, enquanto promovia jogos no circo e, vestido de cocheiro, misturava-se à multidão ou participava das corridas em pé em uma carruagem. Por isso eles, embora tivessem se manchado de culpas e merecessem as penas nunca antes infligidas, suscitavam compaixão porque eram sacrificados não em vista do bem comum, mas para satisfazer a crueldade de um só” (Anais 44, XV, 2-5).

Uma terra banhada pelo sangue dos primeiros mártires de Roma

Por ódio à Fé muitos mártires aqui derramaram seu sangue

De fato, o apóstolo Pedro foi crucificado no Vaticano após o terrível incêndio que devastou Roma em 19 de julho do ano 64. Junto com ele, uma grande multidão de cristãos sofreu o martírio com torturas atrozes.

O Papa Clemente (88-97), na primeira Epístola aos Coríntios, recorda de fato o martírio de uma “multitudo ingens“, multidão enorme de eleitos, juntamente com os apóstolos Pedro e Paulo.
A memória dessas ferozes perseguições sobrevive no nome da atual “Piazza dei Protomartiri Romani”,  (Praça dos protomártires de Roma) à esquerda da basílica e em frente ao Campo Santo Teutônico, sendo uma testemunha silenciosa do martírio de Pedro e da nascente comunidade cristã de Roma.

Basílica Vaticana construída em terra banhada pelo sangue dos mártires

A memória dessas ferozes perseguições sobrevive no nome da atual “Piazza dei Protomartiri Romani”, à esquerda da basílica e em frente ao Campo Santo Teutônico,  em correspondência à parte central do circo onde estava o obelisco, ainda hoje uma testemunha silenciosa do martírio de Pedro e da nascente comunidade cristã de Roma.

A Basílica Vaticana foi construída, portanto, em terra banhada pelo sangue dos mártires.

Narrações Históricas contam que o imperador Constantino, no início do século IV, iniciou com as próprias mãos as escavações das fundações da primeira basílica e que ele carregou nas costas, no oitavo dia após seu batismo, doze cestos de terra para erguer o templo, para recordar os doze apóstolos.

Depois de mais de mil anos, em 18 de abril de 1506, o Papa Júlio II, cavando um buraco nas profundezas daquela mesma terra, no local correspondente ao atual pilar de Santa Verônica, lançou a primeira pedra do novo templo vaticano.

Durante séculos, sentimentos de profunda devoção, religioso respeito e temor reverencial preservaram aquela terra sob o piso da antiga e da nova basílica que, por esse motivo, foi definida como: “Igreja venerável, de cuja terra, caso fosse pressionada pelas mãos, dela quase sairia o sangue dos mártires” (cf. F.M. Torriggio, Le Sacre Grotte Vaticane, Roma 1639).

Terras que São Pio V distribuiu como relíquia…

Na vida de São Pio V (Ghisleri, 1566-1572), narra-se de fato que enquanto o Pontífice passava perto da basílica, aproximou-se devotamente dele um embaixador, para pedir-lhe algumas relíquias de mártires para levar para sua nação.
Em resposta a tal pedido, o Papa se abaixou, pegou um punhado de terra do Vaticano e entregou ao embaixador dizendo:

“Esta é relíquia de mártires, pelo copioso sangue que derramaram neste lugar”.

Em 1615, durante a escavação para a abertura da Confissão vaticana em frente ao altar papal, cônegos e penitenciários da basílica, com grande devoção, ajudaram a levar aquela terra coletada nas proximidades da sepultura do apóstolo Pedro, estipulando-a em um “lugar honroso ”no final da nave sul das Grutas do Vaticano, em um espaço hoje ocupado pelo túmulo do Papa Pio XI e atrás do sarcófago do cardeal Raphael Merry del Val.

No mesmo local e em outros lugares das Grutas – como já mencionado por Francesco Maria Torrigio – em 1626 os cônegos de São Pedro transferiram a terra proveniente das fundações das quatro grandiosas colunas do Baldaquino de Bernini.

Por fim, no século passado, durante o pontificado de Pio XII (Pacelli, 1939-1958), a terra proveniente da escavação do “Campo P” junto ao túmulo de Pedro, foi devotadamente coletada em um pequeno espaço fora da basílica junto à assim chamada “Via delle Fondamenta”, em uma sala especialmente feita com paredes de contenção de tijolos vermelhos, precisamente abaixo da Capela Sistina. (JSG)

 

(Da Redação Gaudium Press, com informações ‘L’Osservatore Romano”)

 

 

 

 

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