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Um rei bárbaro se prosterna diante de São Bento

Oriundo de uma família católica, nobre e rica, São Bento nasceu em 480 na cidade de Nursia, centro da Itália.  

Totila e San Benedetto

Redação (13/11/2021 09:44, Gaudium Press) Sendo ainda muito jovem, seus pais o enviaram a Roma a fim de estudar. Enojado com os maus costumes ali existentes, resolveu morar num lugar das proximidades e levar uma vida de anacoreta.

Certo dia, uma criada que o acompanhava pela estrada deixou cair uma jarra a qual se espedaçou. Ela desatou em prantos, mas o jovem Bento lhe disse que não se preocupasse; ele colheu os cacos, juntou-os e a jarra se recompôs.

Pouco tempo depois, dirigiu-se a uma gruta nas cercanias de Subiaco, próximo a Roma, e ali se estabeleceu. Sua alma estava tão voltada para Deus e o sobrenatural que nem se preocupou com o problema da alimentação.

Em certo momento, viu um cesto contendo um pão que descia do alto da gruta por meio de uma corda. Verificou, então, que ali vivia um varão de Deus – São Romão – o qual recebia diariamente um pão trazido por um corvo. Mas, com a chegada de São Bento, a ave passou a levar dois pães…

Em sua vida de oração e penitência, São Bento sofreu, como toda pessoa neste vale de lágrimas, tentações de impureza. Certa ocasião, elas se tornaram tão intensas que o Santo tirou sua capa e lançou-se sobre um arbusto repleto de agudos espinhos, ficando todo ensanguentado.  As tentações desapareceram e desde esse dia ele recebeu uma insigne graça: nunca mais sentiu os aguilhões da carne.

Castigo de um padre infame

A fama de sua santidade começou a se difundir. Tendo falecido o abade de um mosteiro situado nas redondezas, os monges pediram a São Bento que fosse o superior deles. O varão de Deus lhes disse que não aceitariam a vida ascética a qual ele imprimiria ao mosteiro. Mas, devido à insistência dos religiosos, São Bento concordou.

Passados alguns dias, eles colocaram veneno num copo de água que lhe seria servido durante a refeição. O Santo abençoou o copo o qual se partiu. Ele recriminou os nefandos monges e voltou para sua gruta de Subiaco.

Muitos homens pediam a São Bento que os aceitasse como religiosos sob sua direção. Inclusive famílias nobres e abastadas começaram a acorrer a Subiaco, trazendo seus filhos pequenos e imploravam que ali fossem educados.

Entre esses meninos, destacavam-se Mauro e Plácido que depois se tornaram santos.  O pai de São Mauro doou a São Bento grande extensão de terras, nas quais foram construídos doze mosteiros.

Certo dia, São Plácido caiu num rio e foi levado pela correnteza. São Bento ordenou a São Mauro que fosse buscá-lo. Andando sobre as águas, ele segurou São Plácido pelos cabelos e o conduziu à margem são e salvo.

Um padre de uma cidade vizinha, corroído de inveja de São Bento, enviou-lhe de presente um pão, mas que estava envenenado. Discernindo a realidade, o Santo ordenou a um corvo que levasse aquele pão e o jogasse num lugar inacessível; a ave obedeceu imediatamente.

Então, aquele ímpio sacerdote instigou algumas moças, as quais se banhavam num lago dos arredores, a que se dirigissem ao mosteiro para tentar os religiosos. Chegando à porta do mesmo, elas se puseram a efetuar danças lascivas.

Diante desses fatos asquerosos, São Bento resolveu deixar Subiaco. E o padre infame, tomando conhecimento dessa notícia, subiu numa enorme pedra a qual de repente ruiu e ele morreu… Todos entenderam que era um castigo mandado por Deus.

A Regra que é fonte da perfeição religiosa

Pouco tempo depois, o Santo mudou-se para Monte Cassino, situado numa grande propriedade que o pai de São Plácido lhe concedera. Era o ano de 524.

Havia no cimo do monte um templo pagão. O próprio São Bento derrubou o ídolo ali existente, e o demônio reagiu com berros terríveis que ecoavam naquela solidão. O varão de Deus amaldiçoou várias vezes o monstro infernal, cuja figura apenas ele via.

Nesse mesmo local iniciou-se a construção de um mosteiro. Certo dia, uma parede caiu sobre um menino e o matou. Seu pai, derramando lágrimas, mas cheio de Fé, levou o corpo a São Bento, o qual se encontrava trabalhando no campo, e pediu-lhe que lhe devolvesse a vida. Colocando suas mãos sobre o cadáver, o Santo implorou a Nosso Senhor que, pela Fé daquele pai, ressuscitasse o filho. Seu pedido foi atendido imediatamente.

São Bento viveu em Monte Cassino durante 23 anos. Não se tornou sacerdote nem escreveu tratados de Teologia, mas redigiu com seu próprio punho e letra uma Regra para os monges, que marcou a História da Igreja.

O Papa Vitor III, que ocupou o trono de São Pedro de 1086 a 1087 e foi monge em Monte Cassino, comparou a legislação de São Bento àquela do Sinai, transmitida por Deus a Moisés. E o Beato Urbano II, que pregou a Primeira Cruzada no Concílio de Clermont-Ferrand, em 1095, e foi monge beneditino, afirmou que do coração de São Bento, como das nascentes de água do Paraíso Terrestre, jorrou a fonte da perfeição religiosa que é sua Regra.

Encontro de Tótila com o varão de Deus

Em 541, os ostrogodos escolheram Tótila como seu rei. Dotado de excelentes qualidades militares, ele conquistou várias regiões da Itália, cometendo muitos crimes.

Tendo ouvido falar de São Bento, o rei bárbaro se dirigiu a Monte Cassino a fim de conhecê-lo. Quando se aproximou da porta do mosteiro e viu o Santo majestosamente sentado, ele se prosternou. Por três vezes, o Abade ordenou-lhe que se levantasse, mas o monarca permanecia prosternado. Então, o varão de Deus o ergueu com suas próprias mãos, censurou-o pelos males que cometera e disse-lhe que reinaria por nove anos.

Tótila lhe agradeceu, pediu orações e a partir desse momento sofreu notável transformação. Conquistou depois outras regiões, mas sempre respeitava as igrejas e tratava a população com bondade.

Após um cerco de dois anos, Tótila tomou Roma em 546 e, conforme o Livro Pontifício, viveu entre os romanos como um pai e seus filhos. Morreu, em 552, numa batalha contra tropas enviadas pelo Imperador do Oriente, Justiniano, comandadas pelo General Narses.

Assim, cumpriu-se a profecia anunciada por São Bento: Tótila reinou durante nove anos .

Por Paulo Francisco Martos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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