Um coração manso e humilde como o de Jesus

Se a humanidade pusesse o seu coração junto àquele Sagrado Coração transbordante de amor, encontraria a felicidade que tanto almeja.

Redação (09/07/2023 09:18, Gaudium Press) A liturgia destaca, neste 14º Domingo do Tempo Comum, a importância de nossa sujeição a Deus, convidando a nos desprendermos de nós mesmos e do mundo para que, deste modo, possamos nos assemelhar cada vez mais a Jesus, que é de coração manso e humilde.

Mansidão e humildade

Entre os inúmeros ensinamentos que Nosso Senhor transmitiu ao longo de sua vida pública, há um recolhido por São Mateus, em seu Evangelho, que não está narrado pelos outros evangelistas:

“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso”
(Mt 11,29).

Ora, após o pecado de nossos primeiros pais, Adão e Eva, o orgulho humano passou a reclamar pela exaltação de si mesmo; e, por esta razão, o louvor e a adoração devidos somente a Deus passaram a ser substituídos pela aclamação e glorificação do “eu”.

Soma-se a isto o processo revolucionário que vem se desenvolvendo há cinco séculos entre os homens, como aponta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira,[1] visando destruir a Civilização Cristã, e para o qual contribui esta mola propulsora chamada “orgulho”.

Entretanto, por mais intensas que possam parecer as más inclinações humanas e o astucioso poder das trevas — com suas maquinações e maldades — em levar o homem à ruína, nada supera a poderosa força de Deus que é capaz de conduzir o homem aos píncaros da santidade, desde que ele corresponda às graças e inspirações recebidas, e se submeta ao Criador com um coração manso e humilde.

Contudo, o que significa ser manso e humilde?

São Tomás explica[2] que é próprio do orgulho a ingratidão, pela qual desprezamos os bens que possuímos como dons de Deus; e é próprio da humildade levar o homem a não se exaltar ao considerar os seus próprios defeitos. Assim, o homem deixa de aspirar desmedidamente às grandes coisas, em razão da “reverência devida a Deus, que o leva a não se atribuir mais do que aquilo que lhe cabe, conforme a posição que Deus lhe outorgou”. Por conseguinte, o Aquinate conclui que “a humildade visa principalmente a sujeição do homem a Deus”.[3]

Já a virtude da mansidão tem por função refrear e diminuir o ímpeto da ira. Ela nos confere também aquela serenidade de alma por onde nada desejamos com febricitação e agitação, aceitando tudo o que venha a suceder com inteira resignação, paciência e calma.

O amor de Deus pelos homens

Ora, muitas vezes, as preocupações da vida, os prazeres e os interesses pelas coisas do mundo, fazem os homens colocar o seu coração onde ele não deve estar, tornando-os agitados e perturbados desmedidamente. No entanto, se a humanidade pusesse o seu coração junto àquele Sagrado Coração transbordante de amor, encontraria a felicidade que tanto almeja.

Não obstante, se o coração se encontra pesado pelo fardo do erro, não deve ser razão para o desespero e a desconfiança em relação a Deus, pois nosso Redentor anseia pela conversão de seus filhos transviados, com um amor sem limites.

Neste sentido, narra a religiosa e mística, Sóror Josefa Menéndez, que o Sagrado Coração de Jesus lhe confidenciou certa vez: “Crês que te escolhi por causa de tua virtude? Sei que não tens senão misérias e fraquezas, […] se Eu pudesse encontrar sobre a Terra criatura mais miserável, sobre ela teria fixado o olhar de meu Amor e, por ela, teria manifestado os desejos de meu Coração. Mas como não encontrei, escolhi a ti”.

Basta então aproximarmo-nos deste Coração que é manso e humilde, e n’Ele encontraremos o verdadeiro repouso de nossas almas.

Por Guilherme Motta

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[1] Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra-Revolução. 5. ed. São Paulo: Retornarei, 2002, p. 14.

[2] Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. II-II, q. 35, a. 1; q. 157, a. 1; q. 161, a. 1.

[3] Cf. ibid.