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Torreciudad: conflito entre o Bispo e o Opus Dei

O Santuário de Torreciudad, gerido desde os anos sessenta pelo Opus Dei, está no meio de uma disputa entre a Prelazia e a diocese de Barbastro-Monzón, na qual está localizada.

Foto: Wikipedia

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Redação (19/07/2023 08:56, Gaudium Press) O conflito veio à tona na última segunda-feira, quando o site da Diocese de Barbastro-Monzón, em Aragão, Espanha, publicou a nomeação do Pe. José Mairal Villellas, pároco de Bolturina-Ubierg e vigário judicial da diocese, reitor do Santuário de Torreciudad.

Trata-se de uma nomeação invulgar, uma vez que, segundo o Opus Dei, o santuário é um templo da Prelazia, que possui o estatuto jurídico de um oratório da Prelazia, erigido com a autorização do Bispo da diocese. Assim, o Opus Dei ressalta que “não compete ao bispo efetuar esta nomeação”, mas sim ao vigário regional da Opus Dei.

Por sua vez, após muitos fiéis reagirem à nomeação do novo reitor por Dom Pérez Pueyo, a diocese publicou um comunicado, esclarecendo que “no caso de Torreciudad, e para regularizar a sua situação canónica com a diocese, foi pedido à Prelazia que propusesse a este bispado uma lista de três sacerdotes para fazer esta nomeação de reitor (c. 557 &1). Com o passar dos meses, e não tendo recebido esta lista depois de vários pedidos, decidiu-se nomear José Mairal, pároco de Bolturina-Ubiergo, a cuja paróquia pertence a ermida-santuário de Torreciudad”.

Replicando, o Opus Dei anunciou que a diocese e a Prelazia iniciaram conversações, há mais de um ano, para preparar novos estatutos que permitiriam Torreciudad tornar-se um santuário diocesano, e para estabelecer com a diocese um acordo de pastoral, “semelhante aos acordos que a Prelazia do Opus Dei mantém para a pastoral de numerosas paróquias e igrejas em Espanha e noutros países”.

Com efeito, a diocese e o Opus Dei negociam o futuro do local de culto, centrados em três aspectos: a redefinição do estatuto jurídico de Torreciudad, a propriedade da ermida original e da imagem da Virgem do século XI e o cânone que estabelece um pagamento anual à diocese em virtude do acordo enfitêutico, assinado em 1962.

Embora todos o conheçam como um santuário, o novo templo é, desde a sua inauguração em 1975, um “oratório semi-privado”, comparável ao da capela de uma comunidade religiosa ou da capela privada do bispo. Foi o que afirmou o Opus Dei na terça-feira, no comunicado de imprensa publicado no seu site: “Possui o estatuto jurídico de oratório da Prelazia, e foi erguido no seu tempo, como todos os oratórios dos centros do Opus Dei, com a permissão do Bispo da diocese”.

Desta forma, sendo um oratório, a decisão sobre a nomeação do seu reitor cabe à Prelazia e não ao bispo, circunstância em que o Opus Dei se baseia para considerar inválida a nomeação do Pe. Mairal Villellas.

O comunicado da Prelazia do Opus Dei conclui, afirmando que “estudará este assunto com cuidado e num espírito de comunhão eclesial. Nossa vontade é continuar colaborando com a diocese no trabalho evangelizador que é realizado a partir de Torreciudad, um lugar tão querido pelos fiéis do Alto Aragão, e no qual todos os anos milhares de pessoas têm um encontro com a Virgem, procuram o Sacramento da Confissão e se aproximam de Jesus inspiradas na vida e nos ensinamentos de São Josemaria Escrivá”.

O santuário de Torreciudad é dedicado à invocação de Nossa Senhora dos Anjos de Torreciudad, no norte de Espanha, e tem como centro da sua devoção uma imagem românica da Virgem do século XI. Foi inaugurado em 1975, com o esforço especial do fundador do Opus Dei, São Josemaría Escrivá de Balaguer, que também agradeceu aos pais pela cura quando tinha apenas dois anos de idade, diante de Nossa Senhora dos Anjos.

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