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Tirando a poeira das noções de catecismo

Nos beneficiaremos recapitulando conceitos básicos que, apesar de elementares – e, para alguns, muito conhecidos – não carecem de importância.

Jesus Cristo

Foto: Pixabay.

Redação (14/10/2022 13:23, Gaudium Press) Provavelmente, em muitas pessoas os primeiros rudimentos do catecismo aprendidos na infância já estarão ofuscados ou esquecidos. Ainda mais que nas gerações anteriores, aprender as noções da Fé era mais exigente e, portanto, mais eficaz do que veio a ser mais tarde…

Tomando como referência o “Catecismo da Igreja Católica”, um dos floreios do pontificado de São João Paulo II, é oportuno fazer uma breve revisão sobre o que é sistematicamente exposto nesse documento magistral sobre a Eucaristia. É oportuno, sim, porque sobre este tema central há enormes lacunas e sérios desvios nos dias de hoje.

Mas como tratar em um curto artigo de um tema que no dito Catecismo está contido em nada menos do que cem numerais que, por sua vez, citam mais de cento e vinte documentos? Somente indo para o essencial essencialíssimo. De qualquer forma, nos beneficiaremos recapitulando conceitos básicos que, apesar de elementares – e, para alguns, muito conhecidos – não carecem de importância.

A Eucaristia! Estamos diante de um imenso mistério, fonte e ápice da vida da Igreja; “Este é o mistério da nossa Fé” é proclamado na Missa após a consagração das espécies do pão e do vinho.

A Eucaristia é o próprio sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo instituído por Ele na Última Ceia para perpetuar pelos séculos o sacrifício da Cruz, confiando assim à sua Igreja o memorial de sua Morte e Ressurreição. É o banquete onde Cristo é recebido, onde a alma se enche de graça e nos é dado o antegozo da vida futura.

A riqueza deste sacramento é expressa por diversos nomes, entre outros: Santa Missa, Ceia do Senhor, Partir do Pão, Santo Sacrifício, Memorial da Paixão, Santos Mistérios, Santíssimo Sacramento do Altar, Comunhão, etc.

O sacrifício da cruz e o sacrifício da Eucaristia – ou Santa Missa – são um único e mesmo sacrifício com esta diferença: Jesus Cristo na Cruz se ofereceu derramando seu Sangue e merecendo por nós; enquanto, nos altares, Ele se sacrifica sem derramar sangue, aplicando aos fiéis os méritos de sua Paixão e morte.

Como na celebração de cada sacramento, neste se requer o que se chama “matéria” e “forma”. A matéria de um sacramento é a coisa sensível que se emprega para fazê-lo; no caso da Eucaristia, é a que foi utilizada por Nosso Senhor Jesus Cristo: pão de trigo e vinho da uva. A forma do sacramento são as palavras que são ditas para realizá-lo; na Eucaristia são também as palavras usadas por Cristo: “Este é o meu Corpo, este é o meu Sangue”.

A milagrosa conversão do pão e do vinho no Corpo e Sangue do Senhor durante a Missa é chamada de transubstanciação. Tanto na hóstia como no cálice está Jesus Cristo todo inteiro: corpo, sangue, alma e divindade.

Para receber a Cristo na comunhão eucarística, é necessário estar em estado de graça. Se alguém tem consciência de ter pecado mortalmente, não deve comungar sem antes ter recebido a absolvição no sacramento da Penitência. Além disso, para receber a comunhão é necessário jejuar por uma hora e, claro, aproximar-se com devoção. A Igreja recomenda fortemente que os fiéis recebam a Sagrada Comunhão quando participam da Missa e impõe-lhes a obrigação de comungar pelo menos uma vez ao ano.

Que efeitos a Eucaristia produz em nós? 1. Conserva e aumenta a vida da alma, que é graça, assim como o alimento material sustenta a vida do corpo; 2. Perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais; 3. Produz consolo espiritual, mesmo que nem sempre seja sensível; 4. Enfraquece nossas paixões desordenadas; 5. Aumenta nosso fervor e dedicação a Deus, à Igreja e ao próximo; 6. É penhor da glória futura e da ressurreição.

O Santo Sacrifício da Missa é oferecido a Deus por quatro propósitos: 1. Para honrá-lo como convém (fim latrêutico); 2. Agradecê-lo pelos benefícios recebidos (fim eucarístico); 3. Dar-lhe a devida satisfação pelos nossos pecados e pelas almas do purgatório (fim propiciatório); 4. Obter todas as graças que nos são necessárias (fim impetratório).

O culto de adoração eucarística não se pratica apenas durante a Missa ou ao receber a comunhão, mas também conservando com cuidado as hóstias consagradas, expondo-as aos fiéis para que possam venerá-las com solenidade, visitando-as quando estão reservadas no sacrário, levando-as em procissão, etc

Todos os sacramentos contêm a graça que significam e a conferem aos fiéis que os recebem com as devidas disposições, contribuindo para santificá-los. Mas na Eucaristia está o próprio autor da graça e da santidade, Cristo Jesus, nosso Deus e Senhor.

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Está exposto, caro leitor, o que poderíamos chamar de um vademécum eucarístico com noções que um católico não pode deixar de conhecer.

É claro que essas verdades devem ser ensinadas aos fiéis tendo em conta suas idades, capacidades e outras circunstâncias específicas. Em todo caso, constituem um tesouro que, somado a outras riquezas que o “Catecismo da Igreja Católica” nos oferece sobre o Credo, os Sacramentos, os Mandamentos e a Oração, é um poderoso meio para fortalecer a Fé e praticar a religião em um mundo onde a nota tônica é dada pela incredulidade e a indiferença religiosa.

Dizemos a palavra “praticar” intencionalmente, colocando o dedo em uma triste ferida que tantos irmãos nossos na Fé não decidem remediar.

Uma religião que não é praticada é uma teoria inútil. E pode até ser nociva, na medida em que contribua para tranquilizar as consciências relaxadas. Convenhamos: a religião que não é vivida não serve para o bem-estar pessoal, nem para a construção do reino de Deus, nem para alcançar a glória. “Nem todo aquele que me diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos céus…” (Mt, 7, 21).

Mairiporã, Brasil, outubro de 2022.

Por Padre Rafael Ibarguren EP – Assistente Eclesiástico das Obras Eucarísticas da Igreja.

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho.

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