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Tal Mãe, tal filha

Santa Teresa de Jesus, quem nunca ouviu falar dessa santa? Mulher de personalidade forte, determinada, rígida e muito fiel à sua devoção e ao crescimento da vida espiritual dos Carmelitas. Um exemplo de amor.

474px Pietro Novelli Our Lady of Carmel and Saints

Redação (20/07/2023 09:32, Gaudium Press) Nossa Senhora do Carmo recebeu este título em referência ao Monte Carmelo, montanha localizada na Palestina, onde viveu Elias, importante profeta do Antigo Testamento – cuja festa celebramos hoje – que enfrentou o Rei Acab e sua esposa pagã, a Rainha Jezabel, exterminando 400 sacerdotes de Baal e restabelecendo entre os judeus a crença em um único Deus.

Nossa Senhora do Carmo gerou muitos filhos espirituais e hoje eu quero falar de uma dessas filhas: a grande Santa Teresa D’Ávila, a quem tenho especial devoção.

No século XII, um grupo de cristãos resolveu se instalar no Monte Carmelo, vivendo como eremitas. Ali nascia a Ordem Carmelita, que sobrevive até os dias atuais. Uma das primeiras atitudes desses eremitas foi a de construir uma capela dedicada a Virgem Maria, que passou a ser conhecida como Capela de Nossa Senhora do Monte Carmelo, que mais tarde passaria a ser chamada de Nossa Senhora do Carmo.

Não demorou para que essa devoção e estilo de vida se espalhasse para várias partes do Oriente Médio; porém, com o passar do tempo e o avanço da conquista da Terra Santa pelos mulçumanos, os carmelitas passaram a ser perseguidos e mortos. Alguns deles conseguiram fugir para a Europa, onde deram continuidade à Ordem.  Contudo, a vida ali também não foi fácil. Outras perseguições surgiram, até no seio da própria Igreja. O estilo de vida que levavam como monges mendicantes, suas vestes e a sua forma peculiar de servir a Deus não eram bem compreendidos, sendo, por isso, perseguidos e hostilizados, e tendo de enfrentar muitas dificuldades, chegando quase ao desaparecimento.

A aparição de Nossa Senhora do Carmo

Nessa época, São Simão Stock, superior geral da Ordem, diante da situação difícil que enfrentavam, mandou emissários ao Vaticano, a fim de informar ao papa sobre a situação e pedir a sua proteção. Em seguida, pediu aos irmãos que rezassem nessa intenção. Ele mesmo se recolheu e rezou fervorosamente a Nossa Senhora do Carmo, de quem era um grande devoto, pedindo a intercessão d’Ela para que findassem as perseguições. Em resposta, Nossa Senhora lhe apareceu, rodeada de anjos, e entregou-lhe o escapulário, prometendo àqueles que o usassem livrar dos perigos e do fogo eterno.

Após esta aparição, as perseguições cessaram, a Ordem foi aprovada e, com a autorização da Igreja, os Carmelitas foram se espalhando pelo continente europeu e por outras partes do mundo. A devoção a Nossa Senhora do Carmo e ao escapulário se espalhou rapidamente, e esse objeto de devoção passou a ser usado não apenas pelos carmelitas, mas também por pessoas leigas como uma proteção nas dificuldades da vida e símbolo de esperança para a hora da morte.

O Carmelo fez muitos santos, entre eles, São João da Cruz, Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Teresa d’ Ávila, a quem muito admiramos pela firmeza de seu caráter, sua fé inabalável e admirável capacidade de tomar importantes decisões.

Educar os filhos na fé

Santa Teresa D’Ávila entrou para a Ordem depois de ter ficado órfã de mãe com apenas 14 anos. No Carmelo a esperava a mais amorosa das Mães, Nossa Senhora, que acolheu a impetuosa jovem como filha e desenvolveu em seu espírito uma inigualável piedade mariana.

Conta-nos a biografia desta santa que, ainda pequenina, Teresa aprendeu com a mãe a rezar o Rosário e ver Nossa Senhora como a estrada que conduz a Jesus. Isso nos mostra que uma criança que aprende a rezar no aconchego de sua casa, na harmonia e segurança de sua família, é uma criança diferente. Enganam-se os pais que afirmam não dar educação religiosa aos filhos para não impor a eles a sua vontade e não interferir em suas escolhas. Acreditem, essa é pior coisa que um pai e uma mãe podem fazer a seus filhos. Dar a eles alimentos, roupas, brinquedos, casa, estudos e diversão, e não lhes dar Deus é como não lhes dar nada, porque essas crianças crescerão sem conhecer a verdade e se tornarão adultos vazios, que serão facilmente tragados pelo pecado.

Um aspecto muito importante da vida de Santa Teresa, além de seu temperamento forte, é a sua extrema sinceridade. Ela narrou que, antes de entrar para o convento, experimentou alguns caprichos e diversões mundanas, confessando que foi uma de tantas jovens que se refugiou no convento ‘para se remediar’, não por falta de recursos econômicos ou de pretendentes de casamento, nem mesmo pelo amor a Deus, mas para garantir a própria salvação eterna: “Neste movimento de escolher estado, julgo que me movia mais o temor servil do que o amor”.

Tal Mãe, tal filha

A vida no Carmelo provocou a completa transformação da jovem Teresa, que passou a viver tão só para Jesus e Maria, referindo-se a si mesma como “filha, escrava e protegida de Nossa Senhora”, sentimento que transmitiu aos seus filhos e filhas espirituais.

Mais tarde, quando decidiu reformar a Ordem, Santa Teresa atribuiu a Maria o encargo de Senhora e Padroeira do Carmelo, de forma que tudo o que se referia à renovação da vida carmelita passou a pertencer a Nossa Senhora do Carmo, que se tornou o modelo perfeito de santidade para os frades, monjas e leigos que se tornariam os Carmelitas Descalços, novo braço da família Carmelita criado por ela.

Quanto mais cresceu na fé, tanto mais Santa Teresa se assemelhou à Santíssima Virgem por seu imenso amor a Jesus e por sua pureza de vida, o que nos permite dizer: tal Mãe, tal filha, porque, quando o amor é verdadeiro, ele transforma aquele que ama no amado e, assim como ocorreu com Santa Teresa, Nossa Senhora se faz acessível a cada um de nós que queira entregar a Ela o coração e a vida.

Por Afonso Pessoa

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