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São José: pai virginal de Jesus, casto esposo de Maria e patriarca da Santa Igreja

Deus quis que o paraíso terrestre fosse guardado por um Anjo. Mas os seus grandes tesouros, Ele os entregou a São José.  

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Redação (19/03/2022 09:59, Gaudium Press) Paramentos brancos, flores, instrumentos, atmosfera de gáudio e alegria: já é a Páscoa? Não propriamente, mas uma festa na qual a Igreja nos prepara de modo eminente para o Domingo da Ressurreição: a Solenidade de São José!

Toda a liturgia, neste tempo da Quaresma, nos convida ao arrependimento, à oração, à penitência, à conversão, ao jejum, à abstinência. Entretanto, como afirma o famoso ditado, “as palavras comovem, mas os exemplos arrastam”; é, pois, com a intenção de “arrastar” o nosso coração à santidade que, em plena Quaresma, a Santa Igreja faz, por vezes, resplandecer diante de nossos olhos a figura grandiosa, misteriosa e exemplar de São José.

A grandeza dos que são humildes

O Evangelho de hoje nos mostra de modo esplêndido o grau de virtude que ornava a alma de São José:

A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua Mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de viverem juntos, Ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-La, resolveu abandonar Maria em segredo (Mt 1,18-19).

José “era justo”, frisa o Evangelista. E diante dessa Virgem que lhe fora dada como esposa, cuja virtude deixou surpresos até os Anjos, tomou uma atitude humilde e admirativa.

Pode-se conjecturar, que à medida que melhor ia conhecendo Nossa Senhora, mais crescia o seu enlevo por Ela. E percebia a indignidade de qualquer homem, por mais virtuoso que fosse, de ser esposo daquela Virgem angelicamente pura.

Ora, alguns meses depois, quando São José foi buscar Maria na casa de Santa Isabel, eram visíveis os sinais da gestação do Menino Jesus. Contudo, Ela nada lhe disse… E ele nada perguntou…

Uma coisa é certa: como afirma um famoso mariólogo: “Ele bem sabia como era admirável a virtude de Maria, e, apesar, da evidência exterior dos fatos, não conseguia acreditar ser Ela culpada”.[1]

A santidade da Virgem era inquestionável e afastava qualquer suspeita do Santo Patriarca. Todavia, também era evidente e inexplicável a realidade. Compreendeu, então, que se deparava com um mistério e, não diminuindo em nada sua admiração pela Virgem das virgens, aceitou sem reparos os desígnios divinos que não alcançava entender. A virtude ímpar de sua esposa falava mais alto do que aquela situação incompreensível, como canta com inspiradas palavras o autor da Obra Imperfeita: “Ó inestimável louvor de Maria! Acreditava São José mais na castidade de sua esposa do que naquilo que seus olhos viam, mais na graça do que na natureza: percebia claramente que Ela era Mãe, e não podia crer que fosse adúltera; julgou ser mais possível uma mulher conceber sem concurso de varão do que Maria poder pecar”.[2]

Que atitude tomou, então, São José diante de um tal mistério? Decidiu abandonar Maria em segredo, não temendo ser visto por toda a sociedade como um homem infame que abandonou sem motivo sua esposa inocente e um futuro filho. Mas ele preferia isto a condenar uma inocente.

Ademais, como bem aponta uma importante corrente de comentaristas, diante de mistérios sobrenaturais de tal maneira impenetráveis, São José sentia-se cada vez menos merecedor do sublime convívio com Maria Santíssima e diante do Filho que d’Ela iria nascer: “José quis afastar-se de Maria por julgar-se indigno de viver na companhia de uma Virgem tão santa”.[3]

Humildade extraordinária a desse varão! Oxalá se encontrasse virtude semelhante nas famílias de hoje! Não é exagero dizer que a humanidade seria outra e muitos dos castigos que caem sobre o mundo de hoje se tornariam dispensáveis. É com muita razão que se diz ser a família a “célula mãe da sociedade”.

Patriarca da Santa Igreja Católica

Entretanto, São José não é grande somente por sua humildade e despretensão.

Quando possuímos algo de muito valor, pensamos duas vezes – pelo menos! – antes de entregá-lo nas mãos de alguém, e só o fazemos a uma pessoa de confiança. Pois bem, se Deus quis que o paraíso terrestre fosse guardado por um Anjo, o seu próprio Paraíso – Maria Santíssima – Deus o entregou a São José! O próprio Verbo Incarnado quis se submeter a São José. Estes tesouros, São José os tem consigo no Céu. Mas, há um outro que está na Terra e que é protegido por Ele de modo admirável: a Santa Igreja Católica.

Muitos teólogos afirmam que São José foi levado ao Céu antes da morte de Nosso Senhor, porque se ele estivesse presente na Paixão de seu Filho, nunca permitiria que o matassem. Calcula-se, assim, que força de personalidade tem este santo!

Ora, se São José é patriarca e padroeiro da Santa Igreja, é impossível que não nutra por Ela o mesmo zelo e amor que tem em relação ao seu Divino Filho.

Portanto, nestes tempos tão conturbados para a Igreja, peçamos a intercessão de São José junto à esposa Mística de Cristo, para que de modo perfeito Ela cumpra a missão de ensinar, governar e santificar os povos.

Extraído com adaptações de:

CLÁ DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os Evangelhos: comentários aos Evangelhos dominicais. Città del Vaticano-São Paulo: LEV-Instituto Lumen Sapientiæ, 2012, v. 1, p. 55-69.


[1] JOURDAIN, Zéphyr-Clément. Somme des grandeurs de Marie. 2. ed. Paris: Hipolyte, Walzer, 1900, t. II, p. 321.

[2] AUTOR INCERTO. Opus Imperfectum in Matthæum. Homilia I, c.1 : MG 56, 633.

[3] JOURDAIN. Op. cit., p.323.

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