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São José: pai real de Nosso Senhor Jesus Cristo

Na relação amorosa entre Deus e sua excelsa Mãe, Filha e Esposa, associa-se alguém escolhido para uma missão toda especial no mistério da Encarnação: São José.

São José - Casa Lumen Prophetæ. Foto: Ivano Gavilanes

São José – Casa Lumen Prophetæ. Foto: Ivano Gavilanes

Redação (19/03/2024 09:43, Gaudium PressAos olhos de Deus, a Sagrada Família de Nazaré participa de um mesmo plano salvífico de Deus, desde o decreto de predestinação, único para Jesus, Maria e José, sendo eles, de modo conjunto e hierárquico, os primeiros predestinados com vistas à Redenção.

Junto a Maria, São José foi chamado a pertencer de forma muito próxima a esta altíssima realidade, dada sua função diretamente ligada à Pessoa do Redentor. Como ressalta Mons. João Clá Dias, em sua obra São José, quem o conhece?…, a cooperação do Santo Patriarca para a concepção de Cristo não ocorreu do ponto de vista biológico, mas sim moral, que é o aspecto mais nobre.

Assim, essa cooperação com o plano da união hipostática foi verdadeira, moralmente necessária e íntima pois, por sua disposição de cumprir a vontade divina com toda a radicalidade e nos pormenores, pode-se afirmar que, de modo implícito, ele acatou na alegria de sua alma o plano de Deus sobre a concepção virginal, ainda que não o conhecesse em seus detalhes.

Ademais, sem a aceitação de São José em desposar Maria, o Verbo Encarnado não poderia entrar no mundo como o Criador desejou desde os primórdios da humanidade, ou seja, no seio de uma família bem constituída. Somente seu consentimento tornaria possível a Nossa Senhora ser Virgem e Mãe de maneira digna e conveniente; e a ele, pelo direito a tudo o que pertencia à sua esposa, ser também virgem e pai, ou melhor, pai virginal de Jesus, “o título mais perfeito para referir-se à sua relação com o Filho de Deus”.

Um “deus” para o próprio Deus

É preciso também considerá-lo como pai real de Nosso Senhor. Em primeiro lugar, porque as palavras de Deus não somente simbolizam, mas, gozando de eficácia própria, realizam de fato aquilo que significam. Ora, Jesus evidentemente chamou São José de “pai”, o que é, em si, uma prova flagrante de sua verdadeira paternidade. Além disso, a própria Virgem Santíssima confirmou a paternidade virginal de seu esposo, ao encontrar o Menino Jesus no Templo e dizer: “Teu pai e Eu Te procurávamos” (Lc 2, 48).

Outros trechos da Escritura ainda comprovam ser real, e não só simbólica ou jurídica, a paternidade de São José. São Mateus, por exemplo, elenca a genealogia de Cristo a partir do Santo Patriarca (cf. Mt 1, 16) pois, para o povo judeu, a hereditariedade sempre provinha do varão. E o Anjo confia a José a função paterna de impor o nome a Jesus (cf. Mt 1, 21), tarefa simples, mas na qual se consigna todo o ofício paterno do esposo de Maria.

Desta prerrogativa legal concedida a São José decorre sua autoridade sobre o Filho Unigênito do Padre Eterno. Deparamo-nos, então, com a imensa majestade de um homem “encarregado da conduta de um Deus e colocado como superior d’Aquele em cuja presença a mais elevada das criaturas, as supremas hierarquias angélicas, os Serafins e os Querubins, se prostram e se aniquilam, lançando suas coroas a seus pés”. Na bela expressão de Thompson, “José foi, de certa forma, designado a ser um deus para o próprio Deus”.

Apesar de não ter contribuído biologicamente para a geração de Jesus, São José O amou como pai algum jamais amou seu filho em toda a História. Longe de diminuir o afeto, a virgindade ilibada deste santo varão o dilatou e purificou pois, possuindo um coração puro, nada de terreno ou humano se imiscuía no carinho paterno por ele devotado ao Menino-Deus.

Embaixador do Espírito Santo junto a Maria

A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade também atuou de maneira eminente em relação ao Santo Patriarca no tocante à Encarnação. Nossa Senhora é Esposa do Espírito Santo, pois concebeu por obra d’Ele (cf. Mt 1, 20; Lc 1, 35). Mas Maria é igualmente Esposa, e Esposa real, de José! Como explicar este paradoxo? Sendo invisível, o Paráclito concedeu à sua virginal Esposa, como substituto, um esposo visível, que deveria acompanhá-La em todos os lugares e prestar-Lhe fiel serviço.12 Como disseram alguns teólogos josefinos, ele foi um “vice-Paráclito”.

E há mais. O Santo Patriarca foi o modelo adotado por Deus para a geração da humanidade de Jesus. Assim, o Divino Espírito Santo fez com que o temperamento, as disposições e as inclinações de José, bem como sua própria aparência física, se assemelhassem ao máximo aos do Salvador. Tal semelhança era de inegável conveniência para que Jesus fosse, aos olhos de todos, considerado filho real de São José.

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 267, março 2024. Por Vinícius Niero Lima.

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