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São João Bosco: o sonho das duas colunas

O vento lhe é contrário e o mar agitado favorece os inimigos. A Igreja sempre terá dias difíceis. Como agirá nessas circunstâncias? 

O sonho das duas colunas

Redação (30/01/2024 15:04, Gaudium Press) Imaginem que estão comigo junto à praia do mar, ou melhor, sobre um rochedo isolado, do qual não se avista mais sequer uma faixa de terra.

Naquela imensa superfície líquida, vê-se uma incontável multidão de naus de guerra dispostas em ordem de batalha, com proas terminadas por um esporão de ferro afiado em forma de lança, o qual fere e transpassa qualquer coisa contra a qual se arremete. Estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e outras armas de todos os gêneros, de material incendiário, e também de livros.

Avançam todas contra uma nave muito maior e mais alta, tentando enfiar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos causar-lhe todo o dano possível.

Duas robustas colunas sobre as ondas

A essa majestosa nave, totalmente aparelhada, fazem escolta muitos pequenos navios que, recebendo dela os sinais de comando, manobram para defender-se da frota inimiga.

O vento lhes é contrário e o mar agitado favorece os inimigos. Na imensa amplidão do mar levantam-se, acima das ondas, duas robustas colunas, altíssimas, pouco distantes uma da outra.

Sobre uma delas está a imagem da Virgem Imaculada, a cujos pés se estende um grande cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxílio dos Cristãos).

Sobre a outra coluna, que é muito mais compacta e alta, há uma Hóstia de tamanho proporcionado, e em sua base outro cartaz com estas palavras: Salus credentium (Salvação dos que creem).

O comandante supremo convoca os pilotos da frota

Na grande Nave, o comandante supremo, que é o Romano Pontífice, avaliando o furor dos inimigos e a difícil situação na qual se encontram seus fiéis, resolve convocar os pilotos dos navios secundários para deliberar e tomar uma decisão.

Todos eles se juntam em torno do Papa, na Nau Capitânia. Reúnem-se em conselho, mas, como o vento e a tempestade se enfurecem cada vez mais, são mandados de volta, para governar cada qual seu respectivo navio.

Faz-se um pouco de bonança e o Papa reúne pela segunda vez os pilotos em torno de si, enquanto a Nau Capitânia segue seu curso. Mas a borrasca recomeça espantosa.

O Papa empunha o leme e todos os seus esforços visam posicionar a Nave entre aquelas duas colunas, de cujo cimo pendem numerosas âncoras e grossos ganchos fixos em correntes.

Ressoa entre os inimigos um grito de vitória

Todos os navios inimigos movimentam-se para assaltá-la e fazem de tudo para cercá-la e afundá-la. Uns com os escritos, com os livros, com materiais incendiários, dos quais estão repletos e procuram arrojar-lhe a bordo; outros com os canhões, os fuzis, os esporões.

O combate se torna cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se violentamente contra ela, mas são inúteis seus esforços e seu ímpeto.

Em vão retomam o ataque e gastam suas energias e munições: a grande Nave prossegue com segurança e desenvoltura sua rota. Acontece por vezes que, atingida por formidáveis golpes, abre-se em seus flancos uma larga e profunda fissura, mas logo em seguida sopra um suave vento proveniente das duas colunas, as fissuras desaparecem e fecham-se as entradas de água.

Enquanto isso os assaltantes disparam seus canhões, seus fuzis e outras armas, e atacam com os esporões. Muitos navios são destroçados e afundados. Os furibundos inimigos começam então a combater com armas curtas; e com as mãos, com os punhos, com blasfêmias e maldições.

Em certo momento, gravemente ferido, o Papa cai. Logo seus acompanhantes correm em seu auxílio e o levantam. Atingido uma segunda vez, tomba de novo e morre.

Entre os inimigos, ressoa um grito de vitória e de alegria; percebe-se em seus navios um indescritível júbilo. Mas eis que, apenas morto o Pontífice, outro assume seu posto. Os pilotos reunidos o elegeram tão prontamente que a notícia de sua morte chegou junto com a da eleição do seu sucessor. Os inimigos começam a perder a coragem.

Reina no mar uma grande calma

O novo Papa, superando e aniquilando todos os obstáculos, conduz a Nave até as duas colunas e, no meio delas, prende-a com uma curta corrente que pendia da proa a uma âncora da coluna sobre a qual está a Hóstia; e com outra curta corrente pendente da popa prende-a, do lado oposto, a outra âncora pendurada à coluna sobre a qual se encontra a Virgem Imaculada.

Produz-se então um grande alvoroço. Todos os navios que até aquele momento tinham combatido a Nave do Papa fogem, se dispersam, se entrechocam e se destroem mutuamente.

Uns naufragam e procuram afundar os outros. Algumas pequenas naus que combateram valorosamente pelo Papa são as primeiras a se amarrarem àquelas colunas.

Muitas outras naves, que haviam se afastado por medo do combate, encontram-se muito distantes e observam prudentemente a situação até que, vendo desaparecer nos abismos do mar os destroços dos navios destruídos, remam vigorosamente para junto das duas colunas, onde se atracam aos ganchos que delas pendem, e aí permanecem tranquilas e seguras, juntas à Nave principal na qual está o Papa. Reina no mar uma grande calma.

Memórias Biográficas de São João Bosco.

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho n.121.

 

 

 

 

 

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