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São João Bosco: Dai-me almas, Senhor, e levai o resto

No dia 31 de janeiro, celebra-se a memória de São João Bosco, fundador dos Salesianos e extraordinário apóstolo da juventude. Ele conquistava almas para Deus não só através de realizações apostólicas, mas também com textos, como o que reproduzimos a seguir.

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Redação (31/01/2021 15:49, Gaudium Press) Muito digna de louvor é a incansável caridade com a qual o jovem sacerdote João Bosco procurava meninos carentes nas ruas de Turim, os alimentava e lhes proporcionava sadias diversões nos seus “oratórios festivos”.

Mais ainda, os esforços sobre-humanos para montar oficinas-escolas onde dar-lhes uma formação profissional que os habilitassem a prover honestamente às suas próprias necessidades.

Longe estava, porém, este grande Santo de contentar-se com uma mera obra social limitada à prestação de ajuda material a crianças e adolescentes “em situação de risco”, como se diz em nossos dias.

Seu objetivo era muito mais elevado: dar sólida formação cristã a esses jovens, fechar as vias do pecado e fazer brilhar ante seus olhos, pela pregação e pelo exemplo, as virtudes que nos tornam felizes nesta Terra e nos conduzem ao Céu.

Em outras palavras: conquistar almas para Deus e para a Igreja. Não sem motivo, pois, ele tomou por lema esta famosa frase que a Família Salesiana ostenta em seu brasão: “Da mihi animas, cætera tolle – Dai-me almas, Senhor, e levai o resto”.

Somente à luz desta divisa se pode compreender a imensa obra de apostolado levada a cabo por São João Bosco. Seu esforço para incentivar os jovens à prática das virtudes, em neles incutir, para isso, a necessidade da oração e da frequência aos Sacramentos, as horas e horas despendidas no atendimento de Confissões, dão eloquente testemunho de quanto ele tomava a sério seu lema.

O texto transcrito a seguir, de sua autoria, é um de centenas de exemplos nesta matéria.

Não estás no mundo apenas para gozar

Considera, meu filho, que Deus te criou à sua imagem, deu-te um corpo e uma alma, sem mérito algum de tua parte. Depois, pelo santo Batismo, fez-te seu filho, amou-te e te ama com ternura de pai.

Foste criado com o fim único de amá-Lo e servi-Lo nesta vida e ser eternamente feliz com Ele, no Paraíso. Portanto, não estás no mundo apenas para gozar, nem para ficar rico, nem para comer, beber e dormir como os animais; tens uma finalidade muito mais nobre e sublime: amar e servir a Deus, e salvar tua alma.

Se fizeres isto, quantas consolações sentirás na hora da morte! Mas se não te esforçares para servir a Deus, quantos remorsos te assaltarão no fim da vida! As riquezas e os prazeres tão procurados servirão apenas para amargurar teu coração, pois então verás os danos que eles causaram à tua alma.

Muito cuidado, meu filho, para não seres daqueles que só pensam em satisfazer o corpo com más ações, palavras e diversões, pois na última hora eles se verão em grande risco de serem lançados no inferno.

Um secretário do rei da Inglaterra disse ao morrer: “Ai de mim! Gastei tanto papel escrevendo as cartas do meu rei e nunca usei uma folha sequer para anotar meus pecados e fazer uma boa Confissão!”.

Maior importância terá a teus olhos esta finalidade se considerares que dela depende tua eterna salvação ou perdição. Se salvares tua alma, tudo estará bem, serás sempre feliz; se não a salvares, perderás a alma e o corpo, Deus e o Paraíso, e estarás condenado por toda a eternidade.

Odeia e abandona já o pecado

Não imites os infelizes que se iludem, dizendo: “Cometerei este pecado, mas logo me confessarei”… Não te enganes assim a ti mesmo, pois Deus amaldiçoa quem, para poder pecar, se apoia na esperança do perdão.

Todos aqueles que estão no inferno tinham esperança de se converter mais tarde… e lá estão perdidos para sempre.

Como podes saber se terás mesmo tempo de confessar? Quem te garante que não morrerás logo após o pecado e tua alma não será, assim, precipitada no inferno?

Além disso, haveria loucura maior do que alguém abrir em seu corpo uma chaga, com a esperança de depois encontrar um médico para curá-la?

Rejeita, pois, a falaciosa ilusão de converter-se mais tarde; odeia e abandona já o pecado, que é o sumo mal e que, afastando-te de teu fim último, te priva de todos os bens.

Quero prevenir-te aqui contra um terrível laço com o qual o demônio amarra e conduz à perdição muitos cristãos: o de permitir que eles aprendam seus deveres religiosos, mas não que os ponham em prática.

Sabendo embora que foram criados por Deus para amá-Lo e servi-Lo, esses infelizes agem como se não procurassem outra coisa senão sua própria perdição.

Quantas pessoas há de fato no mundo que pensam em tudo, menos em salvar-se! Se aconselho um jovem a frequentar os Sacramentos, a rezar um pouco, ele responde: “Tenho outras ocupações, preciso trabalhar, quero divertir-me”.

Oh infeliz! E não tens uma alma a salvar?

Se perder a alma, perderei tudo!

Tu, porém, ó jovem católico que lês esta consideração, não te deixes enganar assim pelo demônio. Promete agora ao Senhor que doravante tudo quanto pensares, disseres ou fizeres será para a salvação de tua alma. Pois cometerias a maior loucura ocupando-te tanto daquilo que logo passa e tão pouco da eternidade.

São Luís podia usufruir todos os prazeres, riquezas e honras, mas renunciou a tudo, dizendo:

– De que me serve isto para a vida eterna?

Tira também tu esta conclusão: “Tenho uma alma. Se perdê-la, perderei tudo! Que me aproveita ganhar o mundo inteiro, mas perder minha alma (cf. Lc 9, 25)?

Se chegar a ser um potentado, um milionário, se conquistar a fama de sábio em todas as ciências e artes, mas perder minha alma, de que me servirá tudo isso?”.

Nada vale para ti toda a sabedoria de Salomão se te condenares. Faze, portanto, este raciocínio: “Fui criado por Deus para salvar minha alma e quero salvá-la a qualquer custo; quero que de futuro a única finalidade de minhas ações seja o de amar a Deus e salvar minha alma.

Trata-se de ser sempre feliz ou sempre infeliz. Nada me interessa, portanto, a não ser minha salvação!”

 “Perdoai, ó Deus, meus pecados e fazei que nunca mais me aconteça a desgraça de Vos ofender. Ajudai-me, com vossa santa graça, a Vos amar e servir fielmente de ora em diante. Maria, minha esperança, rogai por mim”.

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho n.181, janeiro 2017.

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