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Santo Agostinho, um gigante da Fé

Movido pela graça divina, decidiu abandonar tudo e, sua mãe, seu filho e alguns amigos, foi fazer um recolhimento a fim de se preparar para o Batismo.

 Movido pela graça divina, decidiu abandonar tudo e, sua mãe, seu filho e alguns amigos, foi fazer um recolhimento a fim de se preparar para o Batismo.
Redação (26/05/2021, 18:05, Gaudium Press) Em meados do século IV, Deus suscitou um dos homens mais inteligentes da História. Muitíssimo mais importante que isso, ele foi um gigante da Fé, da sabedoria e da combatividade, que brilhou como um sol para iluminar o gênero humano até o fim do mundo. Seu nome: Santo Agostinho.

Em Cartago, recebe uma coroa de louros

Nasceu ele, em 354, na cidade de Tagaste, situada na atual Argélia. Seu pai era pagão e chefe militar da guarnição do exército romano existente na localidade; graças ao apostolado de sua esposa, Santa Mônica, ele foi batizado pouco antes de sua morte. Ela inscreveu seu filho Agostinho entre os catecúmenos a fim de prepará-lo para o Batismo, mas circunstâncias adversas não permitiram que ele recebesse o Sacramento.

Em sua cidade natal estudou gramática e autores latinos. Graças à ajuda financeira do pai de seu amigo Alípio, mudou-se para Cartago – importante cidade do Norte da África –, onde cursou Retórica, ou seja, a arte de discursar, por quatro anos, mas se deixou arrastar pela vida libertina dos seus colegas estudantes. Pior. Tornou-se adepto do maniqueísmo, heresia que propugna, entre outros erros, a afirmação de que o universo é regido por dois princípios: o do bem e o do mal.

Lendo uma obra de Cicero que enaltece a sabedoria, começou a querer adquirir essa virtude, embora a entendesse apenas do ponto de vista natural.

Foi professor de Retórica em Tagaste e Cartago, durante dez anos. Nesta última cidade, a fim de participar de um concurso concernente à arte, escreveu uma obra sobre o belo – infelizmente perdida –, e ganhou o primeiro prêmio. Num teatro, foi realizada uma solenidade na qual o procônsul colocou sobre a cabeça do jovem Agostinho uma coroa de louros.

Dirigiu-se depois a Roma, onde adoeceu gravemente e esteve às portas da morte. Tendo se restabelecido, soube que em Milão procurava-se um professor de Retórica; os interessados deveriam enviar ao Prefeito de Roma um discurso.
Santo Agostinho encaminhou logo a essa autoridade um texto e foi aprovado.

Catedrático em Milão

Em 384, contando 30 anos de idade, acompanhado por seu filho e Alípio, mudou-se para Milão que era então a capital do Império Romano do Ocidente, e tomou posse da importante cátedra de Retórica. Nas festas oficiais, ele fazia os discursos que eram acolhidos triunfalmente.

Santa Mônica, que muito chorara devido à situação moral de seu filho, foi residir em Milão. Aliás, um venerando bispo, provavelmente de Tagaste, já lhe afirmara: “É impossível que pereça o filho de tantas lágrimas.”

Sabendo Santo Agostinho que o Bispo de Milão, Santo Ambrósio, era considerado um dos melhores oradores da Itália, passou a frequentar a catedral da cidade a fim de contemplar e analisar a beleza literária das suas homilias. Tocado pela graça, ele se afastou dos hereges maniqueus.

Começou a estudar obras que expunham o pensamento de Platão, sempre buscando ensinamentos sobre a sabedoria. Logo depois, lendo as epístolas de São Paulo, ele vislumbrou a Sabedoria eterna e Encarnada.

“Toma e lê!”

Entretanto, tudo isso ficava num plano teórico. O passo decisivo para sua inteira conversão foi uma graça mística que ele recebeu.

Estava Santo Agostinho em sua casa, em Milão, quando ouviu uma voz de menino provindo da residência vizinha e que dizia: “Tolle et lege! – Toma e lê!”

Imediatamente ele apanhou um livro contendo as epístolas de São Paulo, e seus olhos caíram sobre um trecho onde o Apóstolo fala contra a impureza. Movido pela graça divina, decidiu abandonar a cátedra que exercia e, juntamente com sua mãe, seu filho e alguns amigos, entre os quais Alípio, foi fazer um recolhimento numa casa situada nas redondezas de Milão, a fim de se preparar para o Batismo.

Em 387 – estando com 33 anos de idade –, juntamente com seu filho Adeodato e o grande amigo Alípio, foi batizado por Santo Ambrósio. Quando ele entrou na igreja, os fiéis com transportes de alegria bradaram: “Agostinho! Agostinho!”
Durante a cerimônia, Santo Agostinho e Santo Ambrósio cantaram o belíssimo hino “Te Deum”, composto de improviso naquele momento.

Colóquio de Óstia

Decidiu, então, regressar para Tagaste e os seus o acompanharam.
Viajaram por terra até o porto de Óstia, nas cercanias de Roma, onde se alojaram numa hospedaria, aguardando a vinda de um navio que pudesse conduzi-los à África.

Certo dia, ao entardecer, mãe e filho estavam juntos, numa janela que dava para um jardim, se olhavam e se queriam bem. Iniciaram, então, uma conversa na qual comentavam os vários seres criados, dispostos numa escala ascendente, desde os existentes nesta Terra até o Sol, a Lua, as estrelas. E, subindo os diversos degraus, chegaram até o cume e contemplaram a Sabedoria eterna e incriada .

Comenta Dr. Plinio Corrêa de Oliveira que ambos fizeram uma meditação escolástica, um arrazoado filosófico-teológico, ao término do qual Nosso Senhor mostrou-Se a eles .

Em determinado momento, Santa Mônica disse a seu filho: “Por uma só coisa eu desejava permanecer um pouco nesta vida: era ver-te cristão católico antes de morrer. Meu Deus me concedeu isso com superabundância, pois eu te vejo desprezar toda felicidade terrestre para servi-Lo. Que faço eu aqui?”

Pouco tempo depois, Santa Mônica foi atingida por uma febre muito alta e, percebendo que iria morrer, pediu a seu filho que se lembrasse dela no altar do Senhor. Por um discernimento profético, ela soube que um dia Santo Agostinho seria sacerdote.

Logo depois, “esta alma piedosa e santa viu cair as correntes corporais” e subiu ao Céu. Tinha 66 anos de idade e seu venerável corpo foi enterrado em Roma.

Santo Agostinho permaneceu quase um ano na Cidade Eterna e depois voltou, com alguns amigos, à África.

Por Paulo Francisco Martos

(in “Noções de História da Igreja” – 52)

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1- SANTO AGOSTINHO, Confissões. Livro III, cap. 12.
2- Idem. Confissões. Livro VIII, cap. 12.
3- Idem, Cf. Confissões. Livro IX, cap. 10.
4- Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. O colóquio de Óstia. In revista D4r. Plinio. São Paulo. Ano IV, n. 34 (janeiro 2001), p. 23.
5- SANTO AGOSTINHO. Confissões. Livro IX, cap. 10.
6- Idem, ibidem. Livro IX, cap. 11.

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