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Santa Sé exortada a pressionar comunidade internacional para pôr fim a crise humanitária na Etiópia

Fr. Mussie Zerai Yosief pede divulgação da crise humanitária catastrófica em Tigrey.

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Redação (21/06/2021 17:13, Gaudium Press) Em uma recente entrevista, concedida à Sociedade das Missões Africanas, Fr. Mussie Zerai Yosief – o coordenador europeu dos católicos eritreus – lançou um apelo urgente para que se “continue a reunir informações sobre o que está acontecendo em Tigray e informar a opinião pública através de seus meios de comunicação. Solicitem a Santa Sé a pressionar, através de sua rede diplomática, a comunidade internacional para que ela possa intervir com mais vigor e pôr fim a esta situação.”

Fr. Zerai explica que as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos ao governo etíope não são suficientes. “Deve-se exigir que se detenha o massacre da população civil; corredores humanitários devem ser abertos e comboios de ajuda que estão esperando nas fronteiras da região de Tigray devem ser liberados”.

Ele ainda insistiu que “a população civil não tem culpa neste conflito: não deve pagar pelas falhas de qualquer partido ou do governo federal. É a população mais vulnerável que está pagando o preço mais alto por essa crise: mulheres, idosos e crianças.”

Situação humanitária catastrófica

“A situação humanitária é catastrófica. As pessoas estão passando fome. Muitas infraestruturas foram destruídas. A ajuda humanitária não consegue chegar à população”.

Ademais, os hospitais estão danificados, faltam medicamentos e a pandemia do Covid sobrecarregou todo o sistema de saúde.

Além da guerra, uma invasão de gafanhotos devastou a pequena colheita que os agricultores tinham a muito custo conseguido cultivar. É uma verdadeira catástrofe humanitária. Centenas de milhares de pessoas estão em risco.

Um cessar-fogo ainda não foi declarado, e assim as pessoas continuam atirando, matando e morrendo. Os culpados devem responder à lei do direito internacional pelos crimes cometidos.

Contexto

A história da Etiópia foi vista como um sucesso na África. Em meados da década de 1990, começou a se mover em direção à democracia, e a partir de um estado de extrema pobreza, tornou-se um modelo de desenvolvimento rápido e eficaz. Em 2019, seu primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ganhou o Prêmio Nobel da Paz por acabar com a guerra de 20 anos da Etiópia com a vizinha Eritreia.

Devido à pandemia COVID-19, a Etiópia adiou as eleições gerais federais de 2020 para 2021, permitindo que o primeiro-ministro Abiy Ahmed permanecesse no cargo além de seu mandato.

A Frente de Libertação Popular Tigray (TPLF) – o partido dominante em Tigray – realizou sua eleição regional em setembro de 2020. Ambos os lados consideram o outro ilegítimo. O governo federal acabou por cortar o financiamento de Tigray em outubro, o que foi considerado pelo TPLF ao “equivalente a uma declaração de guerra”.

Desde o início de novembro de 2020, os combates entre as tropas federais da Etiópia e as forças dominantes na região norte do país de Tigray mataram centenas de pessoas, deslocaram cerca de 100.000 tigrínios e ameaçaram a segurança de cerca de 100.000 refugiados da vizinha Eritreia que viviam em campos em Tigray.

Como resultado, mais de 30.000 pessoas fugiram para o vizinho Sudão, com milhares de refugiados – muitos dos quais são crianças – chegando todos os dias.

A Etiópia é um dos estados cristãos mais antigos do mundo. De acordo com o último censo do governo de 2007, os cristãos constituem 62,8% da população total, sendo o maior grupo de cristãos ortodoxos etíopes com 43,5%, seguido pelos protestantes com 18,6% e os católicos com 0,7%.

A tradição católica sustenta que São Mateus foi martirizado na Etiópia.

(Com informações Agenzia Fides)

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