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Santa Rita de Cássia: a santa das causas impossíveis

Santa Rita de Cássia, cuja memória a Igreja celebra no dia 22 de maio, é a padroeira das causas consideradas impossíveis. Suportou com paciência os maus-tratos do marido. Após a morte deste e dos filhos, entrou no mosteiro da ordem de Santo Agostinho, onde foi religiosa exemplar.

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Redação (22/05/2024 07:49, Gaudium Press) Embora já de avançada idade, Antonio Mancini e sua esposa, Amanta, não cessavam de rogar a Deus, confian­te e insistentemente, a bênção de terem um filho que ­lhes alegrasse o lar. Viviam eles na pequena aldeia de Rocca Porena, em Cássia, na Úmbria.

Para atender às preces desse piedoso casal, realizou Deus o primeiro “impossível” da vida de Santa Rita: seu nascimento no dia 22 de maio de 1381.

Era uma encantadora menina. E desde sua mais tenra idade, a Divina Providência começou a manifestar especiais desígnios a seu respeito. Segundo narra uma tradi­ção, enquanto ela dormia na cestinha que lhe servia de ber­ço, com frequência apareciam umas raras abelhas bran­cas que esvoaçavam em torno dela e depositavam suavemente mel em seus lábios, sem feri-la ou despertá-la. Um dos camponeses vizinhos, presenciando a cena por primeira vez, quis afastar os insetos com a mão aleijada que tinha. No mesmo instante sua mão ficou curada.

Depois da morte de Santa Rita, essas mesmas abelhas brancas começaram a aparecer anualmente no mosteiro das agostinianas, onde ela passou os últimos anos de sua vida. Lá chegavam na Semana Santa e permaneciam até o dia 22 de maio. Depois se retiravam, para retornarem na Semana Santa seguinte. Até hoje podem ser vistos pelos peregrinos os buraquinhos feitos por elas nas paredes do mosteiro.

Infância marcada pela piedade e obediência

Desde pequena, demonstrava Rita grande inclinação para a piedade. Seus pais, apesar de não saberem ler nem escrever, ensinaram-lhe o Catecismo e a história de Jesus. Dedicava-se com grande gosto à oração, meditava sempre sobre a Paixão de Nosso Senhor. Não sabia ler nem escrever. Entretanto, “lia” continuamente o mais mag­nífico de todos os livros: o Crucifixo.

Além de ser especialmente devota de Nossa Senhora, es­colheu como padroeiros São João Batista, Santo Agos­tinho e São Nicolau de Tolentino. Procurava abs­ter-se de brinquedos e travessuras próprias à ida­de infantil, como mortificação para consolar a Jesus Crucificado.

O maior anseio de sua alma era ser religiosa. Exa­tamente neste ponto, exi­giu dela a Providência um enorme ato de obediência, acei­tando um estado de vida oposto ao chamado religioso que sentia na alma. Com apenas 12 anos de idade, foi obri­gada pelos pais a contrair matri­mô­nio com o noivo por eles escolhido, chamado Paulo Ferdinando.

Sofrimentos na família

O marido logo revelou-se um homem agressivo, de mau gênio, beberrão e dissoluto, o que fazia Rita sofrer tremendamente. Ela, entretanto, não só lhe foi sempre fiel, como também suportou tudo isso com extrema pa­ciência, durante 18 anos, sempre rezando e oferecendo esta espécie de martírio pela conversão dos peca­do­res, sobretudo de seu detestável marido.

E mais uma vez o “impossível” se realizou na vida des­sa mulher exemplar. Teve ela, afinal, a alegria de ver o es­­poso converter-se e pedir-lhe perdão por todos os maus tratos e pela vida devassa que havia levado. Quão oportuna foi esta conversão! Pouco tempo depois de reconci­liar-se com Deus, pelo Sacramento da confissão, Paulo Ferdinando foi assassinado por alguns dos maus compa­nheiros que tivera.

Os filhos do casal, dois gêmeos, então com 14 anos, juraram vingar a morte do pai. Vendo Santa Rita quanto os filhos haviam herdado as más tendências do pai, e te­men­do pelo destino eterno dos dois, dirigiu a Deus uma súplica: preferia ver seus filhos mortos a seguirem o cami­nho da perdição. Logo demonstrou o Pai de Misericórdia seu comprazimento com essa súplica de uma mãe verdadeiramente católica. Em menos de um ano, os dois fi­ca­ram doentes e faleceram, perdoando os assassinos de Paulo Ferdinando.

Entrada na vida religiosa

Viúva, sem filhos, livre de tudo que poderia atá-la ao mundo, Rita desejava fazer-se religiosa. Pediu para ser aceita no mosteiro das freiras agostinianas de Cássia, on­de sempre quisera ter estado. Mas — oh decepção! — a supe­riora lhe disse que infelizmente não podiam acei­tar viúvas na congregação, a qual era destinada apenas a virgens.

Imagine-se sua desilu­são e tristeza ao voltar pa­ra ca­sa!… Mas ela era uma mulher santa. Enquanto tal, em vez de deixar-se abater ou desanimar, decidiu seguir com mais ardor ainda do que antes sua vida de oração e peni­tência.

Acorreram em seu au­xí­lio seus padroeiros, San­to Agos­tinho, São João Batista e São Nicolau de Tolentino, obtendo da Medianeira de todas as graças a realização de mais um “impossível” em favor de sua protegida.

Conta-se que numa noite, estando ela imersa em ora­ção, apareceram-lhe estes três Santos e convidaram-na a segui-los. Em êxtase, ela os acompanhou. Quando voltou a si, estava dentro do mosteiro das agostinianas… Havia entrado lá milagrosamente, pois todas as portas e janelas encontravam-se perfeitamente fechadas.

Na manhã seguinte, a madre superiora reconheceu nesse prodigioso fato uma clara indicação da vontade divina e decidiu acolher Rita como noviça nessa santa congregação.

Obediência recompensada pelo milagre

Já revestida do hábito, a nova religiosa foi um exemplo de virtude para todas as suas irmãs de vocação.

Dos três votos da religião, aquele em que mais se esmerava era o de obediência, fazendo sempre a vontade das outras em tudo, até mesmo no que poderia parecer ridículo e insensato. Por exemplo, a superiora mandou-lhe regar todos os dias uma parreira que já estava seca e morta. A obediente freira cumpriu rigorosamente a ordem durante um ano. Uma vez mais o que parecia impossível se realizou: do tronco morto brotaram sarmentos que cresceram e produziram flores e frutos! Existe ainda essa “videira de Santa Rita”, que produz uvas de um sabor especial, as quais amadurecem em novembro.

Partícipe das dores de Jesus coroado de espinhos

Durante a Quaresma de 1443, o grande pregador Santiago de Monte Brandone fez em Cássia um magnífico sermão sobre a Paixão de Jesus, destacando sobretudo o episódio da coroação de espinhos. Depois de ouvir esse sermão, Santa Rita sentiu-se tomada do desejo de parti­cipar dos sofrimentos de Nosso Senhor nesse lance de sua Paixão.

Rezando diante de seu crucifixo, viu espargir-se dele suavemente uma luz, e um espinho desprender-se da co­roa e cravar-se em sua fronte, provocando-lhe uma ferida que a fez sofrer durante seus últimos 15 anos de vida. Além de exalar mau odor, essa provocava-lhe muitas enfermidades. Assim, teve ela atendido deu desejo de ser verdadeiramente partícipe das dores de Jesus coroado de espinhos.

Morte santa, a recompensa

Santa Rita teve uma morte santa, sendo obediente à vontade de Deus até o fim.

Estando já muito enferma, pediu a Jesus um sinal de que seus filhos estavam no Céu. Em meio a um rigoroso inverno, recebeu uma rosa colhida no jardim de sua antiga casa, em Rocca Porena… Pediu um segundo sinal e, no fim do inverno, recebeu um figo, também de seu jardim. Com a realização desses dois “impossíveis”, Deus, por assim dizer, mostra seu comprazimento em que essa gran­de Santa seja invocada como a “Advogada dos impossíveis”.

No dia 22 de maio de 1457, voou para o Céu a bela alma de Santa Rita.

A chaga de sua fronte transformou-se em uma mancha vermelha como um rubi, de onde se exalava uma agradável fragrância. Sua cela ficou iluminada por uma luz celestial e os sinos, sozinhos, repicaram num toque de júbilo e glória.

Foi velada na igreja, aonde acorreu uma multidão de pessoas para vê-la e venerá-la. De seu santo corpo ema­nava um tal perfume que nunca foi enterrado; perma­ne­ce incorrupto até hoje, exposto à veneração dos fiéis no convento de Cássia.

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 17, maio 2003. Por Ir. Juliane Vasconcelos Almeida Campos, EP.

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