Santa Maria Goretti, um exemplo para o mundo
Deus fez de uma menina de onze anos uma heroína da pureza. O que o exemplo dela significa para nós?
Redação (05/07/2020 11:36, Gaudium Press) O contraste entre os acontecimentos dolorosos no terreno da pureza, ocorridos em nossos dias, de um lado e, de outro, o exemplo dado por Santa Maria Goretti é tão flagrante que não podemos deixar de fazer um comentário sobre o tema.
A Igreja venera, no dia de hoje, uma santa a qual, ainda na infância, foi vítima de um atentado brutal, bárbaro e bestial. Entretanto, sacrificou sua vida por amor à pureza.
O que diria da atitude desta santa o mundo de hoje? A degradação moral não se detém e a cada dia são introduzidos costumes mais escandalosos e obscenos a tal ponto que não convém serem mencionados aqui. Na realidade, o último passo será, enquanto não se tenha destruído tudo aquilo que tende a destruir, o nudismo mais anarquista e completo.
O papel da Igreja
Por isso, cabe a nós, católicos, dar glória à Igreja que continua, em meio à decadência geral, a apresentar aos homens um modelo contrário àquilo para o qual o mundo contemporâneo caminha. De maneira que isso seja para nós uma fonte de alegria, de consolação, uma inspiração para a luta em defesa desses valores, por maior que seja a desolação reinante em certos meios a respeito desse assunto.
Santa Maria Goretti se nos apresenta, então, como um incitamento ao zelo da Igreja pela pureza, ao valor dessa virtude que Ela sempre inculcou. De tal maneira que mais vale a pena à pessoa sacrificar sua vida do que perder sua castidade. Precisamos compreender que a virtude de nossa santa foi sobrenatural, e toda a desolação do mundo de hoje pode ser dominada e transformada em motivo de alegria, pela ação da graça divina.
Assim, não podemos desanimar na luta. Lembremo-nos de que a pureza foi restabelecida e elevada a um grau até então desconhecido no mundo antigo, pela introdução da religião católica entre os romanos. Esta continua sempre a mesma e, ademais, o precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente na Eucaristia, pode ser chamado em nossos dias, como o era no passado, o vinho que gera virgens. Portanto, possuímos entre nós o fermento de todas as vitórias e a causa de todos os sucessos. Basta termos fé, piedade, sabermos rezar, fazer penitência em reparação pelos pecadores, que conseguiremos vencer essa onda imensa de impiedade .
Castidade: a base da ordem
Em toda essa questão social de que tanto se fala hoje em dia, o problema da pureza ocupa um lugar preponderante. Não pode haver verdadeira ordem social sem autêntica ordem familiar; e esta não existe sem a virtude cujo nome enche os homens de respeito humano. Essa virtude precisa ser conhecida, admirada e praticada pelos católicos até a última perfeição. Sobre ela pouco se ousa falar: é a virtude da castidade conforme o estado da pessoa, ou a castidade perfeita, ou a matrimonial. Duas formas santas de virtude, que precisam ser adotadas e defendidas.
De fato, a ordem política e social rui inevitavelmente nos lugares onde a pureza não é observada. Não se pode construir seriamente a Civilização Cristã sem que, entre outras virtudes, a da castidade esteja na base. Dessa virtude Santa Maria Goretti nos deu belíssimo exemplo.
Há um princípio de Paul Bourget, muito verdadeiro, que é o seguinte: quando a pessoa não age de acordo com suas ideias, acaba pensando de acordo com seus atos. Com efeito, nossa sociedade, antes mesmo de adotar as ideias anárquicas, vai infelizmente caminhando para elas por meio dos costumes anárquicos.
O homem que a assassinou
Condenado à prisão, reconheceu em toda a extensão, o mal por ele praticado e tornou-se um prisioneiro modelar. Após cumprir a pena, foi recebido como humílimo irmão leigo capuchinho, e solicitou à mãe de Santa Maria Goretti que o atendesse, pois queria pedir-lhe perdão. Esta o perdoou e depois ambos combinaram comungar lado a lado num dia marcado, em uma determinada igreja.
Vemos aqui um exemplo de contrição verdadeira, num mundo onde esta é cada vez menos conhecida: uma cabeça que se humilha, um peito no qual se bate reconhecendo ter pecado, dizendo “mea culpa”. Nesta atitude, foi exaltada a virtude da pureza que havia sido o alvo da destruição.
Esses fatos nos ajudam a compreender que Santa Maria Goretti é nossa padroeira, para nos preservar na virtude da pureza. Mas, se tivermos a desgraça de nos afastarmos desse caminho, peçamos seu auxílio para nos reconduzir a uma verdadeira penitência e sincera conversão.
Com efeito, ela perdoou seu assassino e conseguiu, para um homem tão depravado, uma forma tão alta de virtude que se tornou um religioso. Compreendamos, assim, quanta confiança podemos depositar em sua intercessão.
Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído, com adaptações, de conferência em 6/7/1965)
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