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Santa Helena, mãe do primeiro imperador cristão

Deus “levanta do pó o mendigo, do esterco retira o indigente para fazê-los sentar-se entre os nobres e outorgar-lhes um trono de honra” (I Sm 2, 8).

Deus “levanta do pó o mendigo, do esterco retira o indigente para fazê-los sentar-se entre os nobres e outorgar-lhes um trono de honra” (I Sm 2, 8).
Redação (05/01/2021, 16:17, Gaudium Press) Numa pequena cidade da Bitínia, região da atual Turquia, nasceu no ano de 250 Santa Helena que, embora procedesse de família muito pobre, se tornou imperatriz e exerceu fortalecedora influência sobre seu filho Constantino, o qual deu liberdade à Igreja.

Peregrinação à Terra Santa

Seus pais cuidavam de uma estrebaria e ela precisava ajudar nos trabalhos. Em Santa Helena se cumpriram inteiramente as palavras do cântico de Ana, mãe do Profeta Samuel:
Deus “levanta do pó o mendigo, do esterco retira o indigente para fazê-los sentar-se entre os nobres e outorgar-lhes um trono de honra” (I Sm 2, 8).

Com sua ação de presença e orações, ela ajudou eficazmente seu filho, sobretudo durante a Batalha de Ponte Mílvia, em 312, na qual Constantino, mandando gravar nos estandartes de seu exército a Cruz de Cristo, derrotou o usurpador Maxêncio que se apoderara do poder em Roma.

Sendo já septuagenária, empreendeu uma peregrinação à Terra Santa onde realizou importantes obras. Mandou destruir o templo de Vênus – deusa da impureza –, existente no local onde Jesus tinha sido sepultado, e promoveu a construção da Basílica do Santo Sepulcro; ordenou a edificação da Basílica da Natividade sobre a gruta onde Nosso Senhor nasceu, em Belém.

Por sua ordem realizaram-se escavações no Monte Calvário e encontrou-se a Cruz do Redentor. Outras preciosas relíquias foram descobertas em Jerusalém, como a Scala Santa, escada de 28 degraus do Pretório de Pôncio Pilatos, pela qual Nosso Senhor Jesus Cristo subiu na Sexta-Feira Santa para ser julgado pelo governador romano. Atualmente ela se encontra num santuário próximo à Basílica de São João de Latrão, em Roma.

Pouco tempo depois dessa peregrinação, Santa Helena faleceu em Constantinopla, aos 80 anos de idade, e seu venerável corpo foi enterrado em Roma.

Salutar influência sobre o Imperador Constantino

A respeito dessa alma de escol, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira teceu comentários que a seguir transcrevemos.

“Em vez de considerar este ou aquele aspecto da vida de Santa Helena, gostaria de ressaltar a impressão que o todo de sua personalidade nos comunica. Nesse sentido, eu diria que se trata de uma Santa cuja importância para o panorama da Igreja redunda, não apenas do fato de ter sido imperatriz, mas também porque teve sobre Constantino uma evidente e salutar influência.

“Quer dizer, temos Constantino, o primeiro imperador que faz uma promessa de dar livre curso ao culto católico no Ocidente, caso se visse auxiliado por Nosso Senhor Jesus Cristo na Batalha de Ponte Mílvia. Ele recebe a célebre visão do in hoc signo vinces — com este sinal vencereis —, portanto uma confirmação do socorro divino, conquista a vitória e cumpre sua promessa.

“Com o Edito de Milão ele concede liberdade à Igreja Católica, e a partir daí começaria a ruir o paganismo sobre o qual o Estado se assentava. “Diante desse acontecimento de fundamental importância para a Cristandade, não se pode deixar de reconhecer a materna e católica influência de Santa Helena sobre o filho.

“Quando nos lembramos de Santa Mônica rezando por Santo Agostinho e obtendo do Céu a conversão dele, ou quando recordamos o papel de Santa Clotilde junto a seu esposo, Clóvis, trazendo-o igualmente para o seio da Igreja Católica e, com ele, o povo franco, é difícil não pensar que Santa Helena impressionou a fundo Constantino, e que a atitude dele foi motivada, em
grande medida, pela ascendência da mãe.

Deus “levanta do pó o mendigo, do esterco retira o indigente para fazê-los sentar-se entre os nobres e outorgar-lhes um trono de honra” (I Sm 2, 8).

Enquanto a mãe rezava, o filho lutava

“Ora, se, católicos que somos, desejamos de toda a alma uma restauração da ordem social e temporal católica como a que vigorou nos dias áureos da Civilização Cristã, não podemos deixar de reconhecer, com muita alegria, o trabalho feito por Santa Helena com esse objetivo: não só fazer cessar as perseguições à Igreja no Império Romano pagão, mas também fazer com que o imperador começasse a edificar uma ordem temporal católica, prólogo da plenitude de catolicidade que alcançaria o Estado medieval. […]

“Portanto, pela sua oração, pelo exemplo de suas virtudes, Santa Helena esteve na raiz de uma série de realizações gloriosas, de ideias grandiosas, de princípios que repercutiriam mesmo após o ocaso do Sacro Império Romano Alemão, até os nossos dias. Razão pela qual nos é particularmente cara a devoção a essa grande santa.

“Chamo a atenção para esse ponto acima mencionado: as orações de Santa Helena. É necessário compreender aqui o equilibrado do papel dessa oração.

“Com efeito, seria equivocado imaginar que, uma vez recitadas as preces, não adianta fazer coisa alguma. Basta rezar e deixar as realizações concretas ao beneplácito da Providência. Às vezes, quando as vicissitudes o impõem, não se pode pretender outra coisa. Porém, é apropriado esperar que a oração nos mova à ação que realiza o fim almejado. E desse teor foram as preces de Santa Helena.

“Enquanto a mãe rezava, o filho lutava e agia. Constantino, protegido pelo socorro do Céu, levando no seu lábaro o emblema de Nosso Senhor Jesus Cristo, combateu e alcançou a vitória. Em seguida, agiu vigorosamente, com a força temporal do Estado, para libertar a Igreja e extinguir os restos do paganismo.

“Creio ver nessa circunstância o equilíbrio perfeito entre oração e ação. Santa Helena reza, e sua oração é acompanhada certamente de atitudes e palavras evangelizadoras junto ao filho, e este cuida dos meios materiais para
concretizar aquilo que, sem dúvida, sua mãe desejava realizar. A oração é a razão mais fecunda do desencadear dos fatos; os fatos produzem os frutos da prece atendida.

 Deus “levanta do pó o mendigo, do esterco retira o indigente para fazê-los sentar-se entre os nobres e outorgar-lhes um trono de honra” (I Sm 2, 8).

Matrona de espírito elevado e de horizonte largo

“Cumpre considerar, ainda, este outro e não menos belo florão na vida de Santa Helena: foi ela que encontrou a verdadeira Cruz, um acontecimento cercado de milagres e dádivas especiais de Deus. É o Santo Lenho do qual se espalharam relíquias para serem veneradas pelos fiéis do mundo inteiro.

“Que glória para essa mulher ter sido, ao mesmo tempo, a mãe do primeiro imperador cristão e aquela que tirou das entranhas da terra a verdadeira Cruz, com todos os benefícios espirituais oriundos dessa descoberta!

“Então admiramos ainda mais o vulto dessa Santa, conhecemos melhor a estatura dessa alma, um grande tipo de mulher que vive só para Nosso Senhor. Matrona de espírito elevado e de horizonte largo, compreendendo as coisas a partir dos seus aspectos mais sublimes e de maior alcance. E que, por causa dessa envergadura espiritual, transforma um Império e dá ao mundo o presente imensamente grandioso da verdadeira Cruz de Cristo.” 

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História da Igreja” – 36)

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