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Santa Gertrudes de Hefta

No dia 16 de novembro, a Igreja celebra a memória facultativa de Santa Gertrudes, uma das maiores místicas de todos os tempos, que recebeu magníficas revelações, especialmente sobre o Sagrado Coração de Jesus.  

882px Miguel Cabrera Santa Gertrudis 1763 Mexico

Redação (16/11/2021 10:30, Gaudium Press) Santa Gertrudes foi uma religiosa cisterciense alemã, nascida em 1256 e falecida em 1301. Não se conhecem suas origens familiares.

Ao completar 5 anos, foi confiada ao Mosteiro de Helfta, o qual seguia a regra beneditina, e onde foi educada em todas as artes da época — letras clássicas, bordado, canto e miniatura — sob a orientação da abadessa Santa Gertrudes de Hackeborn, irmã de Santa Matilde.

Aos 16 anos fez sua profissão religiosa, e seus primeiros anos se caracterizaram pela mera rotina e tibieza espiritual até os 25 anos, quando, após recitar as Completas, teve a primeira visão de Cristo adolescente que lhe prometeu preencher seu vazio interior.

Desde aquele momento tornou-se uma alma essencialmente contemplativa, acentuando sua devoção ao Sagrado Coração de Jesus e à Eucaristia, conformando sua profunda piedade às sucessivas experiências místicas.

Deixou os estudos temporais para dedicar-se aos teológicos. Começou a ter frequentes visões do Coração de Jesus e se converteu em mestra e conselheira espiritual de todos que a ela acorriam.

Sua vida passou a ser um hino perene de amor a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Dá-me teu coração

Em certa ocasião, o Senhor Jesus lhe apareceu e pediu seu coração: “Amada minha, dá-me teu coração”.

Ela o ofereceu com alegria e lhe parecia como se o Senhor o tivesse aplicado ao seu divino Coração, à semelhança de um canal que chegava até a terra. Por esse canal Ele derramava generosamente as efusões de sua irreprimível bondade e lhe dizia:

“Olha, comprazer-Me-ei doravante em usar sempre teu coração como um canal pelo qual derramarei da torrente de meu melífluo Coração transbordantes eflúvios de consolo divino sobre todos aqueles que se disponham a receber com generosidade essa infusão da graça e a peçam a ti com humildade e confiança”[1].

Sentiu as batidas do Coração de Jesus

Diz ela [falando de si na terceira pessoa, por humildade]:

“O Senhor a atraiu a si, de tal maneira que seu coração repousava sobre o Coração divino. Depois de ter saboreado um doce momento de repouso, ela sentiu bater o Coração de Jesus com dois modos admiráveis e soberanamente doces.

“O Senhor lhe disse: ‘Cada uma dessas pulsações de Coração opera a salvação dos homens (…): a primeira opera a salvação dos pecadores e a segunda, a dos justos. (…) E como o bater do coração humano não é interrompido nem pela ação da vista, nem do ouvido, nem do trabalho manual, do mesmo modo o governo do Céu, da Terra e do universo inteiro não poderá, até o fim do mundo, nem suspender por um instante, nem retardar, nem impedir este doce bater de meu Divino Coração’” [2].

Arauto do amor divino

Em 1289 Jesus lhe ordenou que pusesse sua vida por escrito: é o Memorial da abundância da divina misericórdia, escrito pela própria Gertrudes, no estilo das Confissões, de Santo Agostinho.

No último período de sua vida suas irmãs de hábito anotaram o relato de suas visões e as recompilaram, acrescentando ao que ela já havia escrito, formando o livro completo do Arauto do amor divino ou Mensageiro da divina misericórdia, em latim Legatus divinæ pietatis.

Gertrudes escreveu também os Exercícios Espirituais, um livro de oração que Bento XVI qualificou como “uma joia rara da literatura mística espiritual”[3]


[1] Santa Gertrudes de Helfta. Legatus divinæ pietatis. L.III, c.66

[2] Santa Gertrudes.  O Arauto do Divino Amor. Mame et Fils editores, Paris, vol. 1, p. 268.

[3] BENTO XVI. Audiência geral, 6/10/2010

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