Santa Catarina de Alexandria, Virgem e Mártir
A Igreja Católica celebra no dia de hoje, 25 de novembro, a memória litúrgica de Santa Catarina de Alexandria.
Redação (25/11/2022 10:34, Gaudium Press) Santa Catarina era da cidade de Alexandria. Empregou os primeiros anos da vida no estudo das Santas Letras e das profanas. Foi um prodÃgio de doutrina.
Maximino II, originário de Dácia, sobrinho de Maximino Galera, genro de Diocleciano, partilhava o império com Constantino, o Grande, e com LicÃnio, e porque o Egito lhe era do distrito, mais estava em Alexandria, capital desta provÃncia. Era um prÃncipe cruel. Contra os cristãos, herdara o ódio insopitável de Diocleciano e de Galera. Eis um edito seu:
Saúdo a todos os que vivem no império. Tendo recebido um assinalado benefÃcio da clemência dos deuses, resolvemos demonstrar nosso reconhecimento oferecendo-lhes sacrifÃcios. Eis aà que vos exortamos ao zelo que tendes, para que maior o seja, pelas divindades adoráveis. E se alguém ao nosso edito desprezar, ou outra religião tiver, que acarrete a cólera dos deuses, esse será rigorosa e inexoravelmente punido.
De todos os lados, acorria-se para obedecer à s ordens do imperador. O ar vivia perenemente obscurecido com o fumo das vÃtimas queimadas.
Enquanto se sacrificava aos demônios, Catarina aplicava-se em sustentar a fé cristã, a todos fazendo ver claramente que os oráculos do paganismo nada mais eram do que pura ilusão.
– Os que chamais deuses, dizia, não são mais do que homens que se tornaram famosos pela desordem, homens mortais que nada tem de divino. Não deveis obedecer à s ordens do prÃncipe, pois assim atraÃs para vós o castigo de Deus, aquele verdadeiro, que fez o céu e a terra. Só Ele merecer ser louvado. Só Ele merece ser adorado.
Depois de ter exortado os cristãos, resolveu abordar o imperador mesmo, para mostrar-lhe a impiedade em que vivia. Foi, pois, falar-lhe.
Como Santa Catarina tinha o porte majestoso, e era de rara beleza, não demorou para conseguir audiência. E, na presença do prÃncipe, com firmeza, aquela firmeza que só a fé empresta, disse ao imperador que devia, já de longa data, ter reconhecido que aquela multidão de deuses adorados era vã, uma vez que a luz mesma da razão o demonstrava. Citou-lhe Plutarco e muitos outros homens de envergadura. Acrescentou que era estranho que um prÃncipe, pela caracterÃstica ,mesma de imperador, ao invés de conduzir o povo ao culto do deus verdadeiro, fosse justamente atirá-lo à s falsas divindades – e, o que era pior, ele mesmo dava o exemplo.
– Deixai, disse-lhe, tal abominação, e rendei homenagem ai Deus verdadeiro, aquele que de fato, merece a suprema adoração.
Quando Catarina acabou de falar, o imperador, boquiaberto de espanto, perguntou-lhe:
– Quem és tu? Donde vens? – A Santa respondeu:
– Minha origem é assaz conhecida em Alexandria. Chamo-me Catarina, e meus pais vem do ilustre do paÃs. Emprego todo o meu tempo no conhecimento da verdade, e quanto mais estudo, mais me capacito da fragilidade dos Ãdolos que adorais. Sou cristã e tudo faço para ser esposa de Jesus Cristo. Meu único desejo é que o conheçais, e todo o vosso império convosco. Aquilo que professais nada mais é do que superstição.
O imperador, não sabendo o que responder à virgem cristã, deixou o debate para depois. Reuniu cinqüenta filósofos, os mais renomados, alojou-os no palácio, tratando-os com deferências mil, como se fossem mestres do mundo, e mandou chamar a Santa.
Antes de enfrentar o imperador pela segunda vez, com os cinqüenta luminares, um anjo apareceu à virgem e disse-lhe:
– Nada temas. Haverás de persuadir os cinqüenta filósofos e um grande número dos que vão assistir a discussão. Far-lhes-ás conhecer Nosso Senhor Jesus Cristo e conquistarás a palma do martÃrio.
Como surgiu, assim o anjo desapareceu.
Fortalecida, Catarina entrou na vasta sala do palácio com passo firme e cabeça erguida, embora humilde. Indicaram-lhe assento em meio aos filósofos, perto do trono do imperador, ansioso todo ele e atento para não perder uma só palavra de tudo o que se dissesse.
Um doutor pagão começou por dizer-lhe, tentando persuadi-la, que o sol, sob o nome de Apolo, era muito próprio para ser adorado.
– É, disse, além do mais, útil ao mundo. Regra as estações, amadurece as frutas, os cereais, dá à s flores as maravilhosas cores variegadas. Aos seres todos, com o calor, dá a vida. Devemos negar-lhe honrarias? Que seria do mundo sem a Liz que dele vem, sem o calor que a tudo anima? Por ventura a natureza não subsiste graças a ele?
Aquilo era para Maximino a vitória. Que poderia a virgem opor à quela sabedoria?Pobre prÃncipe cego! Quão surpreso iria ficar!
– Que seria de Apolo, deste sol que dizeis merecer nossa adoração, não fora o Deus verdadeiro? Está ele absolutamente sujeito ao Senhor, ao divino poder. Quando Jesus Cristo, pregado à cruz, expirou para a salvação dos homens, foi obrigado a empalidecer – e a terra viu-se coberta de trevas em pleno meio-dia. A quem obedeceu senão a uma força superior – a Deus Todo-poderoso.
E, discorrendo sobre coisas convincentÃssimas, derrotou os filósofos.
O imperador incitou-os para que opusessem maiores argumentos aos que a Santa expusera, mas todos se reconheceram vencidos, confessando, em seguida, existir, de fato, um só Deus verdadeiro. E asseveraram:
– Assinaremos esta verdade com o próprio sangue, se assim for necessário.
Maximino, irritado, que podia fazer? Unicamente o que lhe parecia certo fazer: defender a causa dos deuses condenando ao fogo os que lhe eram contrários.
Os filósofos converteram-se e sofreram o martÃrio com uma constância invencÃvel.
A Catarina, fez com que a atormentassem cruelmente, mas a generosa adoradora de Jesus Cristo tudo suportou e suplantou, conquistando, na prisão, mais almas para o Esposo.
A imperatriz, e PorfÃrio, chefe da primeira legião, com duzentos soldados, confessaram Jesus Cristo, confirmando a conversão pelo martÃrio. Quando à santa, foi, depois de inomináveis torturas, abatida. E os anjos que desceram do céu para lhe testemunhar o combate e honrá-la com a presença, tomaram-lhe o corpo – diz o martirológio – e o levaram para o Monte Sinai, onde, cantando, entoando louvores à glória de Deus, que é sempre admirável nos seus santos, a sepultaram ternamente.
Fonte: Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XX, p. 239 Ã 244
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