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Reformadores e o século XXI

Reformar a Igreja, quantos não o desejaram? Porém, quantos conseguiram?
Neste desejo de reformar, um ponto separa a verdade do erro, o certo do errado, a heresia da santidade.

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Redação (17/12/2021 11:59, Gaudium Press) Consideremos a época em que vivemos. Encontramo-nos em pleno século XXI com todos os seus avanços, suas novidades e seus erros. E, em meio a estas águas turbulentas, continua a Barca de Pedro a singrar os oceanos.

Como nos tempos passados, também em nossos dias ela atravessa borrascas; como no passado, também hoje enfrenta dificuldades; como no passado, também em nosso século parece, muitas vezes, estar prestes a afundar…

Afirmação ousada, alguém dirá. E respondo que de fato o é, mas que nem por isso ela deixa de estar girando na mente de muitos dos leitores. Acaso não vivemos em um tempo difícil para a fé? Acaso o mundo não parece voltar as costas para Deus? Acaso a própria “Igreja” não aparenta, em muitas ocasiões, trabalhar ela mesma contra seu Divino Mestre?

E se a afirmativa impera sobre estas indagações, sobre uma outra ela impera com ainda mais vigor: A Igreja é realmente santa e imortal?

Sim, verdadeiramente cremos numa Igreja santa, imaculada e imortal. Mas, como explicar esta contradição?

Aprendendo com o passado

Há 504 anos, um homem parecia pensar da mesma forma. E, tomando a resolução de reformar a igreja, então decadente no que diz respeito aos costumes de seus membros, iniciava seu intento a 31 de outubro de 1517. Tratava-se de Martinho Lutero, então monge agostiniano na pequena cidade de Wittenberg.

Sua história é demasiado longa para constar nestas linhas, contudo, uma lição pode ser obtida em breves palavras.

O século XVI era, de fato, uma época de terrível decadência para a Igreja. No tempo de Lutero, quantos não eram os crimes e pecados cometidos tanto pela sociedade, quanto pelos membros da Igreja! Religiosos, padres, bispos e, infelizmente, até papas preocupavam-se mais com seus interesses e gozos, do que com o governo da frágil Barca de Pedro. Acaso não era necessária uma reforma?

Sim, sem nenhuma dúvida. Contudo, o que fez de Lutero herege e não santo não foi o desejo de reformar, mas sim o de destruir.

Se a Igreja estava enferma, dever-se-ia curá-la e não acabar de matá-la. Quando se cuida de um enfermo, o que se mata é a doença, não o doente.

Martinho Lutero não soube ver a diferença entre a Igreja enquanto Corpo Místico de Cristo – e a este título sempre santa e imaculada – e a Igreja enquanto sociedade de fiéis, os quais muitas vezes traem a grande honra de serem filhos de Deus.

Desde modo, atacava a inocente e não os culpados.

Pois bem, aprendamos com o passado!

A convicção de um verdadeiro católico deve ser sempre a de que, por mais que os homens que a servem caiam em erros, a Santa Igreja de Deus continua sempre santa e irrepreensível. E isso não quer dizer que o desejo de reforma seja algo de si ruim. Não esqueçamos de que Deus suscitou Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de Jesus – e quantos outros santos – além do Concílio de Trento, justamente para essa reforma. Todavia, devem-se reformar os costumes errados, não a Fé ou a Moral.

Mas cuidado! Pois sempre há “Luteros” com pele de Santo Inácio; e “Inácios” acusados de luteranismo. Para diferenciá-los, basta seguir as palavras do Divino Mestre: “Pelos frutos conhecereis a árvore”… (Cf. Mt 12,33).

Por Thiago Resende

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