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Reconheceram Jesus ao partir o pão

O respeito pela Eucaristia e a piedade ao celebrar e assistir a Santa Missa faz-nos reconhecer os que pertencem a Nosso Senhor.

Discipulos de Emaus por Joseph von Fuhrich Museu de Arte de Bremen Alemanha 768x521 1

Redação (23/04/2023 10:33, Gaudium Press) No Evangelho de hoje, São Lucas nos narra uma das primeiras aparições de Nosso Senhor após a sua Ressurreição.

No amanhecer daquele dia, algumas mulheres – entre as quais Santa Maria Madelena – foram ao Santo Sepulcro levando aromas que haviam preparado. Elas não viram a Jesus, mas apareceram-lhes dois Anjos que disseram: “Por que buscais entre os mortos Aquele que vive? Ele não está aqui: ressuscitou”. Elas, então, apressaram-se em avisar aos Apóstolos a notícia anunciada pelos Anjos. São Pedro e São João dirigiram-se logo ao túmulo, encontrando, porém, apenas as faixas que envolveram o corpo de Jesus. Entretanto, a Ele ninguém viu.

Contudo, a liturgia deste 2º domingo da Páscoa, recolhe a aparição de Jesus a dois de seus discípulos.

Um dos mais belos convívios da História

“Ao entardecer daquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém” (Lc 24,13).

A aparição deu-se no próprio domingo da Ressurreição, no fim da tarde. Um dos discípulos chamava-se Cléofas; e o outro? Não consta no Evangelho, mas alguns Padres da Igreja levantam a hipótese de ser o próprio São Lucas, pois sua humildade levou-o a não mencionar o seu nome.[1] Além disso, a descrição é tão minuciosa, rica e cheia de enlevo, que não podia ter sido escrita senão por uma testemunha ocular.

Provavelmente, os dois estavam voltando à sua cidade de origem, após terem ido a Jerusalém para cumprir os primeiros ritos pascais e visitar os Apóstolos.[2] Durante o percurso, enquanto “conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido” (Lc 24,14) com Jesus, aparece um misterioso peregrino que lhes pergunta:

“O que ides conversando pelo caminho? Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: ‘Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?’ Ele perguntou: ‘O que foi?’ Os discípulos responderam: ‘O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo (Lc 24,17-19).

E passaram a narrar a Paixão de Nosso Senhor. Também contaram que algumas mulheres disseram ter visto Anjos, os quais afirmaram que Jesus tinha ressuscitado; mas a Ele, ainda ninguém tinha visto. Então o peregrino lhes disse:

“‘Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar em sua glória?’ E, começando por Moisés e passando pelos profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele” (Lc 24,25-27)

Sim, aquele peregrino era o próprio Jesus. Mas os dois só se deram conta disto muito depois quando, convidando Nosso Senhor para jantar com eles, viram-No partir o pão durante a ceia. Mas, mal O tinham reconhecido, Ele desapareceu. Então, os dois voltaram a Jerusalém para contar tudo aos Apóstolos, os quais confirmaram a Ressurreição de Jesus: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” (Lc 24,34).

Reconhecer Jesus na Eucaristia

Quanto tempo terá durado o colóquio dos discípulos de Emaús com Nosso Senhor? Algumas horas, certamente, pois o meio de locomoção mais comum na época era o caminhar, e ninguém percorre 11km a pé em poucos minutos.

Pois bem: durante este tempo consideravelmente longo, Jesus explicava-lhes, com uma clareza e uma profundidade de análise únicas, todas as passagens da Escritura que se referiam a Ele (cf. Lc 24,27). Que outra pessoa poderia possuir tal visão a respeito da História e das profecias a não ser Jesus? Entretanto, eles só O reconheceram ao partir o pão. Por quê?

Não temos intenção de analisar as possíveis imperfeições de alma que tornaram os discípulos “como que cegos” (Cf. Lc 24,16) para reconhecerem a Jesus. Apenas ressaltamos que, com este fato, Nosso Senhor quis deixar uma lição para toda a História: o modo mais eficaz para reconhecê-Lo é através da Eucaristia.

Quando Ele partiu o pão, os dois discípulos se deram conta: “Tão-somente Jesus parte o pão deste modo; não pode ser outra pessoa”. Nosso Senhor, ao ter deixado que os dois discípulos O distinguissem de um homem qualquer somente neste momento, mostrava que o respeito pela Eucaristia, o modo de se celebrar a fraccio panis – a observância das regras litúrgicas, diríamos – são elementos que nos permite reconhecê-Lo. Logo, tal modus celebrandi nos permite distinguir aqueles que a Ele pertencem, dos que não são inteiramente d’Ele.

Então peçamos, neste dia, uma devoção e um respeito cada vez maiores à Eucaristia, a fim de podermos ser mais plenamente de Nosso Senhor.

Por Lucas Rezende


[1] Cf. CLÁ DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os evangelhos. Città del Vaticano: LEV, 2013, p. 300.

[2] Cf. bid.

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