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Realidade dos seminaristas no Brasil durante a pandemia é tema de pesquisa

Segundo os pesquisadores, a pandemia está oferecendo, sobretudo aos formandos, a possibilidade de uma relação mais profunda, favorecendo o autoconhecimento.

São 804 os seminaristas em fase preparatória ou já estudando filosofia e teologia para uma muito provável futura ordenação sacerdotal.

Redação (20/07/2021 11:58, Gaudium Press) Com o objetivo de compreender como a pandemia tem afetado a formação sacerdotal no Brasil, a psicóloga, Luciana Campos, e o padre Douglas Alves Fontes, reitor do Seminário São José da Arquidiocese de Niterói, decidiram realizar uma pesquisa que contou com a participação de dois mil seminaristas de todo o país.

Um primeiro artigo foi publicado com as respostas recebidas. Nele, os pesquisadores se propõem “a refletir sobre a missão formativa em tempos de pandemia”. Entretanto, a publicação é considerada por seus autores, uma síntese do que pretendem refletir. “Em breve, um novo artigo será publicado, com um viés mais acadêmico. Contudo, achamos por bem publicar esta síntese, antecipando o que falaremos e já apresentando um primeiro fruto da pesquisa!”, diz o Padre Douglas.

Resposta de dois mil seminaristas

A quantidade de respostas surpreendeu os pesquisadores, que em pouco mais de duas semanas já haviam recebido o retorno de dois mil seminaristas de todo o Brasil. Segundo a doutora Luciana, o questionário “teve um retorno de respostas com percentual muito significativo. Talvez compreenda perto de 50% dos seminaristas do Brasil”.

“Dos que responderam, a maior parte veio dos formandos para o clero diocesano (92,1%), residentes nas regiões Sudeste (38,9%), Nordeste (30,2%), Sul(15,9%) e Centro-oeste (8%) do país. O maior grupo faz parte da etapa do discipulado (42,8%), seguindo-se os da etapa da configuração (34,9%) e do propedêutico (20%)”, explicou a psicóloga.

Seminaristas de Venezuela

A maioria dos seminaristas voltou para a casa durante a pandemia

De acordo com a pesquisa, durante a pandemia, a maioria dos seminaristas (62,2%) voltou para a casa de seus familiares. Somente 25,6% permaneceu nos seminários. O restante se dividiu entre casas paroquiais, conventos e alternando casa e seminário. Um dos desafios enfrentados pelos seminaristas que voltaram para suas casas foi o enfrentamento dos conflitos familiares, dos quais 42,6% tiveram que passar.

Acompanhamento espiritual fora do seminário

A maioria dos seminaristas (67,2%) admitiu ter repensado sua vocação durante a pandemia, sendo que apenas 30,8% continuou contando com o acompanhamento espiritual on-line. 69,2% não puderam contar com essa possibilidade, número muito próximo dos que admitiram questionar sua própria vocação. Por outro lado, 89% informaram que foram contatados pelos formadores.

Maiores dificuldades

Dentre as maiores dificuldades apresentadas pelos seminaristas ao longo desse período estão: dificuldades para manter a rotina de orações (32,5%); dificuldades pela falta de contatos sociais (22,1%); de manutenção da castidade (11,1%); por falta de direção espiritual (10,5%); e dificuldades de assistir à missa on-line (7%)

Seminaristas

Conclusão

Os pesquisadores concluem, ressaltando que a pandemia convidou a todos a enxergar e assumir algumas luzes. A primeira é uma experiência de maturidade que a pandemia pediu. “Um contexto, como este, pede presbíteros maduros e, por consequência, formandos que se empenham por uma maturidade humana e também espiritual”, destacam.

Outra luz que a pandemia está oferecendo, sobretudo aos formandos, é a possibilidade de uma relação mais profunda, favorecendo o autoconhecimento, de tal maneira que o formando alcance “um satisfatório conhecimento das próprias fraquezas, sempre presentes em sua personalidade, tendo em vista a capacidade de autodeterminação e de uma vivência responsável”, concluem. (EPC)

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