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Professor da Universidade de Colorado teme que o Azerbaijão faça um ‘apagamento cultural’ nas zonas armênias

Simon Maghakyan justifica sua afirmação com o que ocorreu na região de Nakhichevan.

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Redação (20/11/2020 18:21, Gaudium Press) Qual será o destino dos muitos monumentos de origem armênia que ficaram nas zonas que, sob o recente acordo de paz, estarão agora sob o controle do Azerbaijão? Lembremos de que, há alguns dias, sob pressão russa, foi assinado um acordo para pôr fim ao conflito de 44 dias entre a Armênia e o Azerbaijão, o último de uma longa série.

Os conflitos são, em grande parte, motivados pela existência do enclave de Nagorno-Karabakh; um enclave em teoria no território do Azerbaijão, mas que é habitado pelos armênios. Com o acordo patrocinado pela Rússia, o Azerbaijão afirma seu controle sobre muitas dessas áreas, e muitos armênios terão de abandoná-las com seus monumentos.

“Apagamento cultural”

Para Simon Maghakyan, professor da Universidade do Colorado, o que pode vir é uma espécie de “apagamento cultural” da tradição armênia, e justifica sua afirmação com o ocorrido na região de Nakhichevan, também na fronteira com a Armênia.

Maghakyan fez uma investigação de um ano, expondo fatos como a destruição, por 100 soldados azeri, de 10.000 “khachkars”, cruzes de pedra medievais, em Djulfa, o maior cemitério armênio medieval do mundo.

Mas a destruição do cemitério de Djulfa foi o capítulo final da destruição total de 28.000 monumentos medievais que evidenciavam a presença armênia nessa região de Nakhichevan.

Acontece que, para as autoridades do Azerbaijão, os armênios não são originários do Cáucaso. E para manter a coerência com essa afirmação, o Azerbaijão deve apagar qualquer relíquia que a contradiga, como por exemplo, as 89 igrejas medievais da região de Nakhichevan.

Apagar não significa necessariamente destruir.

O Azerbaijão, com os monumentos que pode, tenta requalificá-los não como armênios, mas como pertencentes a uma tradição do “Albanês do Cáucaso”. Albanês já não é mais armênio. Mas o que não pode ser requalificado são as cruzes Khachkars devido às muitas inscrições em armênio. Também foi destruída, em Agulis, a cidade culturalmente mais rica de Nakhichevan, a catedral de São Tomé, cuja capela original teria sido criada pelo apóstolo discípulo de Jesus.

Monumentos que se temem ser destruídos

Com o que foi dito anteriormente, teme-se que o Azerbaijão destrua monumentos caracteristicamente armênios, como as igrejas medievais na região de Hadrut, que já está sob seu controle.

As catedrais ou mosteiros mais conhecidos, cuja destruição geraria muito barulho, provavelmente serão “albanizados”, embora, em alguns casos, isso seja muito difícil devido ao número de rastros tipicamente armênios que eles contêm.

No entanto, os monumentos mais ameaçados serão os menos conhecidos, nos quais a tradição armênia também é evidente.

Cinco monumentos especialmente valiosos para armênios na região de Nagorno-Karabakh

Há 5 monumentos especialmente valiosos para os armênios na região de Nagorno Karabakh:

– Amaras, fundada no século IV, quando a Armênia se converteu na primeira nação cristã, conserva um mausoléu do século V dedicado a um santo local. Está localizado na região de Martuni. Ainda não está claro quem controlará a área.

– Dadivank, cujas origens remontam a uma capela do século I fundada pelos primeiros pregadores do cristianismo, onde um complexo monástico foi construído entre os séculos IX e XIII. Nos últimos dias, centenas de armênios vieram ao majestoso mosteiro para acender uma vela pela última vez. Está localizado na região de Kelbajar.

– Gtichavank, reconstruída no século XIII, foi uma catedral-chave para o principado autônomo de Khachen e seus sucessores em Melikdom. Está localizado na região de Hadrut, que o Azerbaijão capturou no mês passado.

– Tigranakert é uma cidade armênia helenística provavelmente fundada pelo imperador armênio de língua grega Tigranes II, que também conserva os primeiros templos cristãos medievais recém-encontrados. Está localizada na região de Agdam e foi recentemente bombardeado.

– Tsitsernavank é uma das primeiras igrejas basílicas do mundo. Algumas de suas características arquitetônicas únicas sugerem que ela pode ter sido um templo pagão antes de 301. Está localizada na região de Lachin.

Simon Maghakyan afirma que a futura paz entre a Armênia e o Azerbaijão pode depender da forma como tais monumentos forem tratados.

Com informações Asia Times Financial.

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