Preparai o caminho do Senhor
Nos dias antecedentes ao Santo Natal do Senhor, a Santa Igreja prepara seus filhos durante o Advento, com uma liturgia que incita ao arrependimento das faltas, a fim de que, limpos de alma, estejam aptos a celebrarem santamente o nascimento do Menino Deus.
Redação (05/12/2021 11:14, Gaudium Press): Com certa frequência, descrevem-se nas Sagradas Escrituras, momentos em que o povo eleito, desviado da verdadeira conduta pela prática de costumes pagãos, suplicava ao Senhor para que os amparassem das aflições que lhes eram acometidos como castigo por suas faltas, seja a iminente invasão de inimigos, sejam as pestes que se alastravam, a fome e tantas outras desgraças.
E, nestas circunstâncias, Deus sempre lhes enviava um libertador, que os salvavam, recordando da aliança feita com eles. Assim vemos no período dos Juízes, Otoniel libertando os israelitas dos Idumeus, Gedeão combatendo os Madianitas, e Sansão matando os Filisteus.
Do mesmo modo, vemos no livro dos Macabeus, quando Matatias se depara com as abominações praticadas em Judá e em Jerusalém, levanta-se cheio de heroísmo contra as determinações do rei de prestar culto aos deuses no altar de Modin, reunindo entorno de si uma rebelião armada por fidelidade à lei e zelo pelo templo, prosseguindo posteriormente seus filhos, como demonstram os grandes feitos de Judas Macabeu nas incontáveis batalhas travadas contra os inimigos da lei.
Por esta razão, eles tinham a Deus como o ‘Libertador’ de todas as nações, como descrito no livro dos salmos: “O Senhor é o meu rochedo, minha fortaleza e meu libertador” (Sl 17, 3). Por isso, eles viviam na esperança da vinda do Messias, do “Libertador”, tantas vezes anunciado pelos profetas, que viria trazer a paz a Israel, causa da glória e alegria da Cidade Santa, como diz a primeira leitura:
“Despe, ó Jerusalém, a veste de luto e de aflição e reveste, para sempre, os adornos da glória vinda de Deus. [Pois Ele] mostrará teu esplendor a todos os que estão debaixo do céu”. (Br 5, 1-4)
Um farol seguro a iluminar o caminho
Todavia, o nascimento do Menino Jesus ocorreu num período em que os judeus se encontravam em uma lamentável decadência. Esperar-se-ia que multidões acorressem à procura do Messias recém-nascido, oferecendo-Lhe não uma gruta como morada, mas um palácio!
Ora, a atitude foi bem diferente. São Lucas narra a recusa de hospedagem que a Santíssima Virgem e São José receberam em Belém, e São Mateus demonstra como Jerusalém ficou perturbada com a notícia da vinda dos reis magos que vinham adorar o “rei dos judeus”, pois este acabara de nascer (cf. Mt 2, 2-3).
Mas Deus, que nunca abandona o seu povo, compadece-se dele ainda quando recebe de presente a ingratidão. Digna-se enviar São João Batista, como descreve o Evangelho deste domingo, relembrando as palavras do profeta Isaías a seu respeito:
“Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’” (Lc 3, 4)
Veio como um farol a iluminar a todos, conduzindo as “ovelhas” transviadas a “um batismo de conversão para o perdão dos pecados” (Lc 3, 3). Voz que divide bons e maus, e aponta a direção da reta escolha: negar o mundo e suas más solicitações, e escolher a Jesus, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
Cabe a nós uma pergunta: será que esta voz ressoa ainda em nossos dias? Sem dúvida, os horrores proclamados em tantos ambientes, denotam ser esta uma situação de decadência muitíssimo pior do que a reinante na época de Jesus.
É inegável que Deus sempre envia seus “libertadores” como remédio de salvação para a humanidade. De nossa parte, cumpre distinguir com atenção qual são as vozes que conduzem à verdade, mediante a emenda de nossas faltas e à fidelidade aos mandamentos, para que jamais estejam fechadas as portas de nosso coração ao Divino Infante, como outrora estiveram no povoado de Belém.
Por Guilherme Motta
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