Portugal: é publicado relatório sobre abusos sexuais na Igreja

Após a França e a Itália, chegou a vez da Igreja em Portugal de publicar um relatório referente aos abusos sexuais cometidos por seus membros

Redação (15/02/2022 08:00, Gaudium Press) A Igreja em Portugal decidiu há um ano encomendar uma comissão de investigação independendente para estudar os casos de abuso sexual por parte de seus membros desde 1950 até 2022.

A comissão de investigação composta por seis especialistas e coordenada pelo psiquiatra infantil, Pedro Strecht, apresentou o relatório na última segunda-feira, 13 de fevereiro. Ao todo, 512 vítimas diretas foram ouvidas e os relatos foram validados.

Os números do relatório

A partir destas vítimas, a comissão chegou a estimativa de 4.800 vítimas totais dos abusos cometidos por membros da Igreja, de 1950 até 2022.

O estudo estima que a média de idade das vítimas era de 11 anos no momento do ato e, que atualmente, as vítimas têm em média 52 anos.

A maioria das vítimas é do sexo masculino (52%) e provenientes de todos as partes de Portugal, especialmente de Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Leiria. O responsável pela comissão explicou que os piores anos foram entre 1960 e 1990.

O estudo mostra que durante a comissão muitas pessoas contaram pela primeira vez sobre os abusos na infância. A maioria dos crimes aconteceu em seminários, colégios, sacristias e casas paroquiais.

Embora o número total de abusadores não tenha sido revelado, estima-se que 96 % eram homens e que 77 % eram sacerdotes no momento do ato. Alguns dos abusadores seguem em atividade, explica o estudo.

Em 27% dos casos, os abusos perduraram por mais de um ano. Ademais, 25,8% das vítimas dizem ter se afastado da religião católica. Sete casos de suicídio foram registrados entre as vítimas.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) convocou uma assembleia geral presidida por Dom José Ornelas, no próximo dia 3 de março. A reunião acontecerá na cidade de Fátima e os prelados vão analisar os resultados do relatório e propor medidas preventivas para evitar novos casos. (FM)