Por que celebrar São José?
Neste ano de 2023, a Solenidade de São José será comemorada no dia 18 de março (sábado) para não coincidir com o 4º domingo da Quaresma, dia 19 de março, data oficial da celebração.
Redação (09/03/2023 18:03, Gaudium Press) No decorrer dos séculos o Senhor “manifestou o poder do seu braço” (Lc 1, 51) contra os seus inimigos, enviando varões e damas providenciais que salvaram seu povo por meio de gestas admiráveis, nas quais o fator sobrenatural foi sempre determinante.
Todavia, em muitas circunstâncias a onipotência divina se fez preceder de uma longa espera, a ponto de o salmista exclamar: “Acordai, Senhor! Por que dormis? Despertai! Não nos rejeiteis continuamente!” (Sl 43, 24). E, quando tudo parecia perdido, a intervenção sobreveio de maneira surpreendente, superando todas as expectativas.
Um mistério semelhante dá-se com São José. Dotado de todas as formas de heroísmo e de audácia para defender Jesus, em poucas ocasiões pôde externar em seus múltiplos desdobramentos tais virtudes, visto que, diante do plano da Redenção, devia aceitar com obediência e resignação o desígnio divino da Morte do Salvador. Ele, por assim dizer, imolou espiritualmente seu Filho, consentindo em seu holocausto para que se cumprisse a vontade do Pai. Por isso aquelas qualidades permaneceram de certo modo recolhidas durante sua vida, pois se as usasse em plenitude teria evitado a Paixão.
Estando ele no Céu, porém, os véus de penumbra que cobriam sua força aos olhos dos homens foram retirados, revelando progressivamente, da eternidade, o vigor do braço de Deus pela intervenção cada vez mais clara e decisiva do Santo Patriarca nos acontecimentos.
De fato, por ser o maior dos varões santos da História, São José goza, na bem-aventurança, de uma audiência especialíssima e de grande poder de intercessão em favor dos que a ele recorrem. Pela estreita ligação com o Corpo Místico de Cristo, vela por todos os seus membros, protegendo os inocentes e obtendo o arrependimento aos pecadores. Essa autêntica mediação na ordem da graça, ele a exerce com generosidade, eficácia e domínio, merecendo como ninguém o título de Patriarca da Igreja Católica.
Patriarca e Pai
Quando a Sagrada Escritura denomina alguém patriarca, parece querer unir na mesma pessoa as prerrogativas do pai e a grandeza do monarca. Tal como Adão, Noé, Abraão, Isaac e Jacó, o patriarca é, antes de tudo, o primeiro de uma numerosa linhagem. Ele representa para os seus a própria paternidade divina, sendo capaz de dedicar-se por inteiro a seus filhos, a fim de salvá-los, como Noé empregou sua existência na construção da arca e preservou, em meio às águas purificadoras do dilúvio, a vida dos escolhidos de Deus.
Ora, São José foi declarado oficialmente Patriarca e Patrono da Santa Igreja, título que contém um profundo significado, ainda não descoberto aos olhos de todos os homens. Com efeito, sua paternidade teve início quando, pelo consentimento à concepção do Filho de Deus no seio de Maria, recebeu Jesus como próprio Filho, e foi ainda sublimada pelo mandato divino de impor o nome ao Menino. Essa vinculação com o Verbo Encarnado o põe em estreitíssima relação com a Igreja, pois, pelo fato de ser pai de Cristo, São José o é também de seu Corpo Místico, uma vez que não se pode separar a Cabeça dos membros.
Por isso ele tem para com cada um dos batizados a dedicação e o desvelo paternal mais intensos, intercedendo continuamente para que o sopro do Espírito Santo os vivifique e leve à perfeição. Ademais, ele se preocupa, como bom pai, com as necessidades de todos, corrige seus defeitos e pecados, e os defende de seus inimigos, sobretudo do demônio e suas insídias.
Todo o esplendor, toda a santidade, toda a beleza da Igreja; a maravilha de todos os Santos que houve, há e haverá estão simbolizados em São José. Do contrário, ele não teria altura para ser o Patrono da Igreja Católica”.
Nesse sentido, pode-se afirmar com segurança que quando a Igreja precisou de um auxílio especial em face das dificuldades e perseguições, ali esteve seu Santo Patriarca como potente intercessor e singularíssimo protetor, comunicando ânimo irresistível aos soldados da Fé, a fim de vencerem a si mesmos e derrotarem os adversários de seu Filho Jesus Cristo.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias
Texto extraído, com pequenas adaptações, de: São José: quem o conhece?…
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