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Por que assistir Missa aos Domingos?

“Por que devo assistir Missa aos Domingos, e não em outro dia da semana?”

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Redação (26/10/2021 09:23, Gaudium Press) No culto da antiga lei, o dia de preceito para o povo judeu era o sábado. O próprio Deus assim o estabeleceu ao entregar as tábuas da lei a Moisés no Monte Sinai. Nesta ocasião, o Criador recordava a seu profeta que Ele, Deus, havia feito o Céu, a terra e o mar em seis dias e descansou no sétimo. Por isso, abençoou e santificou o sábado, considerado já no Antigo Testamento como o último dia da semana, a fim de que o homem nele pudesse repousar.[1]

O Domingo como plenitude do Sábado

A partir do momento em que o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14), Deus estabeleceu um novo relacionamento com seus filhos, inaugurando um novo regime de graças. Sendo Ele o Filho de Deus, ao se fazer Homem tornou-se o eixo da História. Não desprezou nem rejeitou aquilo de santo e legítimo que havia tido antes d’Ele, mas elevou toda a obra da Criação. Por isso disse no Sermão da Montanha: “não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para os abolir, mas levá-los à perfeição!” (Mt 5, 17).

Assim, uma vez que Nosso Senhor ressuscitou no primeiro dia da semana – o Domingo – este tornou-se o dia arquetípico para os cristãos, no qual Jesus triunfou sobre o império da morte. Deste modo, já nos primórdios do cristianismo, isto é, nos tempos apostólicos, a Santa Igreja passou a considerá-lo como o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o Dia do Senhor.[2] Daí em diante, o dia de guarda para os católicos passou a ser já não mais o Sábado, mas o Domingo, o qual era considerado como a plenitude do Sábado.

Por isso, Santo Inácio de Antioquia, mártir do primeiro século da Igreja, dizia que os que viviam segundo a antiga ordem das coisas alcançaram uma nova esperança, e passaram a guardar o Dia do Senhor, o Domingo, dia em que nossa vida foi abençoada por Ele e por sua morte.[3]

Dia de culto a Deus e repouso

A Santa Igreja aconselha que, no Domingo e outros dias de preceito, não só se evitem trabalhos servis e outros negócios que impeçam o culto a Deus e a alegria própria do Dia do Senhor, mas também qualquer outra atividade que impeça as obras de misericórdia e o devido repouso do espírito e do corpo.[4]

Contudo, antes de ser um dia de descanso, o Dia do Senhor é um dia no qual devemos prestar culto a Deus. Por isso, como Mãe e Educadora, a Igreja promulgou cinco leis de caráter obrigatório,[5] a fim de garantir aos fiéis o mínimo indispensável de espírito de oração, de esforço moral, e de crescimento no amor a Deus e ao próximo.[6] Assim, o primeiro desses preceitos prescreve que todo Católico deve ouvir Missa inteira nos Domingos e dias de guarda.[7]

A Celebração da Missa aos Domingos é um costume já dos tempos apostólicos. Nele, toda a assembleia se reunia para celebrar a Eucaristia e rememorar o mistério pascal, a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deste modo, o Dies Domini tornou-se a data na qual não só se repousava o corpo e o espírito, mas também aquele no qual se alimentava a alma com a Sagrada Eucaristia e com a Palavra de Deus lida e comentada na Celebração Litúrgica. Destarte, os fiéis saíam fortalecidos e preparados para mais uma semana de labor que se iniciaria com a Fé revigorada.

Demais dias de preceito

Entretanto, além do Domingo, a Santa Igreja determina que mais algumas comemorações litúrgicas sejam observadas como dias de preceito. São elas: o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Epifania, Ascensão e Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo; a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, sua Imaculada Conceição e Assunção; São José, os Santos Apóstolos Pedro e Paulo, e todos os Santos.[8]

A Conferência episcopal de cada país, porém, com a aprovação prévia da Santa Sé, pode abolir alguns dias de preceito ou transferi-los para o Domingo.[9] É o que acontece, por exemplo, no Brasil, onde as solenidades preceituais que não sucedem em feriado são adiadas para o Domingo da mesma semana. Isto com vistas a facilitar a todos o cumprimento do preceito.

Para cumprir o preceito, basta que o fiel participe da Missa no próprio dia festivo, ou na tarde do dia anterior.[10]

O que dispensa do cumprimento do preceito

Estão dispensados do cumprimento do preceito aqueles que se encontrarem em regiões nas quais não há ministro sagrado que possa celebrar a Missa, ou que se vejam impedidos por alguma causa grave como, por exemplo, doença.[11] Em caso de dúvida sobre este último ponto, aconselha-se a procurar o pároco local, o qual julgará o assunto em questão.

Porém, mesmo não podendo assistir à Missa, a Santa Igreja aconselha que cada qual participe da Liturgia da Palavra, caso esta seja celebrada na paróquia. Não havendo, é indispensável que se dedique um período do dia, seja em grupos, famílias, ou ainda a sós, a fim de meditar sobre as maravilhas contidas na liturgia do dia.[12]

Por Guilherme Maia


[1] Cf. Dt 5, 12; Ex 31, 15.

[2] Cf. CCE 2174.

[3] Cf. Ignatius Antiochiae, Epistula ad Magnesios 9, 11.  In: Ignace d’Antioche, Lettres: Martyre de Polycarpe SCh, Paris : Du cerf, 1945, p. 89. (SCh 10bis, 88). Tradução de Pierre Thomas Camelot.

[4] Cf. CIC 1247.

[5] Cf. CCE 2042-2043.

[6] Cf. CCE 2041.

[7] Cf. Cf. CIC 1246-1248.

[8] Cf. CIC 1246, § 1.

[9] Cf. Idem, § 2.

[10] Cf. Idem 1248, § 1.

[11] Cf. Idem, § 2.

[12] Cf. Idem.

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