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Pio XI, a bênção Urbi et Orbi e o redil de Cristo

De personalidade forte e hábil estro diplomático, Pio XI soube reconquistar para a Igreja sua primazia universal.

Pius XI by Nicola Perscheid retouched

Redação (12/02/2022 16:00, Gaudium Press) Há exatos cem anos, quando eleito Papa, Pio XI rompia com os costumes de seus predecessores, saindo à loggia exterior da Basílica de São Pedro para a bênção Urbi et Orbi: traçava com sua atitude, desde cedo, o que viria a ser seu pontificado.

Quanto à Igreja, ainda coberta do pó dos destroços do pós-guerra, aspirava em recuperar seu primado espiritual sobre as almas, em influenciar as mentalidades, em conduzir a sã moral, em permear sua autoridade pelos povos; entrevia em seu Pastor os traços da fortaleza necessários para obtenção de tais prerrogativas.

De personalidade forte, escondia sob o véu do vigor o estro da diplomacia. Optou pela exitosa via de Ercole Consalvi,[1] através dos inúmeros acordos e Concordatas que facultaram à Igreja, enquanto organismo visível, frutos admiráveis.

Dentre as mais importantes conquistas de Pio XI, a “Conciliazione” com o governo Italiano pelo acordo de Latrão – questão que havia sessenta anos pesava sobre a atividade da Santa Sé e de sua soberania temporal – é mérito seu.

Mas com dezenas de outras nações, ano após ano, a conquista de Pio XI não encontrava fronteiras, mesmo diante dos governos totalitários, herança da Guerra Mundial.

Pio XI teve, pois, a honra de fazer respeitar-se; e sua figura, de algum modo, exprimia a atitude da Igreja face ao novo mundo, pois, no fim das contas, as suas relações oficiais com a quase totalidade dos Estados eram boas.

Estava assim traçada a via encetada por esse homem de fides intrepida – nos dizeres de São Malaquias – que teve o fino discernimento de preencher o firmamento da Igreja com estrelas de singular brilho, canonizando Bernadette Soubirous, João Bosco, Teresinha de Lisieux, João Maria Vianney, enfim, aqueles que ficariam marcados como modelos de vida a ser seguida em meio aos escombros da Europa.

Sobre esse homem – biblista, bibliotecário, alpinista, núncio apostólico e Papa – encerrou-se a missão de reconduzir toda uma grei ao redil de Cristo, urbi et orbi.

Bonifácio Silvestre


[1] Cardeal da Santa Igreja que, depois da queda de Napoleão, representou o Papa no Congresso de Viena. Foi capaz de convencer os poderes vitoriosos de restaurar, quase por completo, os Estados Pontifícios, mediante exitosas relações diplomáticas.

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