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Pentecostes, esperança para um século que voltou as costas para Deus

A mudança dos Apóstolos no dia de Pentecostes, ilumina as obscuras perspectivas de um século que voltou as costas a Deus.

A mudança dos Apóstolos no dia de Pentecostes, ilumina as obscuras perspectivas de um século que voltou as costas a Deus.

Redação (30/05/2020 11:55, Gaudium Press) A Solenidade de Pentecostes, na qual celebramos a descida do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos, é uma das festividades mais importantes do calendário litúrgico.

Pentecostes: efusão de fogo divino no nascedouro da Igreja que repousa nas mãos de Maria

Este acontecimento conferiu maturidade à Igreja, pois, até então ela repousava nas mãos da Santíssima Virgem, como criança.

E assim como Maria estivera presente no Calvário, aos pés da Cruz, enquanto Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, no Cenáculo Ela estava como Mãe do Corpo Místico de Cristo. Mãe da Cabeça no Calvário, Mãe do Corpo no Cenáculo, Ela queria que esta Igreja recém-nascida crescesse e se desenvolvesse, a fim de tornar-se apta a exercer sua missão evangelizadora.

A partir de Pentecoste, a Igreja teve mais efusão de santidade, de dons e de graça, e foi instituída na prática

Naquele dia Nossa Senhora pôde ver como este amadurecimento se deu num instante, quando se derramou o Espírito Santo em línguas de fogo, primeiro sobre Ela e, depois, d’Ela para todos os Apóstolos, discípulos e Santas Mulheres que ali se encontravam em grande número.

A partir daí a Igreja passou a ter mais efusão de santidade, de dons e de graça, e foi instituída na prática, no que se refere à sua ação externa, potência e expansão. O Cenáculo é o começo do assombroso crescimento da Igreja, uma verdadeira explosão evangelizadora.

Depois de Pentecostes tudo mudou, tudo passou a viver, a pegar fogo no mundo…

Assim comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira este acontecimento:

“Apesar de tudo quanto Nosso Senhor até então fizera pela Igreja, poder-se-ia de algum modo dizer – não quero fazer uma comparação exata – que a Igreja era, antes de Pentecostes, um boneco de barro, que recebeu de Deus um sopro de vida em Pentecostes, com o Divino Espírito Santo. Ali tudo mudou, tudo passou a viver e tudo passou a pegar fogo no mundo, a contagiar o mundo, até o apogeu dos dias de hoje, em que o Evangelho é pregado a todos os povos”. (1)

Mudança instantânea e completa, depois de Pentecostes

É evidente que, já antes, os Apóstolos estavam na graça de Deus, como testemunha o episódio ocorrido no lava-pés, durante a Santa Ceia, quando São Pedro manifestou resistência e o Divino Mestre o admoestou:

“‘Se Eu não os lavar, não terás parte comigo’. Exclamou então Simão Pedro: ‘Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça’. Disse-lhe Jesus: ‘Aquele que tomou banho não tem necessidade de lavar-se; está inteiramente puro. Ora, vós estais puros’” (Jo 13, 8-10).

Entretanto, a presença divina tem graus; condição altíssima é o estado de graça, porém, é melhor ter o Espírito Santo na alma de uma maneira tão atuante que ela seja cumulada de sabedoria e de discernimento.

Tal foi o transbordamento de sobrenatural que se verificou em Pentecostes, como podemos comprovar pela diferença dos Apóstolos depois da vinda do Espírito Santo:

eles se tornaram outros; decerto, até a fisionomia se transformou, começaram a se exprimir numa linguagem mais elevada, os gestos devem ter mudado…

Por quê?

Porque algo se havia operado no fundo de suas almas e, uma vez que a alma é a forma do corpo, (2) é indubitável que esta repercussão se tenha feito sentir.

Também alcançaram ciência e compreensão, como no passado não possuíam, conforme Nosso Senhor lhes anunciara: “O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 26).

Receberam, ainda, os dons de profecia, de fazer milagres e o das línguas, pelo qual falavam no seu idioma e todos os que os ouviam entendiam no próprio!

Pentecostes e nossos dias

São Luís Grignion de Montfort prognostica uma era histórica na qual as almas quererão praticar a virtude de uma maneira extraordinária.

De onde virá esta força?

“Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai”, é o que pedimos há dois mil anos e o que cantamos no Salmo Responsorial (cf. Sl 103, 30).

Sim, tudo pode ser renovado, nós podemos ser completamente mudados como o foram os discípulos!

Então participaremos, de forma singular, da descida do Espírito Santo sobre Maria Santíssima e os Apóstolos, que celebramos em Pentecostes.

Devemos nos firmar na fé de que para Deus nada é impossível e Ele está reservando suas mais especiais graças para esta fase da História chamada por tantos Santos de últimos tempos. (3)

A humanidade tem uma necessidade vital dessa efusão do Divino Espírito Santo

“Acontecerá particularmente no fim do mundo e, logo, porque o Altíssimo com sua Santa Mãe devem formar grandes Santos que ultrapassarão tanto em santidade a maioria dos outros Santos, quanto os cedros do Líbano suplantam os pequenos arbustos. […] Eles serão pequenos e pobres segundo o mundo […]; mas, pelo contrário, serão ricos em graça de Deus, que Maria lhes distribuirá abundantemente; grandes e eminentes em santidade diante de Deus, superiores a toda criatura por seu zelo animoso, e tão fortemente apoiados pelo socorro divino que, com a humildade de seu calcanhar e em união com Maria, esmagarão a cabeça do demônio e farão triunfar Jesus Cristo”. (4)

   A humanidade tem uma necessidade vital dessa efusão do Divino Espírito Santo. E esta é a razão de nos reunirmos ardorosamente em torno do altar, para pedir à Mãe das mães, Àquela a cujo amor todos nós fomos entregues pelo Filho no alto da Cruz (cf. Jo 19, 26-27), que, enquanto Mãe do Corpo Místico, obtenha de seu Divino Esposo graças de maior fervor, de maior consolo, de maior piedade, de maior força para enfrentarmos todos os males, e que venha sem tardar o Paráclito e a face da terra seja renovada!

 

Por Monsenhor João Clá Dias

(in “Revista Arautos do Evangelho”, Junho/2017, n. 186, excertos)

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1 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência. São Paulo, 6 jun. 1978.

2 Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. I, q.76, a.1.

3 Cf. SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Traité de la vraie dévotion à la Sainte Vierge, n.55-59. In: OEuvres Complètes, op. cit., p.520-522.

4 Idem, n.47; 54, p.512-513; 519.

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