Pedido de renúncia do Cardeal Marx é recusado pelo Papa
Cardeal Marx, conhecido por ser um dos conselheiros mais próximos de Francisco, havia apresentado seu pedido de renúncia por conta do escândalo de abuso de menores na Alemanha.
Cidade do Vaticano (10/06/2021 11:56, Gaudium Press) A Santa Sé divulgou na manhã desta quinta-feira, 10 de junho, a carta resposta do Papa Francisco endereçada ao Cardeal Reinhard Marx, que havia apresentado sua renúncia como Arcebispo de Munique e Freising por conta do escândalo de abuso de menores na Alemanha. O purpurado é conhecido por ser um dos conselheiros mais próximos de Francisco.
Na missiva, publicada em espanhol e alemão pela Sala de Imprensa da Santa Sé, após agradecer ao Cardeal por sua “coragem cristã que não teme a cruz, que não teme ser humilhado diante da tremenda realidade do pecado”, o Papa nega o pedido de renúncia e afirma que o purpurado segue como Arcebispo.
A Igreja não pode dar um passo adiante sem assumir essa crise
Respondendo aos relatos do Cardeal sobre o momento de crise pelo qual a Igreja na Alemanha está passando, o Santo Padre afirmou que toda a Igreja está em crise por conta dos casos de abusos e que ela não pode dar um passo adiante sem que essa crise seja “assumida por nossa Fé pascal”.
Concordando com o Cardeal alemão, que classificou como catástrofe a história dos abusos sexuais e o modo pelo qual a Igreja enfrentou esse problema até pouco tempo, Francisco destacou que perceber essa hipocrisia no modo de viver a fé é uma graça, é um primeiro passo que devemos dar e que não se pode ficar indiferente a este crime.
É urgente deixar o Espírito nos conduzir ao deserto da desolação, à cruz e à ressurreição
Apesar de reconhecer que as situações devem ser interpretadas segundo a hermenêutica da época em que ocorreram, o Pontífice ressalta que isso não exime de assumi-las como história do “pecado que nos sitia”. Por este motivo, indica que cada Bispo deve assumi-lo e se questionar o que deve ser feito diante dessa catástrofe.
Francisco define ainda que é urgente deixar “o Espírito nos conduzir ao deserto da desolação, à cruz e à ressurreição”. O ponto de partida, nesse caminho, é reconhecer humildemente o pecado na confissão. Ao fazer isso, “sentiremos aquela vergonha curativa que abre as portas para a compaixão e ternura do Senhor que está sempre perto de nós”.
Papa indica ao Cardeal Marx que continue como Arcebispo de Munique e Freising
Concluindo sua mensagem, o Papa diz que aprecia a disposição do Cardeal Marx de continuar de bom grado “a ser sacerdote e bispo desta Igreja”, comprometendo-se com a renovação espiritual. Entretanto, responde ao purpurado lhe indicando a continuar como Arcebispo de Munique e Freising.
“Se és tentado a pensar que, ao confirmar tua missão e não aceitar tua demissão, este Bispo de Roma (teu irmão que te ama) não te compreende, pensa no que Pedro sentiu diante do Senhor quando, à sua maneira, apresentou sua renúncia ‘afaste-se de mim sou um pecador’ e ouviu como resposta ‘Apascenta as minhas ovelhas’”, concluiu. (EPC)
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