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Para descer a nossos sofrimentos, redimir, transformar, Jesus sobe à cruz, diz Papa

Uma atitude que nos acompanha na Semana Santa: Passamos da alegria de acolher Jesus, que entra em Jerusalém, à tristeza de O ver condenado à morte e crucificado.

 Uma atitude que nos acompanha na Semana Santa:  Passamos da alegria de acolher Jesus, que entra em Jerusalém, à tristeza de O ver condenado à morte e crucificado.

Cidade do Vaticano (29/03/2021, 14:15, Gaudium Press) Na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco presidiu as cerimônias do Domingo de Ramos (28/03) dando início assim, à Semana Santa, quando, católicos de todo o mundo celebram os santos mistérios da Paixão, morte e Ressurreição de Cristo.

Todo o rito foi realizado aos pés do Altar da Confissão da Basílica Vaticana: os fiéis tinham em mãos os ramos de oliveira.

Depois da benção e da leitura de um breve texto do Evangelho que narra a entrada de Jesus em Jerusalém, o Papa dirigiu-se ao altar da Cátedra, para a celebração da Santa Missa.

A Basílica teve uma presença limitada de fiéis por motivo de medidas sanitárias previstas devido às exigências pandemia da Covid-19.

“Que se passou com aquele povo que, em poucos dias, passou dos ‘hosanas’ a Jesus ao grito ‘crucifica-O’?”

O Papa iniciou sua homilia recomendando: “Nesta Semana Santa, ergamos o olhar para a cruz a fim de recebermos a graça do assombro”.

Todos os anos, disse o Papa, esta liturgia cria em nós uma atitude de espanto, de surpresa: “passamos da alegria de acolher Jesus, que entra em Jerusalém, à tristeza de O ver condenado à morte e crucificado. É uma atitude interior que nos acompanhará ao longo da Semana Santa. Abramo-nos, pois, a esta surpresa”, exortou.

“Jesus começa logo por nos surpreender. O seu povo acolhe-O solenemente, mas Ele entra em Jerusalém num jumentinho”.

Pela Páscoa, o seu povo espera o poderoso libertador, mas Jesus vem cumprir a Páscoa com o seu sacrifício. O seu povo espera celebrar a vitória sobre os romanos com a espada, mas Jesus vem celebrar a vitória de Deus com a cruz, observou.

“Que se passou com aquele povo que, em poucos dias, passou dos ‘hosanas’ a Jesus ao grito ‘crucifica-O’?

Aquelas pessoas seguiam mais uma imagem de Messias do que o Messias. Admiravam Jesus, mas não estavam prontas para se deixar surpreender por Ele.”

Qual é a diferença entre surpresa e admiração com relação a Jesus?

A surpresa é diferente da admiração, destacou o Pontífice.

A admiração pode ser mundana, porque busca os próprios gostos e anseios; a surpresa, ao contrário, permanece aberta ao outro, à sua novidade, frisou o Papa, acrescentando:

“Também hoje há muitos que admiram Jesus: falou bem, amou e perdoou, o seu exemplo mudou a história… Admiram-No, mas a vida deles não muda.
Porque não basta admirar Jesus; é preciso segui-Lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele: passar da admiração à surpresa.”

E qual é o aspecto do Senhor e da sua Páscoa que mais nos surpreende? – perguntou Francisco, respondendo: “o fato de Ele chegar à glória pelo caminho da humilhação. Triunfa acolhendo a dor e a morte, que nós, súcubos à admiração e ao sucesso, evitaríamos”.

Jesus sofreu toda esta humilhação para Se aproximar de nós, não nos deixar sozinhos no sofrimento e na morte, nos recuperar e salvar

“Ver o Onipotente reduzido a nada; vê-Lo, a Ele Palavra que sabe tudo, ensinar-nos em silêncio na cátedra da cruz; ver o Rei dos reis que, por trono, tem um patíbulo; ver o Deus do universo despojado de tudo; vê-Lo coroado de espinhos em vez de glória; vê-Lo, a Ele bondade em pessoa, ser insultado e vexado”: isto surpreende, observou o Papa.

Não estamos sozinhos: Deus está conosco em cada ferida, cada sofrimento, na nossa existência

O Pontífice disse que Jesus sofreu toda esta humilhação para tocar até ao fundo a nossa realidade humana, para atravessar toda a nossa existência, todo o nosso mal; para Se aproximar de nós e não nos deixar sozinhos no sofrimento e na morte; para nos recuperar, para nos salvar.

“Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento. Prova os nossos piores estados de ânimo: o falimento, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e, assim, as redime e transforma. O seu amor aproxima-se das nossas fragilidades, chega até onde mais nos envergonhamos.”

Agora sabemos que não estamos sozinhos, frisou o Santo Padre: “Deus está conosco em cada ferida, em cada susto: nenhum mal, nenhum pecado tem a última palavra. Deus vence, mas a palma da vitória passa pelo madeiro da cruz. Por isso, os ramos e a cruz estão juntos”, destacou.

Como testemunhar a alegria de ter encontrado Jesus, sem nos deixamos surpreender cada dia pelo seu amor espantoso, que perdoa?

Peçamos a graça do assombro. A vida cristã, sem surpresa, torna-se cinzenta, disse o Pontífice. “Como se pode testemunhar a alegria de ter encontrado Jesus, se não nos deixamos surpreender cada dia pelo seu amor espantoso, que nos perdoa e faz recomeçar?”

Se a fé perde o assombro, torna-se surda: já não sente a maravilha da graça, deixa de sentir o gosto do Pão da vida e da Palavra, fica sem perceber a beleza dos irmãos e o dom da criação. Nesta Semana Santa, ergamos o olhar para a cruz a fim de recebermos a graça do assombro, exortou o Papa. (JSG)

(Com informações VaticanNews, foto VaticanMedia)

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