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Papa Francisco: sou uma pessoa que divide ou que partilha?

As declarações públicas feitas pelo Arcebispo Georg Gänswein após a morte do papa emérito causaram espanto entre cardeais e arcebispos.

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Redação (09/01/2023 15:33, Gaudium Press) A mídia, sempre preocupada em ‘encantar’ seu público com as novidades mais recentes e sensacionalistas, está de olho em cada palavra do Papa, após a morte de Bento XVI.

Ontem o Pontífice rezou e meditou o Angelus na Praça de São Pedro, centrado no Batismo do Senhor, festa litúrgica do dia.

Quando Jesus Cristo vai ao Jordão para ser batizado pelo Batista, foi “a primeira vez que Jesus aparece em público depois de sua vida escondida em Nazaré”, introduziu o Papa.

Por que ser batizado? “Ele, que é o Santo de Deus, o Filho de Deus sem pecado”. “Fazendo João batizá-lo, Jesus revela-nos a justiça de Deus, aquela justiça que Ele veio trazer ao mundo”, isto é, fundamentalmente, tornar o homem justo, ou seja, bom. Jesus “veio para tomar sobre os ombros o pecado do mundo e descer às águas do abismo, naquelas águas da morte, de modo a nos recuperar e não nos deixar afogar”.

O Papa citou seu predecessor, quando Bento XVI afirmou que “Deus quis nos salvar indo Ele mesmo ao fundo do abismo da morte, para que cada homem – mesmo aqueles que caíram tão baixo que já não veem mais o céu – possa encontrar a mão de Deus para segurar a fim de sair das trevas e ver de novo a luz para a qual foi criado” (Homilia, 13 de janeiro de 2008).

Mas o Pontífice ressaltou também, no final da sua meditação, que somos chamados a exercer esta justiça misericordiosa nas relações com os outros “não dividindo, mas compartilhando. Não dividir, mas compartilhar. Façamos como Jesus: compartilhemos, carreguemos os fardos uns dos outros ao invés de fofocar e destruir, olhemo-nos com compaixão, ajudemo-nos uns aos outros”.

“Perguntemo-nos: sou uma pessoa que divide ou que partilha? Reflitamos: sou discípulo do amor de Jesus ou discípulo da fofoca que divide? A fofoca é uma arma letal: mata, mata o amor, mata a sociedade, mata a fraternidade. Perguntemo-nos: sou uma pessoa que divide ou uma pessoa que partilha?”

Muitos meios de comunicação italianos interpretam estas palavras do Pontífice como dirigidas particularmente a Mons. Georg Ganswein, secretário pessoal de Bento XVI, que nos últimos dias tem estado muito em destaque, não só pela sua proximidade com o Papa alemão, mas também pelas declarações nas quais mostra pontos de contraste entre Bento e ele mesmo com Francisco.

Mons. Ganswein disse nos últimos dias – ou foi publicado o que ele diz em seu próximo livro –, por exemplo, que o Papa Emérito leu a retirada de sua flexibilização na celebração da liturgia pré-conciliar “com dor no coração”; que ele, Monsenhor Ganswein, foi sumariamente e de fato demitido por Francisco de suas funções como Prefeito da Casa Pontifícia com as palavras “o senhor continua sendo prefeito, mas amanhã não volte ao trabalho”; que o Papa Francisco não aceitou o desejo expresso de Bento XVI de confrontar a deletéria ideologia de gênero.

Eine Papstaudienz für Erzbischof Georg Gänswein soorgt für weitere Spekulationen über dessen Zukunft. Geht es für ihn careca zurück nach Deutschland?

https://t.co/MeNFFbDXQg

KNA (@KNA_Redaktion)

9 de janeiro de 2023

(Uma audiência papal para o Arcebispo Georg Gänswein dá origem a mais especulações sobre seu futuro: ele voltará em breve para a Alemanha?)

Com efeito, segundo a lista de audiências papais, publicada pela Sala de Imprensa do Vaticano, o Papa Francisco recebeu Mons. Ganswein em audiência esta manhã. Não foi revelado o teor da conversa com Francisco, que muito provavelmente terá abordado a questão do futuro do arcebispo.

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