Gaudium news > Papa: aprender com Abraão a rezar com fé, a falar com Deus como um filho fala ao pai

Papa: aprender com Abraão a rezar com fé, a falar com Deus como um filho fala ao pai

No Livro do Gênesis “descobrimos como Abraão viveu a oração em contínua fidelidade à Palavra, que periodicamente aparecia ao longo de seu caminho”.

No Livro do Gênesis “descobrimos como Abraão viveu a oração em contínua fidelidade à Palavra, que periodicamente aparecia ao longo de seu caminho”.

 

Redação (03/06/2020 11:55, Gaudium Press) “Há uma voz que ressoa improvisamente na vida de Abraão. Uma voz que o convida a empreender um caminho que parece absurdo: uma voz que o encoraja a sair de sua pátria, das raízes de sua família, para ir em direção a um futuro novo, um futuro diferente. Tudo isso baseado numa promessa, na qual apenas é preciso confiar. Confiar numa promessa não é fácil, é preciso coragem. E Abraão confiou”
Com as palavras acima, o Papa Francisco iniciou sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira, 03/06, ainda realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico e tendo como tema “A Oração de Abraão”.

Abraão é o homem da palavra: ouve a voz de Deus, confia na sua palavra

Sobre a vida de Abraão, o primeiro patriarca, pode-se pensar que ele “talvez fosse um homem sábio, acostumado a examinar o céu e as estrelas”. E é provável que, por isso, na promessa feita a ele por Deus, “o Senhor promete a ele que sua descendência será numerosa como as estrelas que pontilham o céu”.
Abraão ouve a voz de Deus, confia na sua palavra e parte. Isso é importante, ressaltou Francisco: “confia na palavra de Deus” e parte.

“Com essa partida nasce uma nova maneira de compreender a relação com Deus. É por esse motivo que o patriarca Abraão está presente nas grandes tradições espirituais judaica, cristã e islâmica como o homem perfeito de Deus, capaz de se submeter a Ele, mesmo quando sua vontade se revela árdua, se não até mesmo incompreensível”.

O Papa também explica que “Abraão é o homem da Palavra. Quando Deus fala, o homem se torna receptor dessa Palavra e sua vida o lugar onde ela pede para se encarnar”.

Para o Pontífice, “esta é uma grande novidade no caminho religioso do homem: a vida do fiel começa a ser entendida como uma vocação, ou seja, chamado, como um lugar onde uma promessa se realiza; e ele se move no mundo não tanto sob o peso de um enigma, mas com a força dessa promessa, que um dia se realizará. Abraão acreditou na promessa de Deus. Acreditou e foi, sem saber para onde ia, assim diz a Carta aos Hebreus. Mas ele confiou”.

A fé se torna história na vida de Abraão

Continuando sua catequese o Pontífice lembrou que, quando lemos o Livro do Gênesis, “descobrimos como Abraão viveu a oração em contínua fidelidade a essa Palavra, que periodicamente aparecia ao longo de seu caminho”.

E, para ser melhor entendido, o Papa acrescentou: Podemos dizer que, na vida de Abraão, a fé se torna história. De fato, Abraão, com sua vida, com seu exemplo, nos ensina esse caminho, esse caminho no qual a fé se torna história”.

Para Abraão, “Deus não é mais visto apenas nos fenômenos cósmicos, como um Deus distante, que pode incutir terror. O Deus de Abraão se torna o “meu Deus”, o Deus da minha história pessoal, que guia os meus passos, que não me abandona, o Deus dos meus dias, o companheiro das minhas aventuras, o Deus Providência”.

Francisco então questionou a si mesmo e a seus ouvintes: “Eu me pergunto e pergunto a vocês: nós temos essa experiência de Deus, o “meu Deus”, o Deus que me acompanha, o Deus da minha história pessoal, o Deus que guia meus passos, que não me abandona, o Deus dos meus dias? Temos essa experiência? Pensemos um pouco…”

O Deus que é certeza

“A oração de Abraão se expressa, primeiramente, com ações: homem de silêncio, em cada etapa constrói um altar ao Senhor”, frisou o Pontífice, citando um trecho do Catecismo da Igreja Católica.

Abraão não edifica um templo, mas espalha o caminho de pedras que recordam o trânsito de Deus

“Abraão não edifica um templo, mas espalha o caminho de pedras que recordam o trânsito de Deus, um Deus surpreendente, como quando o visita na figura de três hóspedes, que ele e Sara acolhem com zelo e que anunciam o nascimento de seu filho Isaac. Abraão tinha 100 anos e sua esposa 90, mais ou menos. E eles acreditaram. Confiaram em Deus e Sara, sua esposa, concebeu. Com aquela idade! Este é o Deus de Abraão, o nosso Deus, que nos acompanha”, sublinhou o Papa.

Abraão se familiariza com Deus e é fiel

Deste modo, “Abraão se familiariza com Deus, discute com Ele, mas sempre fiel. Fala com Deus e discute. Até a provação final, quando Deus pede que ele sacrifique seu próprio filho Isaac, o filho da velhice, o único, o herdeiro. Abraão vive a fé como um drama, como um caminhar tateando à noite, sob um céu desta vez sem estrelas. Muitas vezes acontece conosco também, de caminhar no escuro, mas com fé. Deus detém a mão de Abraão pronta para golpear, pois viu sua disponibilidade realmente total”.

O Papa concluiu sua catequese, convidando-nos a “aprender com Abraão a rezar com fé: ouvir o Senhor, caminhar, dialogar até discutir”

“Aprendamos com Abraão a rezar com fé, a dialogar, a discutir, mas sempre dispostos a acolher a palavra de Deus e colocá-la em prática. Com Deus, aprendemos a falar como um filho a seu pai. Ouvi-lo, responder e discutir, mas transparente, como um filho com o pai. Assim, Abraão nos ensina a rezar”. (JSG)

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas