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O que está por trás dos suicídios de sacerdotes no Brasil?

Devemos refletir sobre as diversas motivações que fazem com que esse fenômeno se repita com tanta frequência.

Sacerdote

Redação (10/02/2022 16:48, Gaudium Press) Na noite de 1º de fevereiro, o Padre Geraldo de Oliveira, de 77 anos, foi encontrado morto dentro da Igreja de São Sebastião, em Caruaru (PE). Ao lado de seu corpo foram encontrados: um frasco, que possivelmente continha veneno e uma carta na qual o sacerdote afirmava estar sendo desprezado na própria comunidade. Muitos acreditam que esta foi a motivação para que o Padre Geraldo cometesse este triste ato.

Alto número de casos de suicídio de sacerdotes católicos no Brasil

Comentando sobre esse lamentável episódio, o Bispo de Barretos (SP), Dom Milton Kenan Junior escreveu uma mensagem dirigida aos padres, ressaltando que os membros do clero são mestres em “rotular, desprezar, ignorar, boicotar… porque aquele irmão não pensa como eu, porque o outro ousa ser diferente…”.

Sem querer justificar o ocorrido, o prelado assegurou que muitos cometem suicídio “porque não encontraram quem se sentasse com eles, para ouvi-los; porque não encontraram alguém que os olhasse sem julgá-los”. E insistiu para que se rompa essa lógica antes que se multipliquem casos como o do Padre Geraldo “que depois de 50 anos de sacerdócio procurou a dignidade na morte por própria conta”.

Diante do alto número de casos de suicídio de sacerdotes católicos no Brasil (foram nove no ano de 2021), devemos pensar nas diversas motivações que fazem com que esse fenômeno se repita com tanta frequência. Muitas vezes isso se deve a pressão de que os padres sejam bons administradores, a pouca atenção que recebem dos seus Bispos e as denúncias (na maioria das vezes, falsas) feitas contra os membros do clero.

Perda do encanto e ofuscamento da beleza do ministério

O Padre José Rafael Solano Durán, PhD em Teologia Moral, pertence ao Clero da Arquidiocese de Londrina (PR), destacou um ponto importante: muitos sacerdotes perderam o encanto e a alegria, ofuscando a beleza do ministério. “Presbíteros, diáconos e Bispos desencantados. Homens que já não se sentem mais atraídos por nada é muito menos por ninguém. Neste caso por Cristo”.

Ele ressalta ainda que “para muitos, fazer parte do clero é muito mais do que um problema, um dilema. Homens capazes de pensar e refletir, mas incapazes de decidir!”. E aí está um problema base, pois “quem não sabe decidir perde o horizonte do fundamental e chega a um ponto no qual situações inesperadas o absorvem se tornando simplesmente alguém que vive segundo as decisões dos outros”.

Refletindo sobre isso, devemos nos perguntar: como recuperar aquele primeiro amor, aquele encanto pela liturgia, aquela alegria em servir? Certamente os encontraremos nos sacramentos, na devoção eucarística e na invocação da Mãe de Deus que nunca deixou desamparados os que recorreram à sua maternal proteção. (EPC)

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