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O fato mais importante da vida de Santo Ambrósio

O mais importante da vida de Santo Ambrósio não foram os livros que escreveu, mas foi ter convertido Santo Agostinho.

O mais importante da vida de Santo Ambrósio  não foram os livros que escreveu, mas foi ter convertido Santo Agostinho.
Redação (09/12/2020, 17:00, Gaudium Press) Em Tréveris, Alemanha, no ano 340 nasceu Santo Ambrósio, cujo pai se tornara prefeito da cidade. Cursou Direito em Roma, onde seu primo era prefeito. Logo após ser diplomado, foi nomeado governador de Milão.

O brado de uma criança

Tendo falecido o bispo dessa cidade, que era ariano, eclodiram violentos choques entre católicos e hereges a propósito de quem seria o sucessor.

O governador foi à praça principal e, discursando à multidão, pediu que se aguardasse a decisão dos bispos reunidos na basílica. Assim que ele terminou de falar, uma criança bradou: “Viva Ambrósio! Ele deve ser o verdadeiro bispo!”

Tendo tais palavras ecoado por toda a praça, o povo em uníssono gritou: “Ambrósio bispo!” As pessoas se abraçavam e manifestavam seu contentamento. Os bispos, os padres e demais clérigos concordavam com a escolha.
Surpreso com tudo isso, Ambrósio tentou fugir da cidade, mas a população o impediu. Ele, então, fez um apelo ao Imperador Valentiniano I, que se encontrava em Tréveris. Uma delegação de bispos viajou até essa localidade e conversou com o soberano, o qual aprovou com satisfação a escolha de Ambrósio.

Compreendendo ser esta a vontade de Deus, Ambrósio, que era apenas catecúmeno, recebeu o Batismo, poucos dias foi ordenado sacerdote e por fim sagrado Bispo de Milão. Tinha 34 anos de idade.
No dia seguinte, Santo Ambrósio deu aos pobres todos os seus bens, que eram imensos, reservando apenas alguns deles para sua irmã Marcelina, a qual era religiosa em Roma.

Dia e noite lia os boletins de guerra

Nessa época, os bárbaros começaram a atacar o Império Romano. O Imperador Graciano, filho de Valentiniano I, era católico e inimigo dos arianos. Em 377 ele dirigiu-se à Gália – atual França –, à testa de legiões de soldados, e derrotou os alamanos. Santo Ambrósio, então, escreveu-lhe bela carta, onde afirmou entre outras coisas:
“Dia e noite, eu lia os boletins de vossa marcha triunfal. Meus pensamentos vos seguiam em cada acampamento, rezava por vós, ou melhor, por todo o mundo romano, pedindo a Deus o sucesso de vossas armas.”
Graciano tinha grande estima por Santo Ambrósio, e sob a influência deste editou várias leis defendendo a Igreja e coarctando o arianismo e o paganismo. O Santo dedicou-lhe um livro que escreveu sobre o Divino Espírito Santo, o qual teve enorme sucesso.

Entretanto, Santo Ambrósio foi terrivelmente perseguido pela Imperatriz Justina, ariana contumaz. Ela havia desposado o usurpador Maxêncio e, posteriormente, o Imperador Valentiniano I. Depois do falecimento deste último, Justina fez com que seu filho Valentiniano II, embora criança, fosse proclamado imperador.

Em determinada ocasião, Santo Ambrósio foi a Sirmio – cidade da atual Sérvia – para a sagração de um bispo católico. No cortejo inicial da cerimônia, uma mulher, a serviço de Justina, levantou a casula do Santo e ordenou a sicários que o apunhalassem. Mas estes ficaram paralisados e Santo Ambrósio increpou a criminosa, a qual alguns dias depois morreu. A notícia se espalhou por todo o Império. Dizia-se: “Ambrósio é um novo Atanásio”, referindo-se ao grande Santo que combatera heroicamente o arianismo.

Livro exaltando a virgindade

Por iniciativa do Papa São Dâmaso, que exerceu o pontificado de 366 a 384, reuniu-se em Roma um sínodo a fim de ratificar as condenações do arianismo e outras heresias então existentes.
Ao entrar na Cidade eterna, Santo Ambrósio foi acolhido triunfalmente. Sua irmã Santa Marcelina osculou sua mão, como ele havia predito quando menino.

Tal era a admiração que Santo Ambrósio nutria por sua irmã que, em sua homenagem, escreveu posteriormente uma obra intitulada De Virginibus — Sobre as Virgens, exaltando a virgindade e as virtudes de Marcelina, a qual se tornou Santa; sua memória é celebrada em 17 de julho.

Afirma Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:
“De todos os Doutores da Igreja, [Santo Ambrósio] foi o que melhor estudou a virtude da virgindade; aquele que, com delicadeza de linguagem e de alma inexcedível, soube tratar do tema de maneira a não só firmar a convicção de que a virgindade é uma virtude excelsa, mas ainda proporcionar uma verdadeira apetência da virgindade.”

Tramas criminosas da Imperatriz Justina

Santo Ambrósio foi eleito secretário do Sínodo, mas por ter ficado doente precisou voltar para Milão; o grande São Jerônimo, que era então simples monge, substituiu-o no cargo.

Em Milão, a ímpia Justina decretou que uma igreja fosse entregue aos arianos. Mandou soldados levarem Santo Ambrósio ao palácio onde ela se encontrava, e que fosse feita em alta voz a leitura do decreto. Ao término da nefanda proclamação, o Santo bradou: “Jamais cederei uma polegada do terreno consagrado à Verdade.”

Arianos e outros bajuladores da imperatriz, aos gritos, disseram que ele era um rebelde. O povo católico, bastante vigilante, ficara nas redondezas. Ao ouvirem o berreiro, os fiéis invadiram o terreno do palácio e ameaçaram romper suas portas. Apavorada, Justina se lançou aos pés do Santo, o qual não permitiu que ela nem seu filho Valentiniano II fossem atacados.

Mas essa mulher herege continuou a tramar contra a vida de Santo Ambrósio. Pago por ela, um celerado penetrou à noite no quarto em que o Santo dormia, ergueu sua espada para matá-lo, mas foi atingido por uma paralisia nos braços e soltou um grito de dor. Santo Ambrósio despertou, e o criminoso pediu-lhe o perdão e a cura. O Santo o perdoou e lhe devolveu os movimentos.

O mais importante da vida de Santo Ambrósio  não foram os livros que escreveu, mas foi ter convertido Santo Agostinho.

Origem do “Te Deum”

Além de homilias arrebatadoras, Santo Ambrósio compôs belos hinos religiosos. Santa Mônica levou à igreja seu filho Agostinho – o qual havia sido maniqueu e tivera vida desregrada –, a fim de que ele contemplasse e ouvisse o Bispo de Milão.

Anos depois, Santo Agostinho, em sua obra Confissões, escreveu:
“Quantas lágrimas verti, de profunda comoção, ao harmonioso ressoar de teus hinos e cânticos em tua igreja! Aquelas vozes penetravam nos meus ouvidos e destilavam a verdade em meu coração, inflamando-o de doce piedade, enquanto corria meu pranto e eu sentia um grande bem-estar.”

Conta-se que no dia do Batismo de Santo Agostinho, ele e Santo Ambrósio entoaram um maravilhoso hino, composto naquele momento: o Te Deum.

Dr. Plinio Corrêa de Oliveira comenta:
Talvez “o mais importante da vida [de Santo Ambrósio] não foram os livros que ele escreveu, nem as obras que realizou, mas ter convertido Santo Agostinho. Somente essa conversão é um capítulo na História do mundo e na História da Igreja”.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História da Igreja” 44)

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1- DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1891, v. X, p. 393.
2- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Santo Ambrósio, Bispo e Doutor da Igreja. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano XIII, n. 153 (dezembro 2010), p. 12-13.
3- Livro IX, cap. 6.
4- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Op. Cit., p. 13.

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