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O Espírito Santo: intercessor em favor de todos

“A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1Cor 12,7)

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Redação (28/05/2023 12:36, Gaudium Press) Após a Igreja ter reservado cinquenta dias para comemorar as festas Pascais, ela encerra este ciclo litúrgico celebrando a solenidade de Pentecostes.

Que ensinamentos podemos extrair de tal liturgia?

A presença do Espírito Santo

Quando São Paulo passou por Corinto e chegou à cidade de Éfeso, chamou alguns discípulos que haviam abraçado a fé cristã, e lhes perguntou: “Vós recebestes o Espírito Santo, quando abraçastes a fé?” Ao que eles responderam: “Nós nem sequer ouvimos dizer que há Espírito Santo” (At 19,1-2). Após batizá-los, receberam o Espírito Santo ao impor-lhes as mãos; então, começaram a falar em línguas e a profetizar (cf. At 19,6).

De fato, grandes são os benefícios e assistências que o Espírito Santo concede às almas – segundo afirmam os teólogos –,[1] mas infelizmente, poucos são aqueles que O invocam e O conhecem. Sem embargo, todos os dons, que as criaturas do Céu e da Terra possuem na ordem da natureza e da graça, são provenientes da Terceira Pessoa da Trindade, da maneira mais íntima e espiritual.[2] Além da escassez de doutrina acerca do Espírito Santo, e da falta de devidas devoções a Ele, há um motivo que leva a maioria dos cristãos a desconhecê-Lo: as suas manifestações muito pouco sensíveis e perceptíveis aos olhos humanos.

Segundo as Escrituras, Ele apenas apareceu três vezes de maneira sensível a nós: no Batismo de Jesus, ao descer em forma de pomba; quando Jesus se transfigurou no monte Tabor, aparecendo como uma nuvem resplandecente; e ao pousar em forma de línguas de fogo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos, reunidos no Cenáculo, a qual a liturgia de hoje recorda.

São Lucas, no Atos dos Apóstolos, descreve que os discípulos de Jesus estavam reunidos todos no mesmo lugar:

“De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam” (At 2,1-2).

Neste instante, apareceram línguas de fogo que se repartiram e desceram sobre cada um deles, e “todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2,3-4).

Sem dúvida alguma, esta foi uma manifestação patente do Espírito Santo. Entretanto, é preciso ressaltar que esta não é a forma ordinária de Sua ação nas almas. Na maioria das vezes, Ele age de maneira discreta em nosso interior. Isto, porém, não significa que os auxílios d’Ele, Sua presença e os efeitos de Sua ação em nossas almas sejam menos eficazes.

A ação do Paráclito nas almas

Vemos, na segunda leitura, São Paulo afirmar que há diversidade de dons e de ministérios, mas um mesmo é o Espírito que intercede em favor de todos, para o bem comum (cf. 1Cor 12,4-7).

Há na Santa Igreja diversidade de membros, de carismas, como também há diversos graus de santidade. Uns possuem — segundo o Pe. Royo Marín[3] — a graça santificante[4] em suas manifestações mais excelsas; outros são, todavia, menos santos; e há aquelas almas que possuem apenas o imprescindível para se salvarem. Com efeito, em união com o Pai e o Filho, o Espírito Santo é o hóspede destas almas em estado de graça,[5] onde mora como em um verdadeiro templo, e por esta razão, Ele não habita de uma maneira inoperante, mas orienta e conduz à perfeição — se a alma não põe obstáculos à sua ação —, levando-a à plena união com Deus.

Como se dá esta ação do Espírito Santo?

Quase sempre julgamos que os atos bons que tenhamos praticado são iniciativa de nosso próprio engenho. Não percebemos que, por detrás de nós, está o Espírito Santo nos inspirando, aconselhando e impulsionando-nos à prática da virtude e dos mandamentos. Muitas vezes não damos ouvido à “suave voz” do Divino Espírito Santo que diz em nosso interior o caminho a ser seguido, pois as preocupações da vida nos perturbam e preenchem nossa atenção.

Contudo, ainda que por desleixo nosso, ou até pelo lastimoso estado de inimizade com Deus no qual um pecador pode se achar, o Espírito Santo não deixa de auxiliar-nos.

Desta maneira, cabe a nós pedirmos a Maria Santíssima, a Esposa do Espírito Santo, que nos obtenha a graça de estarmos sempre atentos e abertos à ação do Paráclito, para que se operem em nossos corações maravilhas da graça cada vez mais eficazes.

Por Guilherme Motta


[1] Cf. MARÍN, Antônio Royo. El gran desconocido: El Espíritu Santo y sus dones. Madrid: BAC, 2004, p. 3-12.

[2] Cf. BASILE DE CÉSARÉE. L’Esprit-Saint, 24, 55. In: Michel Corbin. Paris: Cerf, 2010, p. 313.

[3] Cf. MARÍN, Antônio Royo. Op. cit., p. 55-57; 90

[4] A graça santificante é um dom sobrenatural infundido por Deus em nossa alma — no dia do nosso Batismo —, a fim de dar-nos uma participação verdadeira e real de sua própria natureza divina, fazendo-nos filhos seus e herdeiros da glória. Cf. MARÍN, Antônio Royo. Op. cit., p. 61.

[5] Por estado de graça, entende-se aquela alma batizada que não está em pecado mortal.

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