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O catolicismo peculiar de Beethoven

Sobre o catolicismo de Beethoven, muitos se perguntam, muitas coisas são ditas.

Foto: Royal Opera House Covent Garden

Foto: Royal Opera House Covent Garden

Redação (30/06/2022 15:08, Gaudium Press) O catolicismo de Beethoven é o tema de um artigo publicado no portal de notícias ReligionEnLibertad: A grande incógnita sobre Beethoven: ele nasceu e morreu católico, mas o que aconteceu nesse meio tempo?, de autoria de Michael de Sapio, escrito originalmente na revista Crisis Magazine.

Beethoven, que com Bach e Mozart constituem a trilogia mais reconhecida da música clássica, foi batizado como católico e recebeu formação católica. E, no final de sua vida, recebeu o sacramento específico da Igreja que prepara para o encontro com Deus. A questão é, indaga o colunista, o que houve entre o início e o fim, em termos de fé e prática católica no famoso compositor.

Embora Beethoven seja retratado como um laicista ou mero deísta, “as cartas e cadernos de Beethoven testemunham sua forte crença em um Deus pessoal”.

Composições com sabor deísta, e também com aroma cristão

Em suas composições, “ele costumava escrever notas e títulos religiosos”: “Cheio de gratidão ao Todo-Poderoso depois da tormenta”, “Canção santa de gratidão de um convalescente à Divindade”… Ele tem alguns textos em peças corais onde sugere o deísmo do Iluminismo, como na famosa Nona Sinfonia, mas também tem obras onde a tradição católica está muito presente.

Escreveu o oratório Cristo no Monte das Oliveiras, onde o compositor “se concentra na Agonia no Horto”. Depois veio a Missa em dó maior, que alguns descrevem como “esplendorosa”. Seu oratório O Triunfo da Cruz, que foi encomendado, nunca chegou ao fim. Também não chegou a compor outra missa que havia planejado.

Mas a obra de cunho religioso mais elogiada do compositor alemão é a Missa Solemnis, que para surpresa de muitos, ele mesmo a qualificou como “a coroação da minha vida profissional”, escrita para a entronização de Rodolfo de Áustria, grande amigo de Beethoven, em sua sede como Arcebispo de Olomouc.

Aparentemente a mãe de Beethoven era uma pessoa devota. O compositor começou sua vida musical tocando órgão nas missas matinais em Bonn.

Em sua vida moral pessoal, ele é descrito como um puritano.

No entanto, também é claro que ele não era um católico devoto, nem um frequentador dos sacramentos, embora se afirme que “quando se tornou tutor de seu sobrinho Karl, fez questão de receber regularmente os sacramentos”.

Acredita-se também que no meio de sua vida ele se interessou pelas religiões orientais, e cita textos religiosos desse tipo em seus cadernos.

Apesar de ser considerado um autor de vanguarda para sua época, Beethoven nunca deixou de ser fascinado pela música religiosa antiga: “Nas formas antigas da Igreja, a devoção é divina… e [queira] Deus que algum dia me permita expressá-la”, dizia. Em sua Missa Solemnis ele queria que as flautas se assemelhassem o bater de asas de pássaros representando o Paráclito, que os violinos sugerissem a presença de Jesus no altar, que o órgão falasse do rito eucarístico.

Foi dito acima que ele morreu com os sacramentos. Mas a iniciativa de recebê-los não partiu dele, mas de seu médico, que conseguiu um sacerdote para lhe administrar a Unção dos Enfermos. O músico meio moribundo reconheceu o sacerdote: “Obrigado, senhor! O senhor me trouxe conforto!” O sacerdote permitiu o enterro católico e ofereceu uma missa de réquiem, indicando que ele acreditava que Beethoven tinha falecido como cristão.

Um espírito, portanto, bastante flutuante em termos de fé. Que Deus tenha tido piedade de sua alma.

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