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Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano: celestial convívio entre Mãe e Filho

A imagem de Mater Boni Consilii é a resposta afetuosa às perplexidades e interrogações que nos afligem. A Igreja celebra a festa de Nossa Senhora do Bom Conselho no dia 26 de abril.

Mae do Bom Conselho

Redação (25/04/2023 16:59, Gaudium Press) O afresco da Madonna del Buon Consiglio é uma imagem “peregrina” e repleta de imponderáveis, cuja origem mais remota se perde no mistério. Sabe-se que já se encontrava em Scutari, na Albânia, havia mais de sete séculos quando migrou para Genazzano, nas cercanias de Roma, no ano de 1467.

Qual é a sua verdadeira procedência? Que artista genial a pintou? Foi fruto apenas do talento humano, ou entrou igualmente o concurso angélico? Proveio de uma inspiração sobrenatural, uma aparição da Mãe de Deus? A enigmática bordadura na gola do Menino Jesus constitui um mero ornato, ou ali se lê alguma palavra em idioma desconhecido relativa à sua missão?

Essas são algumas das perguntas que afloram à mente de um devoto observador quando considera a riqueza de detalhes do afresco, refletida no porte, nos gestos ou nas próprias vestimentas de seus augustos personagens.

Todavia, nada atrai tanto a atenção quanto o celestial convívio entre Mãe e Filho ali retratado: “Num gesto de intenso afeto, transbordante de amor, Ele envolve com a mão direita o nobre e delicado pescoço de sua Mãe, enquanto com a esquerda segura energicamente a parte superior do vestido d’Ela, como a dizer: ‘Sois toda minha!’ É tão categórico esse comovedor e divino amplexo, que sua vista direita parece levemente desviada da linha normal, pela ênfase com que Ele estreita sua face à de sua Mãe Santíssima.

“Sem deixar de exprimir em nada a fisionomia própria de uma criança, o Divino Infante não denota, entretanto, a menor superficialidade, tão característica dessa fase da vida. Pelo contrário, como um oceano de seriedade, transparece n’Ele toda a profundidade e amplitude do entendimento, toda a força da vontade, toda a elevação e nobreza do sentir. E tem a mais alta consciência do que representa sua Mãe, do paraíso interior que Ela Lhe oferece. […]

“Por sua atitude, o Menino Deus parece dizer a cada um: ‘Se queres algo de Mim, pede-o por meio de minha Mãe e serás atendido’. O quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano bem poderia estar aureolado com as palavras ‘Mediação Universal de Maria’, pois o próprio Deus humanado quis encontrar proteção e amparo nos braços virginais de sua Mãe Santíssima”.[1]

A cabeça de Nossa Senhora está levemente apoiada na cabeça do Menino, como a indicar a total união – quase se diria unidade – existente entre ambos, a qual se exprime sobretudo pelo intercâmbio de olhares.

E como Eles Se olham! Parece tratar-se de um só e mesmo olhar! Tem-se a impressão de que Ela está a nos confidenciar: “Meu filho, o Altíssimo depositou em Mim maravilhas jamais excogitadas pelos Anjos e Santos do Céu. Por isso, há mistérios de Deus que os espíritos bem-aventurados só conhecem penetrando em meu olhar. E há mistérios que eles só compreenderão contemplando essa troca de olhares entre Mãe e Filho”.

Das incontáveis imagens ou pinturas representando a Santíssima Virgem com o Divino Infante ao colo nenhuma deixa transparecer tanto essa união quanto o afresco de Genazzano. Há algo na cena que parece sugerir a quem a analisa enlevado: “Se quiser conhecer o Menino, é necessário vê-Lo no olhar d’Ela; de modo similar, para conhecê-La por inteiro, é preciso vê-La no olhar d’Ele”.

Homem algum poderá penetrar nesse intercâmbio de olhares se não se deixar atrair pela sagrada e divina intimidade existente entre Mãe e Filho. São tantas as maravilhas ali contidas, que a eternidade será insuficiente para desvendar os seus segredos! Como se constata pela experiência cotidiana, as próprias relações naturais de uma mãe com o seu filho comportam aspectos insondáveis. Quando a mãe conhece e ama inteiramente seu filho, e este corresponde a seu amor, confiando e abandonando-se nas mãos dela, cria-se um vínculo indissolúvel entre os dois pelo qual as palavras se tornam dispensáveis. Estabelece-se então um outro tipo de comunicação, muitíssimo mais rica, que se dá por olhares. Basta um olhar e está tudo dito!

Esse fenômeno natural se passa de modo similar, e em grau supereminente, na esfera sobrenatural. Mãe do Verbo Encarnado, a Santíssima Virgem é igualmente Mãe de todos os homens (cf. Jo 19, 26-27). Em virtude dessa missão que Lhe foi conferida pelo Redentor no momento auge de sua Paixão, Ela conhece e ama a cada um mais profundamente do que todas as mães do universo poderiam conhecer e amar um único filho.

E quando algum deles A procura, seu Coração Imaculado como que se desfaz em ternuras, afagos e afetos maternais, ecoando, em ponto menor, o que sucede nas relações com o seu Divino Filho. É precisamente esse transbordamento de amor e carinho que se experimenta cada vez que se olha para a imagem de Mater Boni Consilii.

Quanta alegria, quanto amparo e quanta sustentação espiritual se recebe dEla.

Mons João Scognamiglio Clá Dias, EP

Texto extraído, com pequenas adaptações, do livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens, v.1.

[1] CLÁ DIAS, João.  Mãe do Bom Conselho. p.26-29.

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