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“Non serviam!” vs “Ecce ancilla Domini”

“Não servirei àquilo em que não acredito mais, ainda que se chame isso de minha casa, minha pátria ou minha igreja: e tentarei me expressar por algum modo de vida ou de arte da maneira mais livre e completa que puder, usando em minha defesa as únicas armas que me permito usar – silêncio, exílio e esperteza.” (James Joyce, 1916).  

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Redação (22/01/2022 10:35, Gaudium Press) Vemos tantas coisas horríveis nesta vida que vamos ficando calejados e passamos a acreditar que nada mais pode nos surpreender. Contudo, sempre aparece algo que nos surpreende porque o mundo está cada vez mais decadente e mais ousado na prática e na criação do ruim, do péssimo e do abominável.

Fazendo uma pesquisa virtual sobre a passagem das Sagradas Escrituras que trata dos anjos caídos, deparei-me com duas músicas de rock com o título de “Non serviam”. Ambas tão pesadas que parecem ter sido gravadas diretamente do interior do inferno, e é impossível a um ser humano comum ouvir mais que poucos segundos de cada uma delas, sem dúvida, ligadas ao universo do satanismo.

 É difícil entender por que um artista compõe algo assim, com letra medonha, melodia soturna e interpretação assustadora, e mais difícil ainda acreditar que exista público que consuma esse tipo de lixo. Mas, infelizmente existe.

 O “Feio normal”

Esta semana, também fui surpreendido com a notícia de uma jovem mãe britânica que deu ao seu filho recém-nascido o nome de Lúcifer! Bastante criticada e questionada a respeito, a moça respondeu que não vê mal nenhum em dar ao filho o nome do demônio, que acha o nome bonito e não o associa ao maligno, que as pessoas é que veem maldade onde não há!!!

Poucos meses antes, tive outro desses choques ao deparar com a figura esdrúxula de um homem que se autodenomina “diabão”, implantou chifres, cortou partes das orelhas e metade do nariz para que ficasse com a semelhança de um focinho, fez inúmeras tatuagens e várias cirurgias plásticas deformadoras, implantou presas animalescas no lugar dos dentes, mandou amputar um dedo de cada mão, para que elas adquirissem o formato de garras e colocou unhas postiças pontiagudas, as quais usa pintadas de preto ou vermelho, para ficar mais parecido com o dito cujo.

Não bastasse isso tudo, o sujeito ainda é casado com uma mulher igualmente transformada, que além do implante de chifres, tatuou até o branco dos olhos com a cor vermelha e mandou partir a língua ao meio, para que ficasse bífida, como as das serpentes, e se autointitula “mulher demônia”. Não, isso não é ficção, quem tiver estômago, pode procurar fotos do bizarro casal na internet ou talvez até esbarre com eles na rua, porque são brasileiros, moradores do litoral paulista.

Estamos nos referindo a extremos: atitudes, aparências e canções que causam repugnância até nos mais frios e descrentes, opositores da fé e da religião. No entanto, esse tipo de coisa, de maneira primeiro sutil, e depois escrachada, infiltra-se em cada detalhe de nossa realidade e faz-se passar por normal: o erro está em quem não gosta, em quem se assusta e não em quem pratica tais aberrações.

“É proibido discordar”

Depois de cinco décadas sob o domínio da ditadura do “É proibido proibir”, slogan da propalada revolução cultural, nascida dos protestos estudantis na Sorbonne, em maio de 1968, agora estamos sob a ditadura do “É proibido discordar”. Vivemos a era dos absurdos, sob o paroxismo de não poder ser contrário a nada, exceto a Deus e à religião.

O mais irônico é que os que apregoam essa filosofia se dizem partidários da liberdade e contrários a todo tipo de preconceito, no entanto, tentam aprisionar a todos e a cada um que ainda ousa aplicar um traço de sanidade a esse mundo enlouquecido, de ponta cabeça, com valores virados pelo avesso, retorcidos e esmagados pela bestialidade do que se convenciona chamar “moderno e normal”.

Mais triste do que assistir a essa avalanche de horrores, é ver pessoas de bem tentando convencer outras pessoas de bem a aceitarem tudo, a não serem preconceituosas, a cultuarem a “igualdade” e, para isso, ainda evocam a religião e a misericórdia de Deus, que “ama a todos igualmente e quer que respeitemos a todos”. Mas, como respeitar qualquer coisa se somos desrespeitados e atropelados pela violenta imposição do caos o tempo todo?

E, para quem aventa a igualdade entre todos, primeiro, eu digo que não sou, de forma nenhuma, igual a uma mãe estúpida que dá o nome de Lúcifer a um inocente bebezinho, e, muito menos, igual a duas criaturas que gastam grandes somas de dinheiro para se deformarem, transformando seus corpos naquilo que suas almas já são: escravos de satanás. Nem tampouco sou igual a roqueiros que apregoam em alto e péssimo som o “Não servirei!”

Liberdade e igualdade?

Não, eu não sou igual a eles e eles não são iguais a mim! Como todos os descendentes de Adão, sou um homem falho e pecador, que ofende ao Criador com seus deslizes no dia a dia, mas, sou um filho de Deus, sou um servo de Nosso Senhor Jesus Cristo, sou consagrado à Virgem Santíssima, portanto, defendam a falsa igualdade que quiserem defender, mas não venham tentar me convencer de que sou igual aos piores tipos de degenerados que ofendem a Deus propositalmente.

E não tenham a ingenuidade de acreditar que aqueles que cultivam essas atitudes e ideologias sejam ateus. Não, não são. Eles acreditam em Deus, sabem exatamente quem é Deus e o ofendem deliberadamente, porque, com os seus atos, fazem eco ao “Non serviam” daquele a quem servem!

Atentem que aqueles que se dizem iguais são hipócritas e dominadores, não vivem o que defendem e odeiam a igualdade. Com essas pessoas, bem se coaduna a afirmação do escritor George Orwel: “Todos os bichos são iguais, mas, alguns bichos são mais iguais do que os outros…”

Para esse tipo de gente, os que ainda tentam resistir, os que têm fé, que rezam, vão à Missa, se confessam, comungam, se consagram a Jesus e a Nossa Senhora, estão todos perdidos e são tolos, porque não são livres.

Eis aqui a escrava do Senhor

Não precisa ser doutor em Teologia para saber que eles odeiam a servidão, a obediência, a autoridade, a disciplina e o amor, características que refletem os dons de Deus e das quais temos o maior expoente em Maria, Aquela que, mesmo tendo sido elevada ao patamar da mais importante de todas as criaturas, ao ser escolhida para ser a Mãe de Deus, respondeu humildemente: “Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum.” (Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra.).

Este é o exemplo a ser seguido, esta é a criatura santa a ser imitada, pois, com uma única atitude de submissão e entrega, Ela venceu o demônio e todos aqueles que o seguem; Ela venceu o orgulho, que é o que está por trás de todas as abominações.

Portanto, jamais diga: “Eu me rebelo, eu não sirvo, eu não concordo, somos todos iguais, ninguém é melhor do que eu.”, porque a única que, por sua condição e pelo cabedal de graças com que foi distinguida, poderia dizer-se melhor, humildemente fez-se serva, fez-se escrava e, juntamente com o seu Divino Filho, que se deixou crucificar e matar, trouxe para nós a liberdade e a salvação dos filhos de Deus.

Assim, esteja atento e, a cada situação, por insignificante que pareça, que o leve a um ato de rebeldia que tenha o “non serviam” por detrás, pense em Maria, olhe para Maria, se curve diante de Maria e diga, com Ela: “Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum”.

E, por esses filhos das trevas, rezemos e façamos atos de reparação e de desagravo diante do Sagrado Coração de Jesus, que é, sim, misericordioso, e para o qual nada está totalmente perdido; apenas não deixe que eles o ludibriem e o façam sentir-se igual à escória que caminha para o abismo quando pensa estar atingindo o Céu, repetindo, em estertores, o estribilho: “Não me curvarei, não servirei a Deus”, enquanto, de bom grado, compõem as fileiras dos tristes precitos, escravos e servidores do príncipe das trevas, o lamentável séquito de satanás!

Por Afonso Pessoa

 

 

 

 

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