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Ninguém pode julgar ser órfão diante de Pai tão amoroso

“Fica conosco, Senhor!” Essa súplica dos discípulos de Emaús é repetida pelos filhos de Deus em momentos de perplexidade e angústia.

991px Jan Wildens Landscape with Christ and his Disciples on the Road to Emmaus WGA25745

Redação (12/04/2023 09:55, Gaudium Press) Perplexos e desalentados, dois discípulos de Jesus percorriam o caminho que levava da cidade de Jerusalém ao povoado de Emaús, distante cerca de doze quilômetros.

Naquele domingo os espíritos estavam confusos; algumas mulheres diziam ter visto Anjos e anunciavam a Ressurreição do Senhor. Contudo, nada estava confirmado. Seria ilusão? Teriam elas se enganado? Afinal, por que teria morrido Jesus quando mais próxima parecia a proclamação do seu Reino? Pensamentos como esses deveriam povoar a cabeça dos discípulos durante aquela caminhada tão propícia à reflexão.

Tomados pela perturbação de espírito, não reconheceram o Divino Mestre quando Ele passou a acompanhá-los. “De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?” (Lc 24, 17), perguntou-lhes Jesus. Depois de ouvir os queixumes e lamúrias daqueles pobres discípulos, o Salvador os repreendeu paternalmente: “Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas” (Lc 24, 25).

E o próprio Senhor explicou-lhes as Escrituras, mostrando como era necessário que o Cristo sofresse para redimir os homens. Próximo de Emaús, Jesus aparentou ir adiante, forçando-os a fazer um pedido: “Fica conosco, já é tarde e já declina o dia” (Lc 24, 29). Aquiescendo, Nosso Senhor entrou com eles no povoado e manifestou-Se diante de seus olhos, sendo reconhecido ao partir o pão.

Onde dois ou mais estão reunidos em meu nome…

“Fica conosco, Senhor!” Essa súplica dos discípulos de Emaús é repetida pelos filhos de Deus em momentos de perplexidade e angústia, cientes da promessa que o Divino Mestre fez aos Apóstolos: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).

Porém, onde encontrá-Lo? Como estar com Jesus? Na Sagrada Eucaristia, temos a certeza de estar com Ele, em seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Contudo, não O vemos como os discípulos de Emaús, que caminharam junto, olharam e falaram com Nosso Senhor. Seria esta a única forma de Jesus Se comunicar conosco? Certamente não! Porque o próprio Salvador declarou: “Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, o conseguirão de meu Pai que está nos Céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18, 19-20).

Resta-nos, com os olhos da fé, O procurarmos, pois sua presença nos foi prometida pelo próprio Deus. Promessa infalível, portanto!

É o Espírito que suscita os fundadores

Nos Evangelhos encontramos multidões seguindo o Homem-Deus: “Tenho compaixão deste povo. Já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer” (Mc 8, 2). Qual motivo levou milhares de pessoas a acompanharem Jesus por todo esse tempo sem se preocupar com o que comer ou onde descansar, tal a atração exercida pelo Divino Mestre? De um lado, todos viam n’Ele a suprema perfeição que um ser humano pode alcançar e se sentiam convidados a imitá-Lo, cada um de acordo com o próprio chamado. Isso lhes enchia a alma de consolação. Mas, no convívio com Ele, gozavam também de algum modo das alegrias celestes. Usando a linguagem da época, parecia-lhes estar já “no seio de Abraão”.

Uma vez que Nosso Senhor subiu aos Céus e cessou sua presença física entre nós, como faz a Providência para atender esse legítimo e indispensável anseio de convívio com o Redentor? A resposta nos é dada pelo Pe. Fabio Ciardi, sacerdote dos Oblatos de Maria Imaculada especialista em vida religiosa e novos carismas:

“Por ser somente Cristo a resposta suprema para o homem e para todas as suas necessidades, o Espírito Santo atende na Igreja às diversas necessidades do homem, tal como elas se manifestam ao longo dos séculos, suscitando os fundadores e fazendo deles outros Cristos”. Por isso, conclui um célebre historiador religioso contemporâneo, “podemos dizer que a Igreja é como um majestoso Cristo, explicado, através dos séculos, por meio de diferentes formas de vida religiosa, em cada uma das quais se constata claramente um traço ou um aspecto da vida, do ensinamento e da pessoa de Jesus”.

Imagem visível de Cristo para seus seguidores

O exemplo dos fundadores atrai discípulos para uma via de perfeição específica. A família de almas que os segue se sente identificada com eles por representarem um ou mais dos infinitos aspectos do Divino Salvador que ainda não brilharam suficientemente na História. “Deus, através dos fundadores, quer abrir para sua Igreja uma nova forma de seguir a Jesus Cristo”, esclarece o Pe. Ciardi.

E acrescenta: “Em virtude de seu próprio carisma, o fundador é chamado a inaugurar uma nova via de santidade, a refletir uma faceta do mistério insondável de Cristo e assim conduzir outros a uma plena entrega de si mesmos a Deus”.

Sem jamais ofuscar a paternidade divina, infinitamente superior à de qualquer ser humano, os fundadores escolhidos pelo próprio Deus devem ser uma imagem visível de Cristo para os seus imitadores.

Desta forma, cada fundador representará aspectos de Cristo crucificado e ressurreto perante a humanidade até o fim do mundo. Com tal promessa divina, ninguém poderá julgar ser órfão diante de Pai tão amoroso, que nos acompanha como o fez com os discípulos de Emaús, no momento em que eles mais precisavam…

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 188, agosto 2017. Por Pe. Thiago de Oliveira Geraldo, EP.

 

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