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São Casimiro: Príncipe, jovem e santo

No dia 4 de março, a Igreja celebra a memória de São Casimiro, patrono da Polônia e da Lituânia, filho do rei Casimiro IV da Polônia. Morreu aos 25 anos, depois de ter levado uma vida de grande piedade e austeridade.

Sao Casimiro

Redação (04/03/2024 08:37, Gaudium Press) Casimiro nasceu a 3 de outubro de 1458, no castelo de Wawel, em Cracóvia. Seu pai, Casimiro IV, era rei da Polônia e grão-duque da Lituânia, cabendo-lhe governar como tal um extenso território que se estendia pelo leste quase até Moscou e pelo sul até o Mar Negro. Sua mãe era a arquiduquesa Isabel, filha de Alberto II de Habsburgo, rei dos romanos e soberano da Áustria, Hungria e Boêmia.

Nosso Santo foi o terceiro de 13 filhos. Tanto ele quanto seus irmãos receberam excelente formação, pois, como Isabel via em cada filho um futuro monarca, e em cada filha uma rainha, não poupou esforços na instrução das crianças.

Embora sendo piedosa, educava-os tendo em vista a corte e a vida diplomática, e não a santidade, julgando de forma errada — como muitos fazem, infelizmente, também hoje — que a procura da perfeição está reservada apenas àqueles que se retiram do mundo para levar uma vida religiosa.

Casimiro, pelo contrário, desde tenra idade entendeu que devia ser santo, sem deixar de ser príncipe e isso significava “ser fiel aos desígnios de Deus, mesmo ‘cercado de luxo da corte real e das atrações mundanas’”.

São Casimiro não se recusava a participar da vida social. Mostrava-se amável e alegre nas festas, mas delas se retirava tão logo podia. Não desprezava as finas vestimentas principescas, contudo, por espírito de pobreza, usava uma túnica interior de tecido comum. Sabia-se que seus ricos trajes ocultavam um cilício e que ele fazia muitas outras mortificações.

Adolescente puro, paciente e magnânimo

Dentro da vida palaciana era notável sua extrema generosidade para com os pobres, viúvas, peregrinos, prisioneiros ou anciãos, pois, não se contentando em dar do que era seu, doava até seu próprio tempo em benefício alheio.

Se era magnânimo nas obras de caridade corporais, muito mais o era nas espirituais, admoestando com sabedoria, bondade e paciência os que o circundavam — até mesmo seu pai —, sempre que via algo contundir a verdade ou estar privado da maior perfeição possível. Sabia também perdoar as ofensas que lhe eram feitas, rezar por seus mais próximos e por seus súditos, os quais desejava ver no caminho do bem e ardorosos na Fé.

Seus biógrafos destacam sua exímia pureza, a qual reluzia a ponto de um de seus mestres, Bonaccorsi, chamá-lo de “jovem divinizado”. Praticar com perfeição esta virtude, no corpo e na alma, era a meta de sua vida. Por isso nunca entregou seu coração a qualquer afeto deste mundo e se manteve sempre vigilante para que nada lhe manchasse.

Amor pela oração e pela liturgia

De onde lhe vinham tantas virtudes? De Jesus Crucificado, de quem meditava amiúde a Paixão, e da Santíssima Virgem, a quem dedicava toda a sua vida.

Estando em Cracóvia ou em Vilnius, capital do grão-ducado da Lituânia, viam-no repetidas vezes percorrendo as estações da Via-Sacra, devoção surgida naqueles anos e que tocou profundamente a sua ­alma. Estas meditações o levavam a amar a cruz e o sacrifício, e a desejar dar a vida por Aquele que quis ser escarnecido e Se deixou crucificar por amor à humanidade.

As cerimônias litúrgicas o entusiasmavam e nunca perdia o ensejo de assistir a uma Missa. Nessas ocasiões, ficavam patentes aos olhos dos circunstantes sua piedade e seu ardente amor ao Santíssimo Sacramento.

Quando no Paço Real ninguém sabia onde ele estava, o encontravam em alguma igreja, absorto em oração. Tanto na Polônia quanto na Lituânia, gostava de visitá-las e não titubeava em rezar junto às suas portas, caso as encontrasse fechadas.

Era comum vê-lo, nas mais diversas oportunidades, ajoelhado aos pés de Nossa Senhora, a rezar. Contam que recitava a cada dia o hino “Que a cada dia minha alma cante louvores a Maria”, divulgando-o entre seus súditos. Atraía-o, sobretudo, a esplêndida pureza da Mãe de Deus. Pedia a Ela o dom da sabedoria e a virtude da justiça para saber governar, bem como o espírito de vigilância, a fim de nunca sucumbir como Salomão (cf. I Rs 11, 1-6).

Dois anos como regente da Polônia

No ano de 1481, o rei Casimiro IV, seu pai, precisou transferir sua residência para a Lituânia, deixando-o como regente em Cracóvia.

Por dois anos governou São Casimiro a Polônia, durante os quais não deixou de atender a nenhum dos seus súditos, seja qual fosse a classe social à qual pertenciam. Tanto clérigos quanto nobres ou plebeus sentiam-se bem acolhidos em suas demandas e aplicou-se com tanto bom senso à administração, que conseguiu em pouco tempo estabilizar o tesouro real, cortando os gastos inúteis e afastando dele os aproveitadores.

Jovem de ânimo resoluto e temperante, fazia grandes esforços para manter entre seus vassalos a boa conduta nos negócios do Estado. Para ele a glória de Deus envolvia tudo: desde um simples cálculo algébrico às grandes decisões nas quais estavam em xeque os mais importantes interesses da nação.

E sendo a Polônia um país católico, São Casimiro, enquanto príncipe regente, não pôde deixar de procurar estreitar com afinco as relações com Roma, um tanto negligenciadas por seu pai.

Últimos meses de vida

O peso das responsabilidades e os intensos trabalhos desses anos à frente do governo polonês acabaram por extenuar o santo príncipe. Somavam-se a isso as contínuas mortificações que fazia. Retirou-se com a família, então, para a Lituânia, na primavera de 1483, a fim de recobrar um pouco as energias.

Os últimos seis meses de sua vida, ele os passou entre Vilnius e Trakai, auxiliando o pai na chancelaria do Estado lituano e promovendo a Fé entre o povo. Estando, entretanto, com a saúde comprometida e o organismo extremamente debilitado, foi atacado por uma violenta tuberculose, que consumiu suas últimas forças. Tinha 25 anos de idade e havia guardado intacta sua pureza virginal, mas sua mãe ainda alimentava as esperanças de vê-lo casado com a filha do imperador Frederico III, sem compreender serem outros os desígnios divinos para este varão eleito.

No dia 4 de março de 1484, ele entregou a alma a Deus. Seu corpo foi sepultado no jazigo da família real, na catedral de Vilnius. E apesar da umidade do local, estava inteiro e incorrupto quando foi exumado, 120 anos depois, em 1604. Segundo o relato das testemunhas, dele exalava um agradável odor. Intactas estavam também suas vestes. Sobre seu peito repousava uma cópia do hino mariano que rezava diariamente: “Omni die dic Mariæ”. Belo símbolo de uma santa vida, na qual cada dia foi um hino de louvor à Mãe de Deus!

Conhecido como amável, caridoso e amigo dos pobres, para os lituanos e poloneses São Casimiro é, sobretudo, o protetor de sua Pátria.

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 147, março 2014.

 

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