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Nicarágua: como está a perseguição à Igreja Católica?

Junto aos grandes atos de perseguição do regime contra a Igreja na Nicarágua, há a pequena perseguição, a do dia a dia.

Foto: Parroquia Sagrado Corazón de Jesús Dioce/Granada/ Facebook

Foto: Parroquia Sagrado Corazón de Jesús Dioce/Granada/ Facebook

Redação (23/06/2023 09:30, Gaudium Press) Junto aos grandes atos de perseguição da ditadura contra a Igreja na Nicarágua – como a expulsão e prisão de sacerdotes e bispos, o congelamento de contas bancárias das dioceses e outras do gênero – há também a sutil perseguição, a da vida cotidiana, que também procura minar a vida da Esposa de Cristo nesta nação sofredora. Alguns desses fatos são contados por Rafael Manuel Tovar na agência de notícias Zenit.

Por exemplo, Tovar relata a declaração de um sacerdote, o qual quer permanecer anônimo, que afirma conhecer perfeitamente os policiais à paisana que vão às suas missas para espionar suas homilias e os fiéis que as assistem: eles procuram detectar os críticos do governo de Daniel Ortega.

Contudo, estes policiais não fazem muito esforço para se manterem ocultos, porque tiram fotografias e gravam vídeos sem muita discrição: “Entram no templo vestidos com roupas civis para ouvir e ver se encontram algo estranho, mas saem sempre, como diz o ditado, “com o rabo entre as pernas”. Por que? Porque apelamos sempre à prudência. Não vamos fazer provocações. O que eles tentam é nos provocar para ver nossa reação, para que haja um conflito e, assim, terem algo para nos acusar.”

“Há muita tristeza por parte dos paroquianos; até medo. Eles me perguntam: ‘Padre, até onde vamos chegar?’ Mas sinto que os paroquianos não baixam a guarda”, sublinha este presbítero, acrescentando que, “nestes últimos domingos, tenho visto mais pessoas do que o habitual nas missas que celebro. As três missas dominicais estão cheias e a igreja que presido é bem grande”. É claro que o temor entre os clérigos de que eles possam ser presos é grande, e há também alguns leigos que deixaram de ir às igrejas por medo.

Um fiel contou que o governo proibiu as empresas de prestar serviços aos religiosos porque correm o risco de serem multadas ou terem o alvará de funcionamento cassado: “Há algumas semanas, fizemos uma atividade na igreja e ninguém queria nos alugar ônibus para transportar os participantes”.

Em uma paróquia, foram distribuídas camisetas com mensagens bíblicas para uma atividade. Mas como tinham letras azuis em tecido branco, as autoridades impediram de as usar, porque tinham as cores da bandeira e usar essas cores é punível com prisão.

No entanto, e com prudência, os sacerdotes continuam a ouvir e a acompanhar as pessoas “que sentem que estamos com elas; que alguém as acompanha…”. “A Igreja não será exterminada por nenhum poder humano neste mundo. Digo isso pela fé. Mesmo com seus erros, a igreja permanecerá. E a Nicarágua não será exceção”, ressaltou o sacerdote entrevistado.

Por enquanto, “há muita tristeza nos fiéis, mas eles não baixam a guarda.”

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